Entrevias descumpre prazo e cratera em rodovia segue aberta
A demora da concessionária Entrevias, para recuperar a SP-333 (Rodovia Dona Leonor Mendes de Barros), entre Marília e Júlio Mesquita, onde uma cratera se abriu e um funcionário da própria empresa morreu, está gerando reclamações de moradores que dependem do trecho.
Na época, a empresa que detém concessão e explora o pedágio na rodovia informou estimativa de 30 dias para concluir obra e restabelecer o tráfego. Já se passaram 43 dias – inclusive com semanas de estiagem – e o trecho continua impedido.
Um desvio em terra, à margem do local onde a cratera se abriu, permite a passagem de veículos de pequeno porte. Porém o improviso oferece riscos. Há muita areia e pouco espaço. Caminhões e ônibus não passam.
Prejuízos para moradores, como o comerciante e produtor rural Rócio Pardal, que tem um posto de combustíveis na SP-333 e viu os clientes desaparecerem.
Ele também tem dificuldades logísticas e precisa arcar com aumento de custo quando busca insumos em Marília.
“É um descaso. Entendemos que é uma obra grande, foi um dano considerável que aconteceu ali, mas se tivéssemos várias máquinas, uma equipe grande trabalhando, ainda dávamos um desconto. Fui lá hoje e só tem uma máquina pequena. Não se vê movimento. Não há um esforço de verdade”, disse.
Prejuízo para o produtor, desespero para a professora Ana Priscilla Eugênio, mãe do pequeno Lucas, de dois anos e meio. No dia 12 deste mês – um dia após vencer o prazo mencionado pela concessionária – a criança teve uma crise de laringite aguda e precisou ser transferida às presas de Guarantã para Marília.
“Não chegava nunca no hospital. Até oxigênio usamos na ambulância. A viagem que faríamos em 25 minutos, demorou mais ou menos uma hora. Foi assustador ver meu filho naquela situação e nossa dificuldade para chegar”, conta a professora.
A aposentada Leonidia Pereira Xavier, de 62 anos, mora em Guarantã e precisa vir a Marília para manter sua renda adicional. “Faço bolo para ajudar nas despesas de casa, porque tenho um filho na universidade. Ia para Marília uma vez por semana, comprar ingredientes. Está complicado”, lamenta.
Moradora em Marília, Alessandra Santos tem os pais na zona rural de Guarantã. Ela conta que a população está perplexa com a demora. “A mobilidade está prejudicada. Precisamos de mais atenção da empresa responsável pela concessão”, afirma.
Para Rócio, é difícil mensurar os prejuízos. “Há um isolamento da população, mesmo antes dessa questão do risco de transmissão do Covid-19. Moradores de Júlio Mesquita, de Guarantã, de Álvaro de Carvalho, muita gente nas cidades e no campo, estão sendo prejudicados”, denuncia.
Outro lado
O Marília Notícia entrou em contato com a assessoria de imprensa da empresa Entrevias, mas não recebeu retorno até o fechamento desta reportagem. O espaço continua aberto para manifestação.