Doenças cardiovasculares matam mais em Marília
Exatamente 30,88% dos óbitos de moradores de Marília, segundo números divulgados recentemente pelo SUS (Sistema Único de Saúde), estão relacionados a doenças do aparelho circulatório. São as principais causas de mortes na cidade.
São exemplos de doenças do sistema circulatório as chamadas hipertensivas (relacionadas a pressão alta), isquêmicas e outras do coração, das artérias e veias.
Os números são de 2016, já que existe sempre uma defasagem de dois anos na divulgação desse tipo de dado pelo Ministério da Saúde.
Entre os 1.632 óbitos registrados naquele ano pela pasta, 504 foram relacionadas aos problemas decorrentes do sistema circulatório.
Isso é bem mais do que os 303 óbitos por causa de câncer na cidade, 277 do sistema respiratório ou os 145 relacionados a causas externas, como acidentes e homicídios por exemplo.
Especialista
Médico cardiologista e diretor Presidente da Famar (Fundação de Apoio a Faculdade de Medicina de Marília), o professor Igor Bienert afirma que há alguns anos a principal causa de morte no Brasil era relacionada a infecções, óbitos reduzidos com o avanço dos antibióticos.
Mais recentemente, a mudança no estilo de vida das pessoas teve implicações nos óbitos envolvendo o sistema circulatório. “O sedentarismo é a principal explicação para as mortes por doenças cérebro-cardiovascular”, diz o especialista.
Estudo
Assim como em Marília, os problemas no sistema circulatório estão entre as principais causas de óbito no Brasil e no mundo e são uma preocupação das universidades.
Recentemente a Famema (Faculdade de Medicina de Marília) em parceria com a Santa Casa de Marília, publicou um artigo que tem relação com o tema, em um dos 10 principais jornais científicos do mundo, o Jama (Journal of American Medical).
O estudo foi realizado em conjunto com vários centros do Brasil, inclusive o Hcor de São Paulo, referência em doenças cardíacas. Um terço dos pacientes envolvidos na pesquisa foram captados pela Famema e Santa Casa.
A pesquisa avalia o uso de estatinas (remédios que abaixam o colesterol) em seu papel na redução “de eventos cardiovasculares quando utilizados durante o infarto agudo do miocárdio”.
A pesquisa também foi simultaneamente apresentada na seção de Late Breaking Clinical Trials do American College of Cardiology, um dos maiores e mais respeitados congressos de cardiologia do mundo.
A expectativa é que o trabalho deva gerar vários estudos secundários e seguir como linha de pesquisa do setor de cardiologia intervencionista.
Segundo Biernet, o estudo pode ajudar a reduzir o número de óbitos nos casos específicos de pacientes de risco com infarto no miocárdio, já que pode influenciar o protocolo de indicação da medicação.