João Doria visita Marília e fala sobre propostas para cidade e região
Cuidar de estradas, privatizar o aeroporto local e criar um ambulatório médico de especialidades foram citados pelo pré-candidato ao Estado de São Paulo João Doria (PSDB) como resposta a questionamento do Marília Notícia sobre propostas concretas para Marília e Região.
Doria, que deixou a prefeitura de São Paulo depois de 15 meses de governo para tentar alçar voos mais altos, deu uma pequena coletiva de imprensa durante sua passagem por Marília na sexta-feira (15). Ele falou um pouco de suas ideias “desestatizantes”.
Seu plano de governo deve ser divulgado junto com a confirmação da candidatura. Dória foi bastante cortejado durante todo o dia e visitou alguns lugares na cidade, como a fábrica da Nestlé.
Diversas autoridades, além dos tucanos locais, acompanharam o pré-candidato ao Executivo paulista, como o ministro de Ciência e Tecnologia Gilberto Kassab (PSD), o deputado federal Walter Ihoshi (PSD) e o presidente da Assembleia Legislativa Cauê Macris (PSDB).
Propostas
Apesar da oportunidade, o pré-candidato não se aprofundou em suas propostas para Marília na coletiva de imprensa, nem mesmo em seguida, quando fez uma apresentação de quase 40 minutos para um auditório lotado na Unimar, onde contou sua história e dramas de vida. Apesar disso, ele sintetizou algumas ideias.
“São vários os projetos [para Marília]. Nós temos que avaliar as estradas vicinais, as duas estradas vicinais que cortam Marília, estamos avaliando inclusive PPPs (Parcerias Público Privadas) para as estradas vicinais”, disse Dória após questionamento do MN.
No entanto, ele parece ter confundido estradas vicinais com as importantes estradas estaduais que de fato cortam a cidade: a SP-294 e SP-333.
O objetivo de tais PPPs seriam “ampliação, melhoria da segurança, colocação de câmeras de segurança, sinalização de piso, sinalização aérea e os próprios sistemas de segurança”.
Aeroporto
Em seguida, o pré-candidato garantiu que, se eleito governador, entregará o Aeroporto Estadual de Marília Frank Miloye Milenkovich para a iniciativa privada.
“O setor público não vai fazer investimentos porque há potencial, [o aeroporto] já atende linhas regionais, já tem fluxo suficiente para que o terminal seja privatizado e colocado sob administração privada”.
É importante lembrar que no final de maio a Prefeitura de Marília anunciou que uma comitiva, composta inclusive pelo prefeito Daniel Alonso (PSDB), conseguiu na Agência Nacional da Aviação Civil investimento de R$ 20 milhões para reforma do aeroporto a partir de 2021.
O projeto já confirmado prevê um novo terminal de embarque, que passaria dos atuais 572 metros quadrados para 3,5 mil metros quadrados; um novo pátio para estacionamento das aeronaves com 23,1 mil metros quadrados; pista de pouso recapeada e novo terminal de embarque com estacionamento para 300 veículos.
Não se sabe como ficaria a reforma caso uma privatização seja feita. Além disso, é preciso analisar se de fato a iniciativa privada se interessaria pelo aeroporto local, já que o histórico é de redução dos voos chegando e partindo da cidade. Doria não mencionou pesquisas ou levantamentos sobre o tema.
Saúde
Outra proposta de Doria para Marília é, na verdade, uma promessa antiga para a cidade. “Um ambulatório especializado deve ser implantado aqui com apoio do Governo [do Estado] para as especialidades”.
De acordo com ele, “outras áreas estão bem atendidas, mas a ampliação do hospital que atende aqui na cidade pode ser considerada dentro dessas prioridades”.
Empreendedorismo
Depois de falar sobre saúde, o pré-candidato engatou que também focará na “valorização do empreendedorismo”, uma bandeira que lhe é muito cara – antes de virar político Dória já era um empresário de sucesso.
“Marília é uma cidade jovem. É uma cidade onde esses jovens podem e devem ter direito à atividade empreendedora, além da própria oportunidade de emprego”.
Para isso, ele diz que, caso eleito governador, buscará programas com o Sebrae e universidades “para valorizar o empreendedorismo e apoiar através do microcrédito aquele que quer ser empreendedor, ser dono de seu próprio negócio. Estas são algumas das ideias preliminares aqui para Marília e Região”.
