Agricultura familiar vive crise após o fechamento das escolas
Pequenos produtores rurais de Marília, que entregavam alimentos nas escolas públicas por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), estão com legumes, frutas e verduras parados no campo e no ponto de distribuição.
Eles temem por enormes prejuízos e o desafio agora é encontrar alternativas de destinação social à produção agrícola, já que a necessidade de isolamento para conter a Covid-19 resultou no fechamento das unidades de ensino.
Se nada for feito, a comida que pode faltar na mesa de muita gente nas próximas semanas vai acabar indo parar no lixo.
Mensalmente, cerca de 70 famílias do campo distribuem entre R$ 180 mil e R$ 200 mil em alimentos, através do contrato assinado pela Cooperativa de Produtores de Hortifruti de Marília (Coophomar) com a Prefeitura.
A interrupção das entregas traz duas preocupações para os agricultores: assistir ao desperdício e ainda não receber da Prefeitura nos próximos meses – devido à crise econômica anunciada.
O presidente da Coophomar, Elton Aparecido Bitencourt, afirmou que, com as entregas suspensas, a entidade pensou em buscar novos mercados, adiando o fornecimento à Prefeitura. Porém, a solução não é tão fácil.
“Não tem mercados que você consiga entrar assim tão rápido. Além disso, não seria fácil fazer essa recolocação agora, porque as vendas estão caindo em todos os setores, com a maioria dos estabelecimentos fechados”, lamenta.
Conforme relata Bitencourt, na manhã de terça-feira (24) ele conversou com a secretária municipal de Assistência Social.
“Pedi para a secretária Wania Lombardi estudar uma forma de direcionar parte destes alimentos para o Bom Prato, que está oferecendo ‘quentinhas’ a R$ 1. Seria uma forma de ajudar a todos. Outra situação é tentar garantir um auxílio temporário para as famílias cadastradas na agricultura familiar”, disse.
Para ser classificado como unidade rural de agricultura familiar a propriedade tem que ter no máximo um funcionário, limite de oito módulos fiscais do Estado de São Paulo – até cinco alqueires – e a renda de seus componentes tem que ser pelo menos 60% obtida na terra.
Procurada pelo Marília Notícia, a Secretaria de Assistência Social confirma que está sendo analisada a possibilidade de integrar a Cooperativa na rede que será montada para assistência à famílias com dificuldades de alimentação, já nas próximas semanas.