Instagram quer combater ‘fake news’ sobre coronavírus
O Instagram anunciou nesta terça, 24, uma série de recursos para enfrentar o coronavírus. As novas ferramentas, divulgadas em uma sessão com jornalistas da qual o Estado foi convidado, incluem formas de combate à disseminação de informações falsas e também maneiras de amenizar o período de distanciamento social atravessado por diferentes países.
Em relação à melhoria de qualidade de informações, o aplicativo colocará no topo das buscas conteúdos criados pela Organização Mundial de Saúde e pelas agências e ministérios de saúde locais. Em alguns países, já havia conteúdo do tipo no topo do feed. Além disso, a companhia adotou outras medidas para conter informações falsas.
Terão também seu alcance reduzido posts e Stories com conteúdo marcado como falso por agências de checagem – assim eles desaparecem da aba Explorar e das páginas de hashtags. Serão removidas também afirmações falsas e teorias conspiratórias sobre o Covid-19 com potencial, segundo autoridades locais, de causar alguma consequência negativa para a comunidade.
Questionado pelo Estado como a plataforma pretende lidar com contas de políticos que espalham informações falsas sobre o coronavírus, Adam Mosseri, presidente do Instagram, disse que vai remover os conteúdos. “Informações falsas danosas às pessoas serão removidas independentemente de quem vier. Isso se aplica a conteúdo orgânico e a anúncios”, disse em conferência com jornalistas de diferentes países. Em relação a personalidade políticas que fazem afirmações de cunho racistas no contexto de coronavírus, a resposta do executivo foi menos incisiva.
“Isso é algo que teremos que trabalhar. Não vimos muito disso, mas se observamos um aumento teremos que pensar no que fazer. Acreditamos que as pessoas têm de ouvir quem elegeram, e eles são responsáveis por isso. No quesito segurança, achamos que informações falsas conectadas à Covid-19 têm um risco imediato de segurança, e isso gera um precedente. Dependendo do que observarmos, teremos que concluir se isso causa um risco imediato. Mas não tenho uma resposta para isso ainda”, afirmou em resposta à reportagem.
A empresa decidiu banir anúncios de produtos que prometem curar ou evitar a contaminação pela Covid-19, além de proibir anúncios que usam a pandemia em contexto de pânico para convencer clientes de que é necessário comprar. Anúncios e conteúdo patrocinado de produtos relacionados à pandemia, como máscaras, também estão banidos.
Contas que violam os itens acima também serão removidas de recomendações. Todas as novidades serão implementadas nos próximos dias, segundo a empresa.
Visualização juntos alguns posts
Para ajudar a enfrentar o momento de isolamento social, o Instagram anunciou um recurso que permitirá que até seis usuários possam visualizar juntos os mesmos posts na rede social enquanto fazem uma transmissão em vídeo.
A nova ferramenta estará disponível na caixa de mensagens diretas, onde já é possível fazer videochamadas. Após fazer a ligação, será possível ativar a visualização de posts – serão mostrados posts curtidos, salvos e sugeridos. Segundo a empresa, o recurso será disponibilizado nos próximos dias no Brasil.
Também entram no pacote o adesivo “Em casa”, que passou a funcionar no último final de semana. Com ele, as pessoas aparecem num Stories com diversos outros usuários mostrando o que estão fazendo durante a quarentena – fora do Brasil, há também um adesivo que permite encontrar e fazer doações a ONGs e instituições trabalhando na crise. Segundo Mosseri, o “Em casa” foi um sucesso imediato. Ele conta que a empresa precisou tirá-lo do ar poucas horas após ser lançado por conta do alto tráfego.
“Estamos percebendo que conforme as regras de quarentena são implementadas, o uso do Instagram vem aumentando. Existem grandes picos durante o anúncio de informações importantes. Acontece, por exemplo, quando políticos fazem pronunciamentos”, falou o executivo.
Durante a conferência, Mosseri quebrou o protocolo para saber qual o atual cenário do Brasil atualmente. “Sei que não poderia fazer isso, mas como estão as coisas por aí?”, perguntou à reportagem. “O Brasil é um país muito importante para a gente e lentamente temos observado um crescimento no uso”, completou.
O executivo acredita que a crise acelerará algumas tendências de uso já vistas na plataforma, como o uso de videos, videochamadas e mensagens privadas, além do crescimento do comércio eletrônico. “O que demoraria três anos agora vai demorar três meses”, falou. Porém, ele demonstrou preocupação quanto ao futuro pós-crise. “Minha preocupação é que pequenos e médios negócios vão quebrar, e muitas pessoas serão demitidas. O impacto econômico será significante e terá vários efeitos. Não sei quanto essa recessão vai durar, mas terá um efeito no longo prazo”, afirmou.