Educação
Durante a coletiva, uma jornalista de outro veículo de comunicação perguntou a Doria sobre Educação, que segundo ela “sempre foi um problema do governo Alckmin”, correligionário tucano.
“Permita-me fazer uma pequena discordância: [Educação] sempre foi dada como prioridade no governo Alckmin”, respondeu o pré-candidato que pode ser classificado como a continuação do legado tucano.
“Evidente que na dimensão da educação, São Paulo tem a maior rede de educação da América Latina, uma das maiores do mundo. Então é evidente que você tem boa performance e alguns problemas também. É preciso ressaltar o que de bom foi feito e preservar, e [por outro lado] corrigir as falhas e deficiências”.
O visitante também afirma que Educação é prioridade e dará apoio aos professores. “É impossível você dar boa educação sem preparar, apoiar e remunerar adequadamente os professores e gestores das escolas”. Mas não foram dadas soluções práticas.
Doria também afirmou que em sua abreviada passagem pela Prefeitura da capital paulista diminuiu “o déficit da pré-escola depois de 12 anos”. A educação infantil é de responsabilidade dos municípios. “Isso pode ser feito em outras regiões do país”.
Uma de suas ideias para a Educação envolve “valorizar o ensino digital”.
Ensino Superior
A reportagem do MN também questionou o pré-candidato tucano ao governo do Estado sobre seus planos para o ensino superior. Marília conta com a Unesp (Universidade Estadual Paulista) e a Famema (Faculdade de Medicina de Marília), que são estaduais e enfrentam diversos problemas.
A pergunta foi se ele pensava em privatizar as universidades estaduais. Doria deixou a dúvida no ar. “Nós estamos estudando, montamos um grupo de trabalho eficiente, composto por pessoas conhecedoras do ensino superior, também nas demais faixas do ensino, para estudar o ensino”.
Sobre a precarização, a que Unesp vem sofrendo por exemplo com corte de bolsas e falta de professores, Doria disse que “é um ponto preocupante, inclusive pelo excesso do número de greves. Greves em excesso não constroem, destroem, paralisam o ensino, prejudicam os alunos e seus familiares”.
“Precisamos ter uma visão mais moderna e mais eficiente e por isso compusemos esse grupo de trabalho. Ao longo de nossa campanha vamos anunciar qual nossa posição sobre o ensino superior no Estado de São Paulo”.
O tucano também falou que pretende distribuir os cursos oferecidos nas Fatecs (Faculdades de Tecnologia do Estado de São Paulo) conforme as características de cada cidade e citou o exemplo de Marília com sua vocação para as indústrias de alimentação.
A estratégia já era empregada pelos governos do PSDB. Em Marília, por exemplo, é oferecido o curso Superior de Graduação em Tecnologia em Alimentos.
Segurança Pública
Marília sofre com enorme déficit de policiais, assim como todo o Estado. O problema já foi assunto de diversas matérias publicadas pelo MN.
Outro questionamento feito pela equipe do site foi sobre a questão e se em suas visitas pelo interior ele também estaria visitando as periferias e favelas, como as que existem em Marília. Doria disse que “está visitando todas as áreas”, mas incitado a dizer quais, passou a falar sobre o problema da falta de policiais.
“O déficit não é só da Polícia Civil, mas da Polícia Militar também. Nós temos dois déficits que têm que ser repostos, com responsabilidade fiscal, com cuidado, mas quero aproveitar para anunciar que Segurança Pública será prioridade do nosso governo”.
Como ele fará isso? “Vamos tratar Segurança Pública com recursos, com tecnologia, com apoio à inteligência policial, valorizando a Polícia Militar do Estado de São Paulo e a Polícia Civil e integrando as ações, tanto do ponto de vista de planejamento como de comunicação”.
O pré-candidato tucano rejeita a ideia do atual governador Márcio França (PSB), que era vice-governador até o começo do ano e assumiu o Palácio de Bandeirantes quando Alckmin renunciou para disputar o cargo de presidente. França também é pré-candidato a continuar como governador e deve disputar votos com Doria.
“Jamais fazer o que propôs o atual governador do Estado de São Paulo, de separar as polícias [tirar a Civil da pasta de Segurança Pública e colocá-la na Justiça]. É um erro grotesco inclusive. Nas regiões civilizadas do mundo as polícias funcionam de forma integrada”.