Rio com água “ruim” fornece 44% da captação em Marília
A água do Rio do Peixe, em Marília, foi considerada “ruim” pela Cetesb e tirou nota 36 no quesito IAP (Índice de Qualidade das Águas Brutas para Fins de Abastecimento Público). O índice vai de 0 a 100.
Trata-se da fonte responsável pela vazão de aproximadamente 44% da água captada para abastecimento da cidade.
O IAP avalia a qualidade da água bruta de mananciais, ou seja, antes de passarem por tratamento para distribuição.
As informações estão no relatório “Qualidade das Águas Interiores no Estado de São Paulo” publicado recentemente e baseado em dados de 2016.
O Rio do Peixe tem uma vazão, segundo dados do Daem, de 1.800 metros cúbicos por hora em sua captação de água.
Pontos de captação de água superficial e dos poços do aquífero Guarani (que não foram analisados pela Cetesb neste levantamento) têm juntos vazão de aproximadamente 4 mil metros cúbicos – e representam quase a totalidade da água captada.
Além do Peixe também foram checadas as outras fontes de captação de água superficiais.
Tanto o reservatório do Cascata, quanto o Córrego da Água Norte, ficaram na categoria de qualidade regular, com 40 pontos. Eles respondem respectivamente pela vazão de 300 e 150 metros cúbicos de água por hora – juntos representam 11% da vazão total de Marília.
O Reservatório do Arrependido é o único ponto de captação que destoa dos demais com classificação de uma água ótima e nota 88. A vazão ali é de 800 metros cúbicos de água por hora – 19,7% da vazão das principais fontes.
Após a captação da água, ela é enviada para duas estações de tratamento, uma do sistema Cascata – Água do Norte e outra Sistema Peixe – Arrependido. A lógica é de que quanto pior a qualidade da água captada, mais caro e trabalhoso fica torná-la potável.
É fundamental ressaltar que mais de 99% do esgoto produzido em Marília ainda vai sem tratamento algum para os mananciais.
Outras informações
O relatório ainda aponta que no teste de Salmonella/microssoma vem sendo sistematicamente exibindo mutagenicidade desde 2014 no córrego Água Norte. O ensaio biológico é utilizado para avaliar o potencial mutagênico de substâncias (capacidade de modificar o DNA) que podem colocar em risco a saúde humana e a qualidade ambiental.
De acordo com a Cetesb, no córrego Água Norte “o número de células de cianobactérias também influenciou negativamente os resultados do IAP”.
Outro dado muito importante sobre Marília é que se considera a cidade em situação de estresses hídrico, situação caracterizada pela demanda de água pelos habitantes supera a oferta.
Tratamento
O Daem informou por meio de nota ao MN, que “apesar do IAP para água captada no rio do Peixe ter dado abaixo do índice, a nossa água após o tratamento e correções garante os índices da Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Portaria 2914 de dezembro de 2011”.
“O Daem realiza análises periódicas e na totalidade pelo laboratório LACI, a agua é mantida dentro dos padrões de potabilidade exigido pela portaria”, disse a autarquia.