Obra de biblioteca está parada e com prazo vencido
Em julho do ano passado o prefeito de Marília Daniel Alonso (PSDB) e sua assessoria anunciaram que ainda naquele semestre estaria em funcionamento a biblioteca comunitária “Ler é Preciso”, na Emef (escola municipal de ensino fundamental) Nelson Gabaldi, na zona oeste da cidade.
O prazo venceu e as obras da biblioteca não estão nem perto de estarem concluídas. O pior: estão praticamente paradas, em “passos de tartaruga”, como dizem pais de alunos ouvidos pelo Marília Notícia.
Apesar da insistência da reportagem durante quase uma semana, a assessoria de imprensa da administração municipal não se posicionou oficialmente sobre o problema. O secretário de Educação Helter Rogério Bochi não atendeu as ligações.
O projeto é uma parceria da Prefeitura com o Instituto Ecofuturo e financiamento da CPFL. O termo de cooperação para viabilizar a biblioteca comunitária foi assinado em 4 de julho de 2017, mas só inserido há pouco mais de 10 dias no site de licitações da Prefeitura.
Curiosamente, porém, o documento disponível para download não tem qualquer ligação com a parceria com o Instituto Ecofuturo.
Funcionários da escola ouvidos pelo MN disseram que os livros prometidos pela parceria seriam insuficientes, por isso a obra estaria quase parando, “já que não adianta terminar a construção se não tem material”.
Em 2017, um curso chegou a ser ministrado para 30 pessoas entre educadores do município, representantes da comunidade onde a biblioteca será instalada e pessoas que desejam atuar na área.
O programa biblioteca comunitária contempla, além de Marília, as cidades de Campinas e Bebedouro.
Cada biblioteca teria, em tese, mil livros, 30 profissionais capacitados para a promoção de atividades de leitura e gestão das instalações – sendo que dois serão selecionados para trabalhar integralmente nas unidades, dois computadores, uma TV, um leitor de blu-ray e uma impressora multifuncional.
Outros sete funcionários de cada uma das três prefeituras estão previstos para serem treinados sobre acesso e uso de recursos públicos para a sustentabilidade de bibliotecas. A previsão é que, por ano, cerca de 10 mil pessoas frequentem os locais, quando estiverem prontos.
O Instituto Ecofuturo é uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) mantida pela Suzano Papel e Celulose. O patrocínio da CPFL no programa das bibliotecas comunitárias prevê um investimento de R$ 1 milhão.
Outro lado
Entre os questionamentos feitos pela reportagem do Marília Notícia ao poder público municipal, que não foram respondidos, estão o motivo da lentidão da obra, informações sobre a responsabilidade pela construção, investimento da Prefeitura e previsão de conclusão.
A reportagem também procurou o Instituto Ecofuturo para comentar o problema, que divulgou uma nota – veja abaixo.
“Informamos que o projeto de implantação da Biblioteca Comunitária em Marília está dentro do cronograma. Os materiais que irão compor o espaço, como acervo, mobiliário e equipamentos eletrônicos já foram comprados pelo Instituto e serão entregues ao final da obra.
É importante destacar que o projeto Biblioteca Comunitária é realizado pelo Instituto Ecofuturo com investimento da iniciativa privada e apoio do poder público local, por meio de um Acordo de Cooperação entre o Instituto e a Prefeitura, que estabelece as responsabilidades de cada parte.
O Instituto Ecofuturo é responsável pela coordenação e gestão de todo o projeto, incluindo realização de articulação com poder público, mobilização comunitária, cursos de formação em Auxiliar de Biblioteca e Promotor de Leitura para cerca de 30 educadores do município, compra do acervo de 1.000 livros novos de literatura, mobiliário e de equipamentos eletrônicos.
As contrapartidas do poder público são a construção e ou reforma do espaço onde a biblioteca será implantada, atendendo especificações do projeto, contratação de dois funcionários para atuar na unidade e a manutenção da biblioteca (custos de luz, água, etc.) após a inauguração”.