Acessibilidade é desafio para deficientes e idosos em Marília
Calçadas em condições precárias, falta de guias rebaixadas, inadequação de lojas e restaurantes, e falta de acessibilidade em prédios comerciais e públicos, são algumas dificuldades enfrentadas pelos portadores de deficiência física e idosos em Marília.
Essa é a realidade vivenciada em toda cidade, sobretudo na região central onde ruas e calçadas são estreitas e a falta de guias rebaixadas prejudica a locomoção de pessoas com a mobilidade reduzida.
Conforme o Marília Notícia apurou, a cidade apresenta uma estimativa de 54,5 mil pessoas com alguma deficiência, seja ela motora, visual ou auditiva.
O percentual é de 23% em relação aos 237.130 mil habitantes estimados no censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado em 2018.
Em Marília, o índice de deficientes motores é significativo, pelo menos 1.119 pessoas declararam que não conseguem se locomover e outras 4.958 apresentam grande dificuldade.
O número também é expressivo em relação aos deficientes visuais, cerca de 770 pessoas são cegas e outras 5.964 tem grande dificuldade para enxergar.
As dificuldades de locomoção na cidade também são compartilhadas por idosos, pois um dos efeitos naturais é a perda da força muscular ocasionada pelo envelhecimento.
Uma ação simples para a maioria das pessoas, como usar o transporte público ou pagar uma conta, torna-se um desafio pela falta de acessibilidade.
É comum registrar idosos em pé em filas de agências bancárias, lotéricas e serviços de saúde. A falta de acessibilidade eventualmente também ocasiona quedas de idosos, em muitos casos o quadro de saúde é agravado pela fragilidade das vítimas, podendo ser fatal.
O cuidador de idosos, Gustavo Henrique Spadotto Guerra, afirma que é comum ter que mudar a rota por não haver condições de transitar com a cadeira de rodas em muitas calçadas da cidade.
“As calçadas e guias rebaixas têm muitos buracos, pedras e poças de água, o que impede de transitar. Muitas calçadas não são planas e tem declives que prejudicam a mobilidade. As vezes tenho que andar na rua com o cadeirante porque não tem como passar pela calçada. Acabo mudando a rota e andando mais. Eu imagino que deve ser ainda mais complicado para o cadeirante que circula sozinho pela cidade”, lamentou o cuidador.
Para João Bonini, diretor da Associação de Apoio ao Deficiente de Marília (AADM), as ações de acessibilidade desenvolvidas são realizadas, em maioria, por pessoas que não conhecem a realidade do deficiente.
“A maioria dos prédios públicos não são adequados, principalmente as escolas. O que acarreta sérios problemas para cadeirantes. É comum escolas com mais de um andar não possuir rampas ou elevador, o que impede o acesso ao deficiente”, explica.
“Em relação as guias, mesmo as rebaixadas, que não são muitas, elas apresentam problemas. Muitos cadeirantes alegam que não conseguem subir nas calçadas. E tem o descaso das pessoas sem deficiência utilizarem as vagas destinadas para deficientes nos estabelecimentos comercias e prédios públicos”, denuncia o diretor.
A Prefeitura
O MN questionou a Emdurb (Empresa Municipal de Mobilidade Urbana) de Marília sobre os problemas denunciados nessa reportagem. O órgão municipal destacou que obras de acessibilidade estão no planejamento da Pasta.
“Todos os novos loteamentos aprovados da cidade, hoje são obrigados a executarem as rampas nas esquinas. Atualmente está em processo de elaboração do projeto para posterior licitação visando a implantação de diversas rampas no centro da cidade. Também está para ser enviada a câmara, o projeto que trata sobre a construção, manutenção e conservação das calçadas do município, com o objetivo de disciplinar a execução de calçadas na cidade”, notificou.