

11 anos. Mais de 95 mil artigos.
19, abr / 2025, 22:06h Boa noite
Na semana em que se celebra o Dia Nacional do Livro Infantil e se homenageia o escritor Monteiro Lobato (18 de abril), um dos maiores nomes da literatura voltada ao público infantojuvenil, a Biblioteca Municipal de Marília reforça seu papel como espaço de incentivo à leitura e de aproximação da comunidade com o universo dos livros.
Muito além do empréstimo de exemplares, o local tem se consolidado como um centro cultural dinâmico, com ações voltadas a públicos de todas as idades. Entre os serviços e atividades oferecidos estão o acesso gratuito à internet, exposições temáticas, contação de histórias aos sábados, lançamentos de livros, clubes de leitura com temáticas variadas e até cursos, como o de inglês.
Essa diversidade de iniciativas reflete a proposta da biblioteca de se adaptar às novas demandas e atrair um público que vai além daquele que busca o espaço apenas para pesquisa, como acontecia no passado.
Sob a gestão da bibliotecária Patrícia Bernardes da Silva – formada pela Unesp de Marília em 2002 e com 23 anos de experiência na área –, a instituição atua sob o conceito de biblioteca viva, idealizado por Rosane Fagotti Voss, que também já esteve à frente do espaço. A proposta é ampliar a função tradicional das bibliotecas e transformá-las em ambientes de convivência, aprendizado e troca de experiências.
Os números mostram o alcance desse trabalho: são cerca de 1.856 visitantes e 872 títulos emprestados por mês, em média. A biblioteca conta ainda com brinquedoteca, espaços de leitura e acesso à internet, além de ambientes agradáveis que convidam à permanência.
Entre as ações que promovem o contato direto com o livro e com a arte estão as edições do projeto Janela Literária, realizadas em sábados específicos do mês, com programação que inclui contação de histórias, lançamentos de livros e apresentações artísticas. Outro destaque são as rodas de conversa organizadas após eventos de conscientização, que ajudam a aproximar temas sociais do universo literário.
Veja a entrevista completa com a bibliotecária Patrícia Bernardes da Silva, responsável pela Biblioteca Municipal João Mesquita Valença, de Marília.
***
MN – A biblioteca passou por uma mudança de endereço em 2017. Como foi essa transição do antigo prédio para este?
Patrícia – A biblioteca antes funcionava na avenida Sampaio Vidal, em um prédio antigo e histórico. Devemos muito à Rosane Fagotti Voss, a bibliotecária chefe da época, que impulsionou a mudança para cá. Muita gente tinha um apego ao prédio antigo, no Centro da cidade, mas ele estava muito deteriorado e precisava de reforma urgente. A Rosane trouxe o conceito de biblioteca viva, buscando tornar a biblioteca um espaço de maior interação e atividades, diferente de antes, que não tinha tanta promoção de eventos culturais.
MN – E qual é a proposta dessa biblioteca viva?
Patrícia – A proposta é que a biblioteca não seja apenas um espaço de empréstimo de livros e consultas, mas um local onde as pessoas possas interagir e socializar, para que se sintam parte da sociedade. Precisávamos de algo mais para atrair o público, já que hoje em dia muita pesquisa é feita pela internet. Tentamos promover exposições, oficinas, contações de histórias, lançamentos de livros e clubes de leitura.
MN – E hoje, o que mais atrai as pessoas à biblioteca?
Patrícia – Principalmente o empréstimo de livros. Também oferecemos acesso à internet em computadores para quem precisa consultar ou estudar, por não ter um espaço adequado em casa. Mas a maioria ainda prefere pegar um livro emprestado para ler em casa.
MN – Quais tipos de livros são mais procurados?
Patrícia – Gibi é muito procurado, assim como literatura infantojuvenil. As pessoas também buscam bastante autoajuda e, especificamente, livros sobre educação financeira. Tentamos sempre atualizar nosso acervo de acordo com a preferência do público, e muitos nos dão sugestões de livros.
MN – Quantos livros a biblioteca possui atualmente?
