Subir no palanque de Meirelles seria uma ‘condenação’, diz Renan
Após visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sede da Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, onde o petista está preso após condenação na Operação Lava Jato, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou nesta terça-feira, 17, que o presidenciável de seu partido, Henrique Meirelles, não é originário do MDB e que subir no palanque dele seria uma “condenação”. “Ele é originário da JBS, é o candidato do sistema financeiro”, declarou o senador alagoano.
Renan, que declara apoio a Lula, chamou a candidatura de Meirelles de “fantasiosa e enganosa”. Segundo ele, o ex-ministro da Fazenda seria um bom candidato à presidência do Banco de Boston e da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), mas jamais ao posto de Presidente da República.
O senador alagoano afirmou que espera que o partido decida em convenção contra a candidatura própria do MDB. “O Meirelles está tentando ser o anticandidato, mas o anticandidato contra as pessoas que querem fazer certo pelo Brasil. O MDB não pode dar a legenda para ele, ele tem 1% (das intenções de voto), isso vai dificultar o desempenho do partido em todos os Estados”, declarou.
Citando seu filho, o governador do Alagoas, Renan Filho (MDB), o senador afirmou que subir no palanque do ex-ministro como candidato à Presidência seria uma “condenação”. “O sonho do consumo do MDB é ter um candidato competitivo que agregue nos Estados, que some onde chegar”, disse, afirmando que Meirelles não seria o nome do partido nesse sentido.
“Estou há muito tempo no MDB. Nunca cruzei com o Meirelles nos corredores do partido, não sei onde ele estava nos momentos mais dramáticos da nossa democracia, então não dá para aceitar essa importação, nós não somos um centro de inseminação in vitro, o MDB é um partido que quer se reconstruir e se reinventar”, finalizou.
Calheiros integrou a comitiva do Senado que vistoriou as dependências do prédio PF em Curitiba, onde Lula está preso desde abril por conta do processo envolvendo o triplex no Guarujá (SP). Faziam parte do grupo ainda os senadores Edison Lobão (MDB-MA), Jorge Viana (PT-AC), Roberto Requião (MDB-PR), Otto Alencar (PSD-BA), e Armando Monteiro (PTB-PE).
Os políticos, que integram a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, vistoriaram as celas e puderam conversar com Lula. Também se encontraram com outros presos da Lava Jato que estão no prédio da PF em Curitiba, como o ex-ministro Antonio Palocci e o ex-diretor de serviços da Petrobras Renato Duque. Eles relataram que os presos estão bem e que as condições da prisão “são adequadas”. Em abril, logo depois da prisão de Lula, integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Casa já haviam visitado as dependências da PF.
“Visitamos todos eles nas celas, e quanto ao ex-presidente Lula, ele não quer nenhum tipo de concessão, mas um julgamento justo”, declarou Viana, autor do requerimento para a visita.