Estratégias partidárias e polarização afastam Boldrin das eleições
Cotado para disputar eleições municipais deste ano, o policial militar da reserva, coronel Marcos Boldrin, teve curta permanência no Progressistas, partido do articulador político Rogério Alexandre da Graça.
Entre o anúncio da filiação e o pedido de desfiliação, um intervalo de apenas dez dias. Boldrin pediu para sair pouco após a legenda apontar publicamente seu nome como potencial vice, em dobradinha com o ex-prefeito Abelardo Camarinha (Podemos).
O início do mês foi marcado por definições e realinhamento de forças, também, na Câmara Municipal, indicando a possibilidade de polarização – uma espécie de terceiro turno das eleições de 2016, com governistas e aliados do ex-prefeito em cabo de guerra.
A perspectiva de não haver terceira via competitiva e de ter ingressado e um partido pré-alinhado, teria desagradado o militar. Diplomático, porém, Boldrin enviou comunicado à imprensa, para tentar afastar especulações.
“Quando convidado a participar da vida político-eleitoral, definimos, em comum acordo, alguns princípios irredutíveis, dentre eles: a capacidade de diálogo com todos os pré-candidatos, partidos políticos e grupos, sem quaisquer preconceitos, e; o trabalho em equipe consolidada, com claro e transparente fluxo de informações e deliberações em conjunto”.
Conversas
Após entrar para a reserva da PM, o ex-comandante, que também é arquiteto, passou a ser visto com frequência em eventos sobre políticas públicas na cidade e na região. Naturalmente, começou a ser sondado por vários partidos, sempre mantendo neutralidade em relação aos focos de polarização na cidade.
Reconhecido como exemplo de liderança – ex-comandante do Batalhão e chefe da Comunicação Social da PM no Estado – fez palestra para empresários em megaevento da Associação Comercial e participou ativamente do Codem (Conselho de Desenvolvimento Estratégico de Marília).
Indiretamente, o coronel defendeu a renovação e modernização do “jeito de fazer política” em Marília. A popularidade porém, se manteve discreta, sem controle partidário e apelos à pautas populistas que fizeram outros militares se destacar nos últimos anos.
Especialmente nos últimos meses, Boldrin passou a ser visto por interlocutores como um político potencial e inteligente, ideal para ser aliado (ou vice-perfeito) e também “perigoso” o bastante, devendo, neste caso, ser neutralizado.
O vice-perfeito
O militar não comentou a relação entre a sua saída e declaração do presidente da legenda, mas em sua nota deixou claro que esperava diálogo, ao invés de um “jogo já definido”.
Boldrin foi procurado pelo Marília Notícia, mas reafirmou a nota. Ele desvinculou sua decisão a outras pré-candidaturas e falou em política com ‘P’ maiúsculo.
“Gostaria mesmo de ajudar Marília a encarar o que virá em 2021. O Covid-19 tem grande impacto imediato nas nossas vidas, mas terá grande repercussão no ano que vem, principalmente, nas instituições. A cidade precisará estar unida para enfrentar o que vem pela frente”, opinou.