Presença de presos em jogos escolares causa polêmica em Marília
A presença de detentos do regime semiaberto da Penitenciária de Marília no ginásio Neusa Galetti, na zona Oeste da cidade, causou polêmica durante esta semana. No local está sendo disputada uma competição esportiva entre estudantes da Etec Antônio Devisate.
Os detentos que trabalham para a Prefeitura de Marília estariam assistindo os jogos sem nenhuma escolta ou segurança na avenida Santo Antônio.
Conforme a denúncia recebida pelo Marília Notícia, alguns estudantes – não todos – ficaram intimidados com a presença dos presos, principalmente as meninas que disputam o campeonato.
O fato de supostamente não ter nenhuma escolta ou segurança entre presos e estudantes também provocou alarde nos pais e responsáveis.
“Tudo bem que são reeducandos, só que não deixa de ser bandido ainda. É uma situação desconfortável”, disse o denunciante, que prefere não se identificar com medo de represálias.
O local é onde os detentos do semiaberto se alimentam e tem momentos de descanso do trabalho prestado. Cerca de 150 presos do semiaberto realizam serviços de pintura, poda de árvore e reforma em geral para todas as secretarias do município.
Os envolvidos foram alvos de críticas por não terem programado a transferência do local de alimentação dos presos do semiaberto durante a competição esportiva.
Em decorrência do tempo de chuva desta semana, eles estariam ociosos e acompanhando partidas de futsal masculino e vôlei feminino do torneio da escola técnica.
O contrato de trabalho estabelece que a responsabilidade do transporte dos detentos, assim como a alimentação, é da Prefeitura.
Coordenador da Etec rebate e fala em preconceito
Para o Daniel Simões, coordenador da Etec, não ocorreu nenhum problema na competição.
“O pessoal está assistindo e não teve nenhum problema. É um lugar público, qualquer um pode ocupar. Se os pais estão incomodados eles devem entrar em contato com os coordenadores e direção da Etec”, afirmou.
Para Simões, é necessário cautela com as denúncias. “A pessoa cometeu um erro na vida, mas não significa que ela não possa mudar o comportamento. Eles estão pagando pelo crime que cometeram, portanto, podem assistir o interclasse normalmente”.
“Os reeducandos estão pintando guias e sarjetas da cidade, prestando um serviço para a população. Quem vê isso como um problema pode estar sendo preconceituoso”, complementa.
De acordo com o professor, os reeducandos já tiveram contato com a Etec em 2016. “Não é a primeira vez que existiu esse contato. Em 2016 eles pintaram o prédio da Etec. Quem está enxergando algum problema está convidado para assistir a competição, a final acontece nesta sexta-feira (10), sem nenhum problema”, convidou Daniel Simões.
O Marília Notícia encaminhou uma demanda para a Prefeitura de Marília questionando sobre as medidas de segurança adotadas durante o período de trabalho dos presos do semiaberto.
“A Prefeitura de Marília por meio da Secretaria de Esporte Lazer e Juventude, informa que cedeu a pedido da Etec Antônio Devisate o ginásio de esportes para a disputa de um campeonato inter classes. Com relação aos detentos do semiaberto a prefeitura esclarece que eles só ficam no local no período do almoço e sob a vigilância de um servidor da prefeitura e um Agente Penitenciário, em nenhum momento ficam sozinhos. Até o momento não foi registrado nenhum tipo de ocorrência ou reclamação por parte dos participantes da competição e da direção da Etec”.