Patrícia – Temos em torno de 25 mil livros. Estamos sempre atualizando o acervo, retirando livros defasados para inserir novos. Recebemos bastante doação, mas fazemos uma filtragem para garantir que o material seja adequado. A compra de livros é um pouco mais complicada, mas temos uma colaboração com uma empresa que consegue doações de livros novos para nós, talvez bimestral ou trimestralmente.
MN – E quanto aos livros para vestibulares? Há muita procura?
Patrícia – Sim, às vezes procuram livros clássicos. Se não temos, colocamos na lista de aquisição. Mas hoje em dia também é fácil encontrar esses livros em feiras ou em domínio público. Inclusive, ‘A Hora da Estrela’, de Clarice Lispector, tem sido bastante procurado recentemente, provavelmente por alguma indicação escolar.
MN – A biblioteca tem uma programação cultural bem ativa. Quais são os eventos que teremos neste mês?
Patrícia – Sempre temos atividades. Fazemos exposições temáticas na vitrine, no saguão e no espaço de colecionismo. Na vitrine, temos uma exposição sobre o aniversário de Marília. No saguão, homenageamos escritores conforme a data de aniversário, atualmente são Padre Fábio de Melo e Helena Ferrante. A cada 15 dias trocamos as exposições. No espaço de colecionismo, está acontecendo uma exposição de fotos sobre Marília chamada ‘Paraísos Artificiais’. Contamos com colaboradores externos para essas exposições, como artistas e até escolas. Além das exposições, teremos uma roda de conversa no sábado sobre a conscientização do autismo, que terá uma caminhada que terminará aqui na biblioteca. E à tarde temos a programação do Janela Literária, com contação de histórias, lançamentos de livros e apresentações artísticas. Acontece em dois sábados ao mês, com contação, clubes de leitura e lançamentos em um sábado, e jogos de tabuleiro, RPG e clube de leitura no outro.
MN – Além dos autores consagrados, existe um espaço especial para autores marilienses?
Patrícia – Temos um espaço reservado apenas para autores aqui de Marília. Sempre fazemos lançamentos de livros de autores aqui da cidade e pedimos dois exemplares, para que a gente possa incluir no nosso acervo e oferecer para que o público conheça esse trabalho deles.
MN – Falando em livros, a biblioteca realiza algum tipo de reparo ou reforma nos exemplares danificados?
Patrícia – Fazemos alguns arranjos, vamos dizer assim. Usamos materiais específicos como cola e fita adesiva próprias para livros. Tentamos fazer algumas reformas, mas não temos um espaço específico como era na biblioteca antiga.
MN – Qual é o público que mais frequenta a biblioteca?
Patrícia – Varia bastante. Temos famílias com crianças pequenas, adolescentes, pessoal do comércio, e também pessoas da terceira idade. Cada um procura temas específicos. É difícil definir uma média, mas temos grupos bem distintos. Recebemos pessoas de toda a cidade e até de outras cidades da região, como Vera Cruz, Pompeia e Oriente, desde que comprovem vínculo com Marília, como trabalho ou estudo.
MN – E qual o perfil social dessas pessoas que frequentam a biblioteca? É variado também?
Patrícia – Sim, bem variado. Recebemos moradores de rua, estudantes, adolescentes, pessoal do comércio e muitas pessoas da terceira idade. Eles participam bastante do curso de informática e celular que oferecemos. O público feminino também é mais frequente e participa mais das atividades. As contações de histórias atraem as famílias.
MN – Qual o horário de funcionamento da biblioteca?
Patrícia – A biblioteca funciona de segunda a sexta, das 8h30 às 17h30, e aos sábados, das 14h às 18h. Nosso principal convite é para que as pessoas participem dos eventos que realizamos aos sábados, que venham à biblioteca, peguem livros, prestigiem nossas atividades. Temos contações de histórias envolventes com artistas diferentes, e mais para frente teremos o Viagem Literária em parceria com o sistema estadual de bibliotecas. Temos também os clubes de leitura com diferentes temáticas, e agora um curso de inglês. Queremos que a biblioteca seja um espaço vivo e acolhedor para todos.