Oposição irá comandar CPI da Carne na Câmara
A Mesa Diretora da Câmara de Marília, através de seu presidente Wilson Damasceno (PSDB), anunciou nesta terça-feira (20) em entrevista coletiva à imprensa, os três vereadores que irão compor a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que irá investigar o descarte de sete toneladas de carne da merenda escolar, que se tornaram impróprias para consumo após problemas nas câmaras frias da Cozinha Piloto do município.
Damasceno, em clara rota de colisão com o prefeito Daniel Alonso (PSDB), nomeou a oposição para comandar a CPI. Luiz Eduardo Nardi (PR) será o presidente, o relator será o vereador Maurício Roberto (PP) e o terceiro membro será o vereador Danilo Bigeschi (PSB).
O Marília Notícia apurou que o clima no alto escalão da Prefeitura é de tranquilidade por um lado e certa irritação por outro. Tranquilidade porque membros próximos ao prefeito avaliam que, mesmo com a oposição no comando da CPI, as investigações não devem resultar em nada mais grave e que o relatório final mostrará que o prefeito agiu corretamente assim que soube da situação.
Já a irritação vem pelo fato de Damasceno mais uma vez ‘cutucar’ o governo e provocar um desgaste político interpretado como desnecessário. “Ele precisa acordar, prejudica a Prefeitura, a cidade e a si mesmo dessa maneira. Torço para que tenha mais reflexão e serenidade nas próximas decisões. Damasceno é um homem correto, de caráter e do bem, que infelizmente está sob influência das pessoas erradas”, disse, sob condição de anonimato, uma fonte próxima ao prefeito.
Vale lembrar que a própria Prefeitura de Marília já abriu uma sindicância interna para apurar o perecimento dos alimentos.
Desde o episódio, Daniel determinou o fechamento da cozinha piloto e “uma mudança no sistema de abastecimento, onde o fornecedor/frigorífico ficará responsável por entregar os alimentos direto nas escolas”.
O pedido da CPI partiu do vereador Luiz Eduardo Nardi, velho aliado do grupo político comandado pela família Camarinha.
Questionado pelo Marília Notícia sobre a composição da CPI, Daniel Alonso disse que “vai prevalecer a transparência do Executivo”.
Daniel também fez questão de elogiar Nardi: “Ele é muito coerente, gosto da atuação dele, mesmo sendo oposição. O autor é uma pessoa coerente, ponderada e experiente. Imagino que quer o melhor para Marília, assim como eu”.
Os outro membros também receberam afagos do prefeito. “São pessoas capazes de analisar tecnicamente a questão”, finalizou.
‘CPI isenta’
Para o vereador Luiz Eduardo Nardi, a investigação não terá cunho político.
“Junto com os demais companheiros da CPI vamos traçar uma agenda de oitivas para tomarmos conhecimento de como as coisas aconteceram. A Casa é política, mas ela não pode ser partidária. Por isso, vamos tratar esta investigação com total isenção”, disse Nardi.
Maurício Roberto destacou que esteve, junto com o vereador José Luiz Queiroz (PSDB), no dia seguinte ao ocorrido, na Cozinha Piloto.
“Como ninguém sabia exatamente a quantidade de carne estragada, fomos ao local para obter esta informação. O secretário Helter Bocchi (Educação) nos disse que, no dia anterior, foram encontradas 7,6 toneladas de carne impróprias para o consumo, segundo a vigilância sanitária. O que percebemos é que a câmara fria não oferecia condições para suportar aquela quantidade de carne. Logicamente que a CPI irá apurar o real motivo que levou esta carne a se deteriorar”, falou Maurício.
Para o terceiro membro da CPI, Danilo Bigeschi, a população precisa ter uma resposta sobre o que houve com a carne da merenda.
“Iremos avaliar desde quando isso vem acontecendo e de que forma isso pode ser modificado para que não volte a acontecer. A população precisa de uma resposta sobre o que houve e quais providências foram adotadas”, finalizou.
A CPI da carne estragada terá o prazo de 120 dias para ser concluída, podendo ser prorrogado por mais 90 dias, se necessário.