Pesquisa eleitoral suspeita gera tensão em Marília

Registro da pesquisa no TSE (Foto: Reprodução)
Uma pesquisa eleitoral mergulhada em suspeitas deve apurar a intenção de voto dos eleitores marilienses para o cargo de prefeito esta semana na cidade.
O levantamento está sendo realizado entre terça e quarta-feira (28) no município e agita os bastidores políticos na última semana de campanha.
Até então, nenhum mapeamento de intenção de votos oficial havia sido realizado em Marília.
A empresa Quality Pesquisas e Assessoria Empresarial Eireli – ME, situada em São Paulo, registrou a pesquisa no último domingo (25), às 23h45.
Os dados podem ser consultados no Sistema PesquEle, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e mostram que a própria empresa é a contratante do serviço que ela mesmo vai executar pelo valor de R$ 21,8 mil. Consta ainda que não é exigida nota fiscal.
Esses não são os únicos detalhes estranhos apurados pela reportagem do Marília Notícia, existem vários.
A “Quality” passou a funcionar a menos de 10 dias, no último dia 19, conforme consulta do CNPJ na Receita Federal.
Além disso, a reportagem verificou que a empresa responsável pela pesquisa eleitoral em curso na cidade não está registrada no Conre (Conselho Regional de Estatística) da 3ª Região (SP-PR-MT-MS).
Segundo o órgão, sem o registro da empresa em seu banco de dados, a pesquisa é irregular. No banco de dados do TSE, o estatístico responsável pela pesquisa é identificado como Augusto da Silva Rocha.
CASO NA JUSTIÇA
Esses problemas, entre outras questões suspeitas, levaram o advogado da coligação de Daniel Alonso (PSDB), Alysson Alex Souza e Silva, a pedir a impugnação da pesquisa eleitoral.
Além dos problemas apontados, também chama a atenção o endereço da empresa. Ele diz que verificou a fachada da empresa por meio de “fotos no Google Maps, mas não parece ser uma empresa estabelecida naquele lugar”.
O telefone registrado também provocou estranhamento no advogado. Apesar de a empresa ficar na capital do Estado, onde o DDD é 11, o número registrado possui DDD 18.
“Levei tudo isso ao conhecimento da Justiça Eleitoral”, diz o advogado.
METODOLOGIA
Segundo informações do TSE, a pesquisa deve abranger 420 entrevistados e segundo a metodologia informada a “abordagem utilizada consiste na aplicação de uma amostragem aleatória representativa da população residente em Marília, com 16 anos ou mais de idade”.
O documento diz ainda que “a amostra é selecionada em dois estágios sendo que no primeiro faz-se uma divisão da amostra proporcionalmente ao número de habitantes acima de 16 anos de idade dentro de cada párea geográfica intra-municipal”.
“No segundo estágio, para cada área geográfica, os respondentes são selecionados respeitando-se quotas proporcionais controladas por região geográfica, sexo e faixa etária, de acordo com o perfil da população em estudo”, diz o documento.
Segundo o registro, a margem de erro é de 4,4% para mais ou para menos e o índice de confiança é de confiança é de 95%.
Consta ainda que “após o trabalho de campo os questionários são criticados, codificados e digitados. São selecionados aleatoriamente 20% dos questionários para uma verificação posterior com ligações telefônicas para os números indicados nos formulários. Em caso de dúvida, o formulário é descartado e o entrevistador chamado para esclarecimentos”.
OUTRO LADO
A reportagem do Marília Notícia tentou contato com a empresa responsável pela pesquisa por meio do telefone informado para a Receita Federal, mas ninguém atendeu aos vários telefonemas feitos.
Também foram procuradas todas as assessorias de imprensa das coligações que disputam a Prefeitura de Marília, mas em todos os casos houve negativa de envolvimento com a contratação da pesquisa.

Registro mostra que empresa foi aberta no último dia 19 (Foto: Reprodução)