A falta de tato em ‘homenagem’ às vítimas de Brumadinho
Uma tentativa de ‘homenagem’ às vítimas do rompimento da barragem em Brumadinho (MG), feita por uma academia de exercícios físicos localizada no bairro Boa Vista, em Marília, me incomodou muito neste sábado pela total falta de noção e desinformação.
Não sei exatamente quando aconteceu a ‘homenagem’, mas vou tentar explicar para vocês a minha visão. Estou navegando pelo meu Instagram pessoal quando vejo a foto do WOD – sigla em inglês para workout of the day, que significa basicamente o treino do dia.
Achei que não tinha entendido direito, mas uma amiga em comum viu a mesma coisa e comentou comigo um pouco depois.
No WOD intitulado Brumadinho, escrito em uma lousa, cada tipo de exercício que devia ser feito representa supostamente uma ação ou fato da tragédia.
Para piorar, esses fatos não tem nenhuma relação com o rompimento da barragem. O ‘gênio’ que escreveu aquilo provavelmente se confundiu e estava se referindo a outra tragédia também de Minas, quando uma um creche foi incendiada por um vigia e matou 14 pessoas, a maioria crianças, na cidade de Janaúba.
Um dos exercícios se dizia representar “a dor das queimaduras”. Gente, pelo amor de Deus! Quem é sã consciência acha isso algo louvável ou solidário? Comparar um exercício físico com mortes, sério mesmo?
Eu consigo entender que a intenção foi boa, por isso não cabe aqui expor a empresa, mas mesmo assim, a execução da ‘homenagem’ foi péssima, para não dizer outra coisa.
Na última semana, uma outra campanha de solidariedade foi duramente criticada pelos internautas nas redes sociais. O ensaio fotográfico feito pela empresa Jendayi Cosméticos mostra três modelos, entre eles uma criança, cobertos de lama, chorando e enrolados com a bandeira do Brasil. A repercussão foi muito negativa em todo país.
Falta de tato pode prejudicar e muito nos negócios, além de obviamente mostrar que os responsáveis pelas ideias ‘brilhantes’ precisam repensar o modo como encaram o mundo diante dos seus olhos.
Erraram feio nessa. Um pouquinho mais de noção não faz mal.