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14, abr / 2025, 1:12h Bom dia
Marília. Um nome de mulher. E não qualquer mulher — daquelas que chegam de mansinho, mas ficam pra sempre.
Marília acorda cedo. E quando desperta, o céu vira poesia. A alvorada aqui não é só luz: é uma aquarela indecente, que derrama rosa, púrpura, laranja e azul pelas ruas ainda meio quietas. Quem vê pensa que é milagre. E é.
No fim do dia, quando tudo parece desandar, ela se reconcilia com a gente. O pôr do sol de Marília é desculpa pra acreditar que, no fim, vai dar tudo certo. Como uma mulher que nos perdoa com o olhar, mesmo sabendo que estamos errados.
Marília tem cheiro de bolacha no ar — doce, familiar, quase maternal. Tem gosto de pastel no Hirata e saudade da infância passando pela Esmeralda. Tem tardes que pedem um café na padaria Orly, ou uma cerveja gelada no Chaplin, rindo alto com os amigos que a cidade nos deu.
Marília também sabe ser intensa. Torcer pelo MAC no Abreuzão é como amar alguém que vive te desapontando, mas você insiste — porque acredita. Porque sente.
Na rua São Luiz Marília pulsa, popular e viva, cheia de sacolas, passos apressados, gente que se esbarra e se reconhece. Cada loja tem uma história, cada esquina guarda um segredo de quem já amou, trabalhou ou apenas passou por ali.
E se você sobe um pouco, de algum canto alto, vê os vales ao redor, como braços que abraçam a cidade. Marília não é plana, nem perfeita. Mas é linda, com seus altos e baixos. Como toda mulher real.
Hoje ela faz 96 anos. E segue firme. De salto e chinelo. De sol e tempestade. De história e esperança. Não esconde os erros nem finge ser o que não é. Continua sendo essa mulher cheia de contrastes: ora meiga, ora brava; ora acolhedora, ora teimosa. Mas sempre bela. Sempre viva.
Marília tem alma. Tem nome de mulher. E tem lema de coragem: “símbolo de amor e liberdade”. Cidade que a gente ama — mesmo quando não entende. E talvez seja isso o amor: não entender tudo, mas ficar mesmo assim.