Mariliense comenta filme com sua participação premiado no Oscar
Pelo menos alguns gramas da estatueta de quatro quilos, que premiou na noite deste domingo (9) o longa 1917, na categoria efeitos visuais, podem ser atribuídos ao mariliense Guilherme Marega Luciano Gomes, de 30 anos, que trabalhou na etapa de pós-produção do filme.
Ele falou ao Marília Notícia mais uma vez, agora sobre a experiência de fazer parte de uma obra premiada pela academia mais famosa do cinema.
Ao invés do concorrido tapete vermelho, na noite de gala o jovem conferiu o sucesso da equipe pela telona, em uma das salas de projeção do estúdio onde trabalha, no Canadá.
“Foi muito legal, em primeiro lugar, o filme ter recebido toda essa atenção, ganhando o Bafta (academia britânica), o Globo de Ouro (cinema e TV dos EUA) entre outros prêmios importantes de efeitos visuais. Agora, para fechar, vence em três categorias técnicas do Oscar”, comemorou.
Com o desafio de transmitir ao expectador a experiência em plano-sequência (aparentemente sem cortes) o longa dirigido pelo britânico Sam Mendes definitivamente não é somente mais um filme sobre a Primeira Guerra Mundial.
A película conta a história de um jeito novo e venceu em categorias muito valorizadas por cinéfilos e cineastas. Levou a estatueta em mixagem de som, efeitos visuais e também na aclamada fotografia.
“O trabalho foi específico e muito bem executado nas três áreas. O desafio tanto na mixagem quanto nos efeitos, foi não deixar o público perceber os cortes”, destacou o mariliense, formado pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.
“O som tem muita importância para mexer com a emoção do telespectador, fazer a audiência submergir na situação em que os soldados se encontravam, sentir os passos, as bombas explodindo… A mixagem de som é um grande desafio, não apenas na captação no set, mas também no trabalho de pós-produção”, afirmou ao MN.
A fotografia de 1917 é assinada por Roger Deakins. “Não tenho nem o que falar. Ele é um dos gênios da cinematografia atual. Fico até surpreso ser apenas o segundo Oscar dele. É um trabalho esplêndido. Todos que vêm comentar a respeito do filme comigo, mesmo não entendendo muito, mencionam que a fotografia está maravilhosa”, disse o mariliense.
A arte do imperceptível
Em efeitos visuais, a Academia premiou uma equipe que, conforme Guilherme, realizou o que parecia impossível. “Como fazer a diferença, se não tínhamos um ‘Homem de Ferro’ batendo no peito e sendo envolto numa nanoarmadura, como nos Vingadores? Ou ainda animais perfeitos cantando, como em Rei Leão?”, questionou.
O trabalho do estúdio canadense contratado por Sam Mendes foi focado na imperceptividade. Ele contou que os efeitos visuais de 1917 “não são como a gente está acoturnado a ver nos filmes da Marvel”.
“O trabalho foi focado em manter a noção de plano sequência, através de vários shots em que a câmera está em movimento. Por exemplo, no posicionamento de fumaça da cidade queimando, remoção das gruas que vazaram no set de filmagens, um cabo de segurança amarrado em um ator, substituição facial nas cenas com dublês. O esforço foi para preservar a naturalidade das cenas”, relatou.
Para o mariliense, prevaleceu o conjunto e o trabalho em equipe, mesmo cada grupo técnico atuando em sua área distinta. “Todos pensando a mesma coisa, a mesma visão, o foco para produzir algo que tenha uma mesma forma de se comunicar com o público”, valorizou.
Confira entrevista em que Guilherme Marega falou ao MN sobre sua carreira, a formação em São Paulo, os trabalhos na TV brasileira e a chegada ao Cinema internacional, [clique aqui].