Daniel apresenta contraproposta para instalação do AME
“Acreditar nos Camarinhas é que nem acreditar que galinha cria dente”. A afirmação foi feita pelo prefeito Daniel Alonso (PSDB) em coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (24) no paço municipal.
O chefe do Executivo local chamou os veículos de comunicação para explicar seu ponto de vista sobre a vinda do Ambulatório Médico de Especialidades (AME) para Marília e assinar ofícios com contraproposta a pedido do Estado.
O assunto tem gerado polêmica desde sexta-feira (20), quando o deputado estadual Abelardo Camarinha (PSB) e seu filho, o ex-prefeito Vinícius Camarinha (PSB), estiveram em reunião com Daniel sobre o tema.
Os Camarinhas afirmam que o governador Márcio França (PSB), de quem são muito próximos, garantiu a instalação do AME no município – uma antiga demanda local – ainda em 2018.
A condição apresentada por eles, porém, é que Prefeitura ceda um prédio público. Não qualquer prédio, mas um específico, o Bloco 10, que era da Unimar e passou a ser propriedade do município há alguns anos.
Na companhia dos Camarinhas também esteve presente na reunião representante do DRS (Departamento Regional de Saúde), que apresentou a solicitação oficial do prédio ao município.
“O Estado identificou como o único prédio para instalação desta unidade de saúde, um prédio da Prefeitura. Fomos pedir esse prédio, que está em desuso, abandonado” disse Vinícius em entrevista ao Marília Notícia ainda na semana passada.
O atual prefeito alega que o prédio reivindicado, o Bloco 10, já está destinado a abrigar empresas da primeira etapa do Parque Tecnológico, em instalação na cidade.
“São 200 empresas interessadas, segundo a Asserti”, diz o prefeito, citando a Associação de Empresas de Serviços de Tecnologia da Informação.
Ainda assim, Daniel garante que se não houver alternativa, e baseado “em argumentos técnicos e não políticos”, pode concordar em ceder o espaço. “Depois de esgotadas todas as alternativas”.
Contraproposta
Em 2017 chegou a ser cogitada a venda do Bloco 10 para ajudar a reduzir as dívidas do Ipremm (Instituto de Previdência do Município de Marília).
Em seu gabinete, o prefeito Daniel Alonso assinou durante coletiva de imprensa três ofícios, como resposta ao pedido da DRS, onde apresenta algumas alternativas ao Bloco 10 e convida as equipes técnicas do Estado para vistorias no locais.
Entre a sugestões apresentadas está o prédio do antigo Centro de Formação e Aperfeiçoamento do magistério (Cefam), na Vila Jardim, zona Oeste.
O imóvel está abandonado e já é de propriedade do Estado. O local foi palco de um homicídio no último mês de dezembro.
“Temos que trazer as coisas do Estado para cá, não entregar as nossas”, afirmou Daniel aos veículos que participaram da entrevista.
No documento assinado nesta terça o prefeito afirma que formalizou um pedido ao ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) em 2017 solicitando um AME Cirúrgico.
“O projeto inicial”, diz o prefeito, “tinha como local de implantação o prédio onde abrigava o antigo Cefam”.
Por outro lado, a administração municipal também colocou à disposição do Estado para implantação do AME outros prédios do município no lugar do Bloco 10.
As construções sugeridas ficam na avenida Castro Alves, na avenida das Indústrias, na avenida Gonçalves Dias e na rua Joaquim de Abreu Sampaio Vidal.
Críticas
O prefeito Daniel afirmou em diversos momentos durante a coletiva de imprensa desconfiar do interesse dos Camarinhas por trás da reivindicação específica do Bloco 10.
Ele afirma que nenhum gestor pode ceder qualquer imóvel público dentro do atual período eleitoral, sob risco de ser processado por improbidade administrativa.
Outro fato que chamou a atenção da equipe de Daniel, é sobre a promessa dos Camarinhas de que o governador Márcio França poderia instalar ainda em 2018 o AME na cidade.
“Em consulta realizada no orçamento do Estado de São Paulo não foi localizada dotação orçamentário para construção do AME na cidade de Marília no ano de 2018”, afirma o ofício de Daniel ao Estado.
O prefeito disse em entrevista que recebeu uma espécie de xeque-mate: “Ou você dá o Bloco 10, ou nunca mais Marília vai ter o AME. Foi isso que os Camarinhas me disseram”.
Daniel alega que um gestor não pode tomar decisões envolvendo administração com pressa, sem análise e reflexão, “no fim da tarde de uma sexta-feira”.