Ivan, da Ponte, descobre em avião que foi convocado a seleção
Uma das maiores surpresas na relação dos convocados do técnico Tite para a seleção brasileira que fará dois amistosos em setembro, nos Estados Unidos, foi o goleiro Ivan, da Ponte Preta, de apenas 22 anos. Ele tomou conhecimento da sua inesperada presença na lista de chamados para os duelos contra Colômbia e Peru quando estava dentro do avião que levou a sua equipe de Florianópolis até Campinas na manhã desta sexta-feira. Na noite anterior, o time paulista venceu o Figueirense por 1 a 0, na capital catarinense, pela 16ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro.
Após receber a notícia de sua convocação, Ivan primeiro recebeu os parabéns do companheiro Dadá e depois vibrou muito quando o comandante da aeronave anunciou aos passageiros sobre a sua convocação. “Parecia brincadeira. Nem acreditei. Uma emoção incrível. Mas logo começaram a chegar mensagens no meu celular e daí eu realmente acreditei na história”, afirmou.
Ao descer do ônibus na frente do estádio Moisés Lucarelli, após o almoço ele mostrava um sorriso de orelha a orelha. E participou depois de uma coletiva, sem esconder a emoção de chegar tão alto em tão pouco tempo de carreira. “Tudo foi muito rápido na minha vida. Com 20 anos já jogava no time da Ponte e agora com 22 anos chego na seleção. É um salto grande, mas encaro tudo com muito consciência, sabendo que é uma chance que muitos goleiros gostariam de ter. Então tenho que dar o máximo para corresponder”, ressaltou.
Depois de uma rápida com os jornalistas, Ivan seguiu para Piracicaba, onde prometia comemorar com sua família a sua convocação. Em 90 jogos como titular da Ponte Preta, ele sofreu 75 gols, com média de 0,72 por jogo. E ficou sem ser vazado em 44 partidas, praticamente metade dos jogos em que atuou. Confira como foi a entrevista coletiva com o jogador:
Foi uma surpresa a sua convocação?
Na verdade eu esperava ser chamado para a seleção olímpica, porque acabei indo bem lá em Toulon (o Brasil foi campeão de torneio amistoso neste ano na cidade francesa e ele defendeu o pênalti decisivo na final). Tudo foi uma grande surpresa porque em momento nenhum passou pela minha cabeça de acontecer algo assim. É um sonho que, se pudesse, não queria acordar nunca mais .. De repente, passou um filme rápido na minha cabeça de tudo que eu vivi, de todo trabalho que tive e a recompensa agora desta convocação. É algo fantástico.
Quando você soube da sua convocação de Tite?
Soube quando a gente estava embarcando lá em Florianópolis para Campinas. Fiquei espantado e surpreso. Mesmo porque eu estava na expectativa de ser chamado para a seleção olímpica. Jogar na seleção é o sonho de qualquer criança. A ficha ainda não caiu. Vamos ver depois que chegar em casa, tomar um banho e dar uma relaxada, talvez, eu possa sentir mais esta chance que o Tite me está dando no time principal.
Em quais goleiros você se inspira?
Os goleiros que eu cresci vendo jogar e sempre me foram referência são o Marcos, o Rogério Ceni e o Dida. Estes eu vi jogar, mas já ouvi falar de outros grandes goleiros. Mas foram nestes que sempre me espelhei e tentei me aperfeiçoar. São meus ídolos e têm todo respeito pelo Brasil e mundo afora.
Qual a sensação de treinar com os goleiros melhores do Brasil?
Para mim cada treino vai ser como encarar uma final de Copa do Mundo. Quero aproveitar cada momento que vou ter com os outros goleiros, mais experientes. Vai ser matar um leão por dia. Tanto o Éderson, que só vi pela televisão, como o Weverton, com que já enfrentei algumas vezes, são grandes goleiros, assim eu espero aproveitar ao máximo para aprender com eles. Será uma chance única. Sei que vou como terceira opção, mas vai ser uma honra trabalhar com este grupo.
Você acha que já marcou sua história na Ponte Preta?
Ainda é muito cedo para falar isso porque eu precisaria de uma grande conquista. Nós planejamos agora o acesso e, quem sabe, o título do Campeonato Brasileiro da Série B.
Quem você agradece por chegar tão longe e tão cedo?
Além de ter fé em Deus eu sempre contei com o amparo de toda a minha família. Na Ponte Preta eu contei sempre com apoio de todos os companheiros, dos dirigentes e do staff todo. Posso me considerar um privilegiado porque a Ponte Preta é uma vitrine nacional. Como estou jogando há dois anos como titular, então estou sendo visto. Quem não é visto não aparece. Agradeço também os meus dois treinadores. O atual, que é o Betão, e o anterior, que é o André Dias, e que ficou comigo durante três anos.
Quais são seus planos para o futuro?
Continuo focado aqui no meu trabalho aqui na Ponte Preta, na qual cheguei com 17 anos e logo subi para treinar com os profissionais. Sou titular há apenas duas temporadas e sei que preciso evoluir em todos os aspectos, tanto físico, como tático e, principalmente, com a experiência que a gente só consegue com os jogos.
Mas o que vai fazer depois da Ponte Preta?
Jogar num grande clube ou mesmo ter uma chance no exterior, onde estão grandes goleiros inclusive brasileiros como o Alisson (do Liverpool). Mas até agora só ouvir especulações e não soube nada oficialmente. Estou bem tranquilo e ciente de que preciso aproveitar meu momento aqui no clube e esta chance única de aprendizagem na seleção.