‘Castramóvel’ espera há oito meses para entrar em funcionamento
Anunciado por ativistas e ONGs como conquista da causa animal e apresentado pela Prefeitura de Marília como ferramenta de apoio ao controle de superpopulação de cães e de doenças, o “Castramóvel” de Marília ainda não saiu da garagem.
O custo do veículo aparelhado foi de R$ 128,5 mil, em recursos repassados à Prefeitura de Marília pelo Ministério da Saúde em julho de 2018. Emenda ao orçamento da União havia sido apresentada pelo deputado Ricardo Izar (Progressistas).
A licitação da Prefeitura foi encerrada no final de 2018. O semirreboque de seis metros de comprimento foi montado pela empresa P.C.S.Damasceno & Cia LTDA EPP, com sede no interior do Rio de Janeiro.
A entrega aconteceu em maio do ano passado. Em junho, o CRMV – Conselho Regional de Medicina Veterinária – anunciou que foram feitas duas “vistorias de orientação” à Prefeitura. O resultado foi o pedido de adequações.
Lentidão
Ativista da causa animal, o servidor estadual Atila Colognesi lembra que a reivindicação é antiga e diz não entender a demora em Marília. “Em outras cidades o deputado fez esse mesmo tipo de indicação de emenda parlamentar e o ‘Castramóvel’ já foi ativado. Em Marília emperra”, lamenta.
Conforme declarou – à época das fiscalizações – o secretário municipal do Meio Ambiente e Limpeza Pública, Vanderlei Dolce, o reboque já chegou a Marília equipado com centro cirúrgico, pia e instalação sanitária. Porém, a planta apresentava divergências em relação a normas específicas do CRMV-SP.
O veterinário e conselheiro Fábio Manhoso disse que as alterações tinham como objetivo a “minimização dos riscos cirúrgicos” e defendeu: “O cão ou o gato da pessoa carente tem que ter o atendimento com a mesma qualidade daquele que tem alto poder aquisitivo e paga o serviço particular”.
Em breve
Procurado pelo Marília Notícia nessa quarta-feira (5), Fábio Manhoso disse que conversou com o secretário Vanderlei na segunda-feira e acredita que em breve a unidade estará pronta para utilização.
“É uma questão da Prefeitura, uma ação que eles estão executando. Não fico à vontade para comentar. Não posso avaliar se está demorando ou não”, disse o conselheiro, que não especificou ao MN quais foram os apontamentos feitos à Prefeitura. “São normas vigentes”, resumiu.
Educação
O representante do CRMV alertou porém para a necessidade do que chama de “educação sanitária”. Ele disse que é comum, após um episódio como caso confirmado de Leishmaniose em humanos, aumentar a cobrança por castrações.
“Enquanto não se resolver a questão do lixo, não vai resolver o problema da leishmaniose. É preciso que as pessoas mudem seus hábitos”, disse.
Para o veterinário, as castrações são apenas parte das ações. “Não dá para culpar o prefeito, o governador e ter chiqueiro, galinheiro, dentro da cidade. Acumular folhas secas nos pés das árvores não vai adubar, vai atrair o mosquito-palha, que causa a leishmaniose”, disse.
Manhoso diz ainda que o castramóvel é uma ferramenta, mas jamais será solução. Sequer a castração, na opinião dele, é efetiva em relação a problemas de zoonoses, se a população não fizer a limpeza dos quintais.
Procurada pelo MN, a Prefeitura de Marília informou que “o castramóvel está em processo de implantação e nesse momento atendendo as normas exigidas de adequação do CRMV-SP. A previsão de funcionamento é até março”.