Marília se prepara para evitar epidemia de dengue
Especialistas avaliam como alto o risco de uma epidemia de dengue, zika vírus e chikungunya – doenças transmitidas pelo mosquito aedes aegypti – entre o final de 2017 e começo de 2018, tanto em Marília, quanto em todo o País.
As epidemias de dengue e das demais arboviroses são cíclicas e costumam aparecer a cada três anos. A solução é engajar toda a população na prevenção. A administração municipal tem tomado atitudes importantes, mas a participação dos cidadãos é decisiva.
Em Marília, foram 25 confirmações de dengue em 2017 e 360 notificações – que não se confirmaram – segundo informações do município. Uma valiosa forma de proteção é a vacina, que pode ser encontrada apenas em clínicas particulares, já que não está disponível na rede pública.
Os números do Estado vinham demonstrando queda nas notificações em Marília neste ano. No entanto, os dados não significam que tudo está bem.
Um amplo Liraa (Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti) foi concluído nos últimos dias por toda a cidade e a compilação do resultado é aguardada ansiosamente pelos profissionais da Saúde.
A pesquisa mostra a quantidade de larvas do aedes em determinadas áreas e é fundamental para atuação in loco de equipes com nebulizadores, por exemplo, ou para vistorias e eliminação de criadouros.
Inclusive, o município acaba de contratar empresa para reforçar o serviço de nebulização. Valores e detalhes devem ser divulgados nos próximos dias.
Esse tipo de ação já vem sendo feita pela Sucen próximo de pontos com confirmação de dengue. Nos últimos dias equipes passaram o veneno na Zona Sul de Marília, entre o Nova Marília e o Planalto. No entanto, o reforço é tido como fundamental.
Outra ação importante está prevista para os próximos dias. Começa na segunda-feira (23), em parceria com a TV TEM, a campanha “Cidade Limpa” em Marília. Será a primeira vez que o município realiza dois grandes mutirões de coleta de materiais inservíveis no mesmo ano.
O “Cidade Limpa” acontece junto com a “Semana Nacional de Mobilização e Combate ao Aedes Aegypti”, entre 23 e 27.
Alerta total
Em entrevista ao Marília Notícia Alessandra Arrigoni Mosquini, supervisora da Vigilância Epidemiológica, explicou que o foco é mobilização de combate ao aedes.
“Tivemos uma curva epidemiológica alterada [alto número de casos] em 2014 e 2015 e a tendência é que possa acontecer em 2018. Quando falo tendência, não estou afirmando, mas existe a possibilidade que isso aconteça”, explica Alessandra.
A curva epidemiológica começa a ficar alta no verão e alcança o pico em janeiro e fevereiro. Nos meses mais frios, normalmente acontecia a queda. Mas isso não é uma regra. Alguns municípios registram dengue no inverno. O mosquito é altamente adaptável.
“Mais de 80% dos criadouros de dengue estão dentro das residências. Estamos engajando escolas municipais e escolares. Os Bombeiros acabaram de aderir. Precisamos de uma mobilização muito grande da população contra a água parada, onde o mosquito se desenvolve”, afirma a especialista.
Para Alessandra, o risco de epidemia é maior caso a população fique aguardando apenas as ações do Poder Público. “Se as pessoas limparem seus quintais, eliminarem os criadouros, abaixa o risco de epidemia. A população é responsável por seus quintais”.
Ela explica que o município está atuando na prevenção da epidemia, que vai além do apelo midiático pelo engajamento da população.
“Quando tenho tendência de aumento de casos, começamos já na suspeita nossas ações, como agora. Vamos na área e fazemos controle de criadouro em duzentos metros da casa do paciente. Quando tem confirmação, fazemos nebulização”.
A supervisora da Vigilância Epidemiológica esclarece que o uso indiscriminado do inseticida não pode ser feito, pois pode criar a resistência do aedes ao veneno, bem como “matar abelhas e intoxicar passarinhos e animais”. “Temos que ter critério”.
Uma “sala de situação” se reúne toda terça-feira (17) com representantes da Saúde para monitorar as arboviroses em Marília.
Vacina
Além de medidas para evitar a proliferação do vetor – o mosquito que transmite a dengue – outras atitudes podem ajudar a população a se proteger: a vacinação.
A imunização está disponível na Imunne Centro de Vacinação e pode ser aplicada em pacientes de 9 a 45 anos. A dose serve para os quatro sorotipos da doença.
Geralmente, são recomendadas três doses de vacina, que devem ser administradas com intervalos de seis meses entre cada uma.
A aprovação da vacina pelo governo brasileiro ocorreu em dezembro de 2015. Os testes apontaram uma redução de 81% das internações e 93% dos casos graves.
Por enquanto, as doses estarão disponíveis apenas na rede particular e não há previsão de chegada à rede pública.
Está vetada a aplicação para gestantes, mulheres em aleitamento materno, pessoas imunodeprimidas, soropositivos e em uso de corticoides.
Vale lembrar que todo o procedimento realizado na Imunne é executado por profissional plenamente qualificado para prestar orientações e realizar o manuseio e aplicação das vacinas.
A aplicação da vacina contra dengue pode ser realizada mediante agendamento pelo telefone: (14) 3316-7010.
O Centro de Vacinação fica localizado na rua Thomas Gonzaga, 185, Jardim Maria Izabel.