Mulher descreve com frieza como cometeu latrocínio
Silvia Regina Evaristo da Silva, 23 anos, conhecida como “Arlequina”, uma das assassinas confessas da morte brutal do representante comercial Sílvio César Soares Júlio, de 47 anos, deu uma entrevista onde contou com frieza os detalhes sobre o crime.
O latrocínio ocorreu na madrugada da última quinta-feira (22), na rua Prudente de Morais, bairro Alto Cafezal, zona oeste de Marília.
A conversa com ela foi registrada pelo repórter policial Jair Matos. Além de Arlequina, também participou do crime Caroline Rosana Joca, de 20 anos. Ambas já foram presas pela DIG (Delegacia de Investigações Gerais).
“Ele era uma pessoa boa, honesta. Eu estava com muita raiva de outra pessoa e descontei nele”, disse Arlequina, que também diz não ter se arrependido. Ela se entregou no plantão policial após pressão da família.
Outro motivo para ter se entregado, diz ela, foi seu namorado ter aceitado continuar o relacionamento e visitá-la no presídio feminino. A mulher contou que foi para roubar, mas já tinha a “intenção de matar”.
“Ele ia ver o rosto e ele tem dinheiro, né? Se ele não chamasse a polícia, ele ia mandar alguém matar ou fazer alguma coisa. Eu já tinha saído com ele duas vezes antes e acompanhei que na casa dele tinha vários bens materiais, tinha um cofre com dinheiro e as pistolas que me interessavam”, confessou.
Arlequina, no entanto, não conseguiu abrir o cofre porque matou Sílvio antes que ele entregasse a senha. Ela e Caroline teriam planejado juntas o crime e levaram videogame, tablet, celular e outros itens.
Frieza
A frieza com que Arlequina descreve o crime cometido por ela e Caroline impressiona. O relato é forte, demonstra crueldade e ausência de remorso.
“Ele pegou a gente de carro e deixou meus filhos na casa da babá. Passou na zona Sul onde eu ia deixar umas coisas para uns parceiros, aí depois a gente foi para casa dele e comeu pizza”, começa.
Arlequina diz que após o jantar, Sílvio, “que era exibido”, mostrou a casa, “a piscina com luz que mudava de cor” e tratou as mulheres “muito bem, em momento algum ele destratou alguém, não relava a mão em ninguém se a pessoa não quisesse”.
Em seguida as mulheres teriam dito que dançariam para Sílvio, mas exigiram que ele desligasse as câmeras de segurança do imóvel e prendesse o cão de guarda. O pedido foi atendido e Arlequina disse para a vítima que era sadomasoquista.
Sílvio teria aceitado ter mãos e pés amarrados e foi colocado nele uma máscara de dormir. “Aí a gente tentou matar ele asfixiado com o travesseiro, mas ele começou a se debater, ele tem força. Nisso que ele começou a se debater eu procurei a faquinha de serra que usei para cortar o lençol, mas tinha caído atrás do sofá”, relata.
Arlequina afirma então que apontou “a espada (samurai) que estava em cima da mesa para a Carol. Ela (Carol) foi dar a primeira, bateu e voltou. Não entrou. Acho que ela deu com dó. Aí a hora que voltou eu puxei da mão dela e enfiei. Atravessei, atravessei no peito também”.
Silvio teria se levantado e, possivelmente confuso com a situação, perguntado se ele havia sido morto e alegou que tinha filhos. Arlequina contou que respondeu: “Você tem filho, eu também. E eu estou aqui por causa deles”. Em seguida ela diz “já dei outra (espadada) no peito e ele caiu”.
A assassina confessa afirmou que não sabe o que aconteceu com ela. “Algum espírito ruim baixou ali que eu acabei com ele na espada, atravessei ele várias vezes. Atravessei o pescoço, aí quando ele começou a vomitar, que ele estava agonizando, eu dei uma bem na cabeça, que acho que atravessou o cérebro e foi quando ele abriu a boca assim, aí ele morreu”.
Após o assassinato, as mulheres pegaram os produtos que interessavam e antes de sair colocaram fogo no corpo e no imóvel. “Como o rosto dele ficou muito feio, eu peguei a jaqueta dele e cobri. Aí joguei álcool em cima e álcool no sofá e botei fogo”, explica Arlequina.
Desdobramento
A Polícia Civil, através da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Marília, informou na última sexta-feira (23) que esclareceu as circunstâncias da morte do representante comercial.
O brutal assassinato foi descoberto pelo Corpo de Bombeiros, que foi acionado para apagar um incêndio na casa onde Júlio vivia.
Policiais civis que estiveram no local viram que existia uma câmera de segurança. Eles apreenderam uma mídia com as imagens e encaminharam o material para a perícia técnica. Através das imagens recuperadas a polícia descobriu que duas moças estiveram no imóvel na data do crime.
Silvia se apresentou espontaneamente na delegacia e Caroline foi localizada em sua casa, na Rua Ribeirão Preto, ainda na noite de quinta-feira
O homem não teve o corpo totalmente queimado devido a intervenção dos bombeiros. Foram recuperados alguns dos objetos roubados (DVD, notebook, Playstation, modem) através de indicação das autoras.
Caroline alegou que estava arrependida pela prática do crime, diferentemente de Silvia, que negou arrependimento, chamando atenção dos policiais pela enorme frieza com que relatou os fatos.
O Inquérito Policial tramita pela DIG, para cabal esclarecimento do crime, que se trata de latrocínio e prevê pena de 20 a 30 anos de reclusão. As prisões temporárias de Silvia e Caroline foram decretadas por trinta dias e ambas foram encaminhadas à Cadeia Pública de Pirajuí.
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