Penitenciária em Marília está em “vigilância total”
Os funcionários do semiaberto da Penitenciária de Marília estão em “vigilância total” por conta da rebelião e fuga em massa registrada na terça-feira (24) em Bauru (distante 100 quilômetros) com presos do mesmo regime.
São 578 presos no semiaberto em Marília – 8 acima da capacidade de 570 – e aqueles que não trabalham (como é permitido por lei) estão com horário de banho de sol reduzido e reclusos nas celas.
“Só saem em caso de atendimento médico e para comer. Está sendo feito o atendimento básico”. A informação é do diretor local do Sindasp (Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária), Luciano Novaes Carneiro.
De acordo com ele, os presos do superlotado regime fechado da Penitenciária de Marília, continuam com o mesmo tratamento de sempre [leia mais aqui]. Nesse regime, os presos são mais controlados e a expectativa de rebelião é menor.
“No semiaberto não existem muralhas ou guardas armados em torres, até pela característica da progressão da pena, por isso é mais fácil de ter rebelião e fuga em massa”, afirma o sindicalista.
A reportagem procurou a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) para comentar a questão, mas ainda não houve retorno.
Celular
Em Bauru, a rebelião de terça-feira teria começado após um preso do semiaberto ter sido encontrado com um celular. Em Marília, segundo Carneiro, tanto o regime semiaberto, quanto o fechado, estão “limpos” de celulares. [leia mais aqui]
Em Marília, segundo divulgado pelo jornal O Estado de São Paulo nos últimos dias, não existem bloqueadores de aparelhos celulares nas unidades prisionais. A reportagem do Marília Notícia solicitou ao governo do Estado dados sobre a apreensão de celulares na penitenciária do município, mas não obteve.
A SAP forneceu apenas dados referentes a divisão regional a qual Marília faz parte. No primeiro semestre de 2016 na Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região Noroeste do Estado de São Paulo foram 17 aparelhos aprendidos, a maior parte já dentro das celas.
Em Marília, o sindicalista Carneiro contou ao MN que o semiaberto já foram registrados vários problemas em relação a celulares. Mas há seis meses, depois de intensos pentes-finos e mudanças feitas, é possível dizer que supostamente não existem celulares.
No regime fechado, ele conta que uma reestruturação na penitenciária em 2010 também proporcionou uma situação onde praticamente não existem celulares. “Tanto no semiaberto, quanto no fechado, é muito, mas muito raro pegarmos algum aparelho em Marília”.
Sobre os celulares e bloqueadores, a SAP informou ao MN que “contratou empresa especializada para instalar bloqueadores de sinais de aparelhos celulares nos presídios que abrigam presos líderes de facções criminosas e nos que possuem presos de alta periculosidade”.
A informação é que inicialmente foram abrangidos 23 presídios. “Observamos ainda que a escolha das unidades penais que receberão bloqueadores de sinais de celulares está sendo avaliada pelos Núcleos de Inteligência da Secretaria da Administração Penitenciária”.
Segundo a pasta, os bloqueadores existem desde 2014 e o custo é de aproximadamente um milhão de reais por mês para bloqueio em 23 presídios.