Em depoimento, Zuckerberg pede desculpas
Na terça-feira (10), Mark Zuckerberg faz sua primeira visita ao Capitólio, um dos centros do governo dos Estados Unidos. Mas ela não acontece em bons termos, muito pelo contrário. Em sua primeira aparição diante de congressistas americanos, o fundador pedirá desculpas ao povo americano pelos recentes escândalos de privacidade que atingiram a rede social e assumirá, novamente, total responsabilidade pelo problema.
São essas as declarações que abrem o discurso de Zuckerberg, cuja íntegra foi divulgada pelo Congresso norte-americano. Em sessão marcada para começar às 15h15, no horário de Brasília, o CEO da rede social primeiro dará seu depoimento e depois responderá a perguntas feitas por legisladores de uma comissão criada especificamente para investigar o recente escândalo do mau uso de informações de usuários pela empresa de marketing online Cambridge Analytica.
Em sua fala, Zuckerberg vai lembrar a todos sobre recentes campanhas ou mobilizações, como os movimentos #MeToo, de denúncia ao assédio sexual na indústria do entretenimento, ou a March For Our Lives, série de protestos liderados, principalmente, por estudantes em prol de um maior controle de armas nos EUA. Ao mesmo tempo, porém, ele admite que a empresa não levou em conta que tanta movimentação, dados e informações poderiam ser utilizadas também para o mal.
O fundador do Facebook também vai falar sobre as atitudes tomadas para proteger a privacidade dos usuários. Além de garantir a todos que a brecha que levou à coleta de informações de mais de 80 milhões de pessoas já está fechada, ele vai elencar outras medidas, como o maior escrutínio sobre desenvolvedores de apps que exigirem acesso a dados pessoais, as novas restrições desse tipo de uso e ferramentas aprimoradas para que os próprios usuários tenham mais controle sobre tudo isso.
Sistemas aprimorados de detecção de contas falsas e discurso de ódio também serão citados como iniciativas correntes para melhorar o ambiente. Zuckerberg ainda vai falar sobre outro tópico que está em pauta no Congresso: a manipulação russa durante a campanha de Donald Trump para a Casa Branca. Esse ponto também está em voga quando o assunto é o escândalo da Cambridge Analytica e, segundo ele, motivou uma mudança na forma como a empresa lida com seus anunciantes e gerou novas regras sobre as propagandas que são aceitas ou não na plataforma.
O documento, no total, tem sete páginas e ecoa muitas das declarações feitas por Zuckerberg em entrevistas recentes, como parte do que a gerência do Facebook cita como um esforço para recuperar a confiança de usuários, acionistas e anunciantes. Depois, porém, ele estará à disposição de congressistas para responder perguntas. Nesse caso, não existe texto preparado nem aviso prévio, com o CEO atendendo às questões de forma direta.
O fundador da rede social mais utilizada do mundo está, desde o começo desta semana, em reuniões com membros do legislativo americano. Ele se encontrou com membros da comissão que investiga o escândalo de privacidade nesta segunda (9) e, agora, realiza o encontro oficial com o grupo. Ainda nesta quarta-feira (11), ele retorna ao Capitólio para falar aos deputados dos Estados Unidos.
A presença de Zuckerberg atende a um pedido dos próprios congressistas. O Facebook já foi convidado a depor antes sobre questões relacionadas à privacidade, mas sempre fez isso por meio de representantes, provavelmente como forma de não desgastar a imagem de seu fundador. Agora, porém, é ele quem toma a frente das divulgações relacionadas ao escândalo da Cambridge Analytica e, mais do que isso, concorda com a exigência de deputados e senadores para que comparecesse pessoalmente à sessão.
Contato direto
Além da fala diante dos congressistas, que será transmitida online e também por redes americanas de televisão, o Facebook prometeu alertar os mais de 80 milhões de afetados pelo escândalo da Cambridge Analytica. Inicialmente, a companhia havia afirmado que não poderia fazer isso por não ter registros exatos da época – o que a impedia, até mesmo, de divulgar um número preciso. Agora, porém, ela fará isso mesmo que de forma incerta.
A rede social vai agir por meio de estimativas e, a partir do número aproximado de respondentes de um quiz de personalidade que levou à coleta de dados, extrapolar o total de amigos adicionados que essas pessoas tinham na época. O contato, então, será realizado para informar a todos que suas informações podem ter sido utilizadas em campanhas de marketing político direcionado, que tiveram atuação principalmente durante as campanhas de Trump para a presidência e também para a saída do Reino Unido da União Europeia.
Dos mais de 80 milhões de afetados, pelo menos 70 milhões são americanos. No Brasil, são cerca de 400 mil atingidos. As ferramentas de perfilhamento social para propaganda política, inclusive, seriam usadas por aqui nas eleições presidenciais deste ano, por meio de um representante nacional. Os candidatos que a utilizariam, porém, não foram revelados e a iniciativa teria sido cancelada no mesmo dia em que o escândalo foi detonado.
Fonte: MSN