Correio Mariliense processa Camarinhas e Diário
A editora do extinto jornal Correio Mariliense está processando o deputado estadual Abelardo Camarinha (PSB) e seu filho, o ex-prefeito Vinícius Camarinha (PSB), além da Editora Diário Correio de Marília Ltda, responsável pelo jornal Diário de Marília, lacrado pela Polícia Federal.
A Editora Jornalística Correio Mariliense Ltda iniciou uma “ação de cobrança por inadimplemento de contrato de trespasse (forma de contrato que tem por objetivo a transferência da titularidade de um estabelecimento comercial) concomitante com indenização por danos emergentes”.
Na petição inicial, Abelardo e Vinícius são apontados como os reais proprietários e sócios ocultos da Editora Diário Correio de Marília, que comprou mas não teria pago a empresa responsável pelo Jornal Correio Mariliense.
“Toda a negociação e tratativas para a compra do estabelecimento comercial (…) foram realizadas diretamente pelos citados Réus (Camarinha e Vinícius) ou por seu assessor, Sr. Carlos Umberto Garrossino, conforme será devidamente comprovado em regular instrução processual”, diz a petição.
O Marília Notícia publicou matéria recente revelando que vários funcionários do Diário de Marília e das rádios Diário e Dirceu – que integram o grupo e também estão lacradas – fizeram apontamentos no mesmo sentido em relação aos Camarinhas como sócios ocultos das empresas.
Pela compra da Editora Jornalística Correio Mariliense Ltda supostamente foi feito um acordo onde seriam pagos R$ 600 mil, divididos em uma entrada de R$ 150 mil, duas parcelas de R$ 100 mil e a diferença em 12 vezes.
Além disso, os compradores deveriam assumir os pagamentos das dívidas de impostos, reclamações trabalhistas e rescisões dos contratos de trabalho dos funcionários. Os valores eram referentes à compra do estabelecimento comercial, abrangendo toda a carteira de clientes, assinantes e equipamentos gráficos.
O negócio, porém, não foi cumprido. Principalmente após a operação Miragem da PF. “Com isso, o jornal foi ‘abandonado’ e uma enxurrada de ações trabalhistas foi distribuída, cobrando a liberação de documentos, rescisão indireta do contrato de trabalho, pagamento de verbas salarias”, diz a petição.
A ação cobra R$ 960 mil mais juros, além de pedir a condenação dos réus a “pagarem em caráter definitivo, todas as obrigações trabalhistas assumidas”, indenização por danos materiais e lucros cessantes, além da quitação de dívidas fiscais.
Vale lembrar que os donos do antigo Correio Mariliense devem para grande parte dos seus ex-funcionários.
Delação premiada
Abelardo Camarinha e Vinícius Camarinha já são acusados de serem os verdadeiros donos da CMN (Central Marília Notícias), grupo de comunicação que inclui o jornal Diário de Marília e duas rádios na cidade, pelo menos desde o começo do ano.
O testemunho foi feito por Sandra Mara Norbiato após delação premiada à Procuradoria Geral da República, em inquérito desenrolado pela Operação Miragem, que apura crimes crimes de falsidade ideológica, associação criminosa, uso de documento falso, desenvolvimento clandestino de atividade de telecomunicação, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Ela figura como a proprietária da CMN, mas disse ser apenas “testa de ferro” dos Camarinhas.
Sobre Carlos Umberto Garrosino, que teria participado das tratativas de compra do Correio Mariliense, o MN também já publicou matéria sobre seu histórico.
Outro lado
A reportagem procurou os envolvidos para comentarem o assunto. “Não sei nem do que se trata, tem algum engano”, disse o deputado estadual Abelardo Camarinha.
Já o ex-prefeito Vinícius respondeu que não tinha como comentar o assunto no momento pois ainda não foi notificado e não conhece o conteúdo do processo. No entanto, Vinícius afirmou imaginar que se tratam “novamente de falsas acusações”.