Projeto sobre servidores municipais faz Câmara de Marília ‘rachar’
A sessão extraordinária da Câmara Municipal de Marília, que não aconteceu por falta de vereadores em número suficiente, mas que teve discursos transmitidos pela TV Câmara nesta terça-feira (31), gerou polêmica. Na manhã desta hoje (1º), três parlamentares entregaram os cargos na mesa diretora.
Evandro Galette (Podemos) João do Bar (PHS) e José Carlos Albuquerque (PRB) apresentaram cartas de renúncia ao presidente da Câmara, Marcos Rezende (PSD) e apontaram suposta quebra de decoro, pela forma como a “sessão” foi conduzida.
Eles e os demais vereadores ausentes foram alvos de Rezende, Cícero do Ceasa (PV) e Professora Daniela (PR), por não comparecerem e – na prática – obstruírem a votação que pretendia decidir a aprovação ou não dos projetos de plano de carreira dos servidores públicos do município.
O vereador Danilo Bigeschi (PSB) atendeu a convocação da sessão extraordinária, mas não se manifestou. Luiz Eduardo Nardi (PR) e Mário Coraíni Jr (PDT) apresentaram atestados médicos. Os demais faltaram e foram, de forma genérica, criticados pelos colegas.
Uso da TV Câmara
A transmissão em vídeo começou por volta das 16h, teve chamada e constatação de falta de quórum, sendo interrompida após quatro minutos.
Quinze minutos depois, cumprindo regimento interno, Rezende reiniciou. “Peço a vereadora professora Daniela que proceda a verificação de presença dos senhores vereadores”, convocou o presidente. Permaneciam os mesmos parlamentares.
Após informes sobre as licenças médicas dos colegas idosos, Marcos Rezende explicou sobre substitutivo a um dos projetos previstos – plano de carreira dos servidores do próprio Legislativo – e abriu a palavra para o vereador Cicero do Ceasa.
A partir daí, durante aproximadamente uma hora, os três vereadores – Rezende, Cícero e Daniela – se alternaram entre comentários sobre plano de carreira, valorização dos servidores e críticas aos colegas que não compareceram para votar.
A “sessão extraordinária” foi encerrada, por falta de quórum, 1h29 minutos depois da primeira chamada, com transmissão das discussões pela TV Câmara e redes sociais.
“O presidente Marcos Rezende usou e deixou usar os microfones da TV Câmara sem nenhuma previsão regimental, incorrendo, in tese, em quebra de decoro parlamentar, bem como minha absoluta incompatibilidade com a forma como a presidência conduz o Parlamento Municipal, por esse motivo entrego minha renúncia (…)”, diz texto padrão apresentado pelos três integrantes da mesa diretora.
Com as atividades do Legislativo suspensas – em função das restrições da quarentena em combate ao Covid-19 – as renúncias têm poucos efeitos práticos, além de evidenciar ruptura política e acirramento das disputas internas na Casa.