Simpósio coloca profissionais de Comunicação e Saúde para conversar
Com o provocativo tema “Saúde e Comunicação – O suicídio e a notícia: qual é o papel da imprensa?”, encontro promovido pela Secretaria Municipal da Saúde de Marília nesta terça-feira (4) à noite, na APM (Associação Paulista de Medicina), colocou para conversar profissionais de saúde, de comunicação e voluntários. A conclusão é que o tabu precisa cair. De forma adequada e com sensibilidade, o assunto precisa ganhar a mídia, incluindo as redes sociais.
Experiências, pesquisas e impressões sobre o suicídio foram apresentadas pela jornalista Tânia Guerra (TV Record), pelo voluntário Luiz Antônio Ramos (coordenador do CVV – Centro de Valorização da Vida em Bauru) e do psiquiatra Klyll Carneiro, do Caps-i (Centro de Atenção Psicossocial Infantil).
“A cada 40 segundos, no mundo, uma pessoa tira a própria vida. No Brasil, enquanto assistimos ao primeiro tempo de uma partida de futebol, uma pessoa já se foi. No segundo tempo, perdemos mais um. Se tiver prorrogação e pênaltis, a partida acaba com três mortes. E o que fizemos?”, provocou Luiz Antônio.
Tânia afirmou que o suicídio, por uma espécie de convenção profissional extraoficial, não é tema na chamada grande imprensa, mas já está sendo abordado fartamente (nem sempre da forma correta) nas redes sociais.
“Acho que isso tende a não mudar, mas a mídia tradicional precisaria falar desse assunto. Não para noticiar casos de quem morreu ou quem tentou morrer, mas para contribuir, para alertar, chamar atenção à prevenção e para as entidades, como o CVV, que fazem um trabalho de valorização da vida”, disse Tânia.
O médico Kllyl Carneiro afirmou que em Marília vê mudança no perfil das pessoas que tiram a própria vida. Se antes os homens e os idosos eram mais efetivos, por escolherem meios mais letais, essa realidade está mudando aos poucos e tem havido o que ele chama de “infantilização” e “feminilização” no perfil, impondo novos desafios.
Profissionais de saúde de várias instituições, como a Faculdade de Medicina de Marília/Hospital das Clínicas, Sistema Prisional, rede básica de saúde, entre outras, participaram. Influenciadores digitais, pessoas que trabalham na área de marketing, imprensa em geral, contribuíram com perguntas e interações durante o encontro.
A conversa aconteceu no auditório da APM (Associação Paulista de Medicina). A secretaria da Saúde do município informou que, diante do sucesso e auditório lotado, pretende fazer novos simpósios de comunicação e saúde, com outros temas da atualidade.
LIGUE E INDIQUE O CVV
Sem preconceitos, com total anonimato e respeito, o CVV atende por telefone (188, ligação gratuita) pessoas que necessitam de apoio emocional. O serviço é mantido por uma rede de cerca de dois mil voluntários no país e tem parceria com o Ministério da Saúde, com atendimento em todo território nacional.
Em Marília, é possível ter ajuda presencial nos Caps (Centro de Atenção Psicossocial) unidade Com-Viver (3451-4028) Infantil Catavento (3451-1660) e AD – Álcool e outras drogas (3433-8606). Há assistência também nas unidades de Saúde do município.