Uniformes são entregues com cor do PSDB e investigação do MP
Praticamente no fim do ano letivo, o prefeito Daniel Alonso (PSDB) finalmente anunciou a entrega dos uniformes dos alunos da rede municipal de ensino, em cerimônia com diretoras de escolas na tarde de quinta-feira (4). Ele reconheceu a demora e pediu desculpas.
A cor das roupas foi mudada para o azul, a mesma do partido no governo. Ao mesmo tempo o Ministério Público investiga a licitação de compra após uma série de reportagens do Marília Notícia. Uma delas se baseou em denúncias feitas pelo ex-secretário da Educação, Beto Cavallari.
Junto com os uniformes também foi lançado um informativo impresso semestral da Prefeitura. A manchete da primeira edição é justamente sobre a entrega das vestimentas escolares (que pela primeira vez vai incluir tênis e meia), o kit escolar com materiais didático e mochila mais estojo.
O atraso na entrega para os alunos, na verdade, envolveu todos esses itens. Matérias veiculadas pelo MN mostraram a dificuldade, principalmente das famílias mais carentes, em ter acesso aos itens básicos para uma educação mínima.
Os alunos não receberam uniformes de frio nem em 2018, nem em 2017. O uniforme de calor foi entregue pela última vez no começo do ano passado e havia sido comprado pela gestão anterior.
Agora, as crianças das escolas municipais receberão apenas uma camiseta e um shorts (ou shorts-saia no caso das meninas), nada mais.
Outro conjunto será entregue somente no começo de 2019, isso porque o município ganha pontos no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e com o Tribunal de Contas do Estado quando distribui uniformes escolares nos primeiros meses do ano, como Daniel Alonso reconheceu publicamente.
Valores e unidades divulgadas no Diário Oficial do município mostram que a Prefeitura deve pagar R$ 6,3 milhões por 275 mil itens, que envolvem camisetas sem manga, manga curta, manga longa, shorts de dois tipos, shorts-saia, calça e jaqueta.
Pacote de bondades/eleição
Outro fato que chama a atenção, é o anúncio da entrega às vésperas da eleição, em que a filha do prefeito, Dani Alonso (PR), disputa como candidata a deputada estadual.
Ainda nesta semana, no anúncio de outras medidas do recente “pacote de bondades” do prefeito, sobre a criação de auxílio-saúde para pensionistas e aposentados da administração municipal e uma cesta natalina em dezembro, ele negou estar agindo de forma eleitoreira.
O questionamento foi feito pela reportagem do MN, que perguntou se as medidas não podiam ser encaradas como forma do chefe do Executivo recuperar parte de sua popularidade com o eleitorado mariliense em prol de Dani Alonso.
Daniel Alonso
Após o anúncio dos uniformes, Daniel Alonso conversou novamente com a reportagem. Desta vez, ele falou sobre as denúncias feitas pelo ex-secretário e da determinação de abertura de inquérito civil público para investigar a licitação.
Em publicação no Facebook, Beto Cavallari disse que as licitações para compra de uniforme e kit escolar não vinha acontecendo devido a interferência de “forças estranhas” dentro da administração Daniel Alonso.
“Bom, quanto mais transparência, quanto mais fiscalização, houver, seja da população organizada, da ouvidoria que nós já temos que é a Matra [Marília Transparente], da imprensa, do próprio Ministério Público, melhor”, respondeu Alonso.
“O que pauta toda a minha vida é transparência, então, quanto a isso, excelente. E, não tenho dúvida, que a apuração [do MP] vai deixar claro que o secretário anterior foi muito moroso na questão do processo licitatório dos uniformes. Um dos motivos dele ser exonerado foi esse, a morosidade em fazer as coisas. A máquina já é lenta por natureza, já é burocrática, então uma coisa que cobro todo os dias dos meus secretários, é dar celeridade nas coisas”.