Jornalista conta como foi deixar Marília em emigração para Portugal
Formado em jornalismo na cidade onde viveu por 15 anos, Eduardo Meira deixou Marília há dois anos e meio em busca de uma vida melhor em Portugal. E não se trata se uma história isolada.
Cada vez mais os brasileiros têm procurado chances de emprego no país que foi metrópole do Brasil colônia. Para se ter ideia, em um ano, o número de brasileiros que mora legalmente em Portugal aumentou 43%.
O total de registros oficiais passou de 105.423, em 2018, para 150.854, no ano passado, e os brasileiros já representam um em cada quatro imigrantes no país.
Nessa estatística não estão brasileiros com dupla cidadania de Portugal ou de outro país da União Europeia. Também não aparecem os imigrantes em situação irregular. Os dados foram divulgados pelo Estadão Conteúdo, conveniado ao Marília Notícia.
Eduardo hoje trabalha como técnico especialista em produção de telenovelas, mas já passou por Uber Eats e auxiliar de cozinha. Ele vai para sua terceira novela na TVI Portugal e já fez até mesmo pontas como elenco de apoio.
Eduardo trabalha diretamente com atores muito famosos no Brasil que aceitaram papéis na TV europeia.
Enquanto morou em Marília, Eduardo passou pela Jovem Pan, JP Pompéia, Correio Mariliense, TV Zan, Canal 4 e Rádio Campestre, além de ter comandado seu próprio programa, o Várzea News.
Mudança
“O que me levou a me mudar pra cá foi a qualidade de vida, as oportunidades de emprego, segurança, educação, saúde e o baixo custo de vida. Depois que meu filho nasceu resolvi criá-lo aqui”, comentou Eduardo em entrevista ao Marília Notícia.
Nos três primeiros meses, um primo que vive há 20 anos em Portugal ajudou Eduardo a se estabelecer. No começo foi difícil conseguir uma vaga de emprego e seu lugar para morar, mas com persistência e um pouco de sorte as coisas foram acontecendo.
“Por enquanto, voltar para o Brasil só se for de férias. Hoje estamos estabilizados aqui com meu filho na escola, eu e minha esposa trabalhando”. A criança havia acabado de nascer quando ele resolveu partir. Em pouco tempo, esposa e bebê já estavam juntos dele.
“No Brasil se trabalha muito para pouco salário, fora que tudo é muito caro”, analisou Eduardo. Para ele, as principais diferenças culturais envolvem “educação e o respeito às leis”.
Ele também ponderou que ficar longe da família e amigos não é fácil. “Mudar de país tem que ter muita coragem. Recomeçamos praticamente do zero”.
Sobre a discriminação que alguns imigrantes relatam, Eduardo afirmou que “sempre tem, mas comigo isso nunca aconteceu”.
“O problema é que muitos brasileiros chegam aqui achando que é o Brasil. Mas se enganam”, comentou.
“Pensam que as leis aqui são como o Brasil. Aqui aos feriados em muitas das empresas se trabalha, pagam o dia em dobro, mas muitos desses brasileiros optam por não trabalhar, é ai que acabam perdendo o emprego”.
“Tem também as leis de trânsito”, disse ele, “aqui são muito rigorosos em relação a isso, como, por exemplo, parar o veículo antes da faixa de pedestre quando os mesmos atravessam a rua”.
“Quando chegamos aqui temos que correr atrás da documentação para se conseguir trabalho, não é só chegar e já começar a trabalhar”, detalhou Eduardo. “Tem toda uma burocracia antes. Os despreparados que aqui chegam voltam pra trás por conta disso”.