Marília já tem nove variantes e cepa de Manaus circulando na cidade
O Instituto Adolfo Lutz (IAL) divulgou o mais completo estudo sobre variantes do coronavírus que estão atingindo diferentes regiões de São Paulo. Em Marília e municípios vizinhos, foram encontradas pelo menos nove mutações do vírus. A variação chamada de P.2, descoberta inicialmente no Rio de Janeiro, é a predominante na região, presente em 60,6% dos casos.
A circulação de mais de uma variante de Manaus – as mais preocupantes – foi detectada em 12,12% das amostras de Marília, sendo 9,09% da B.1.128 e 3,03% da temida P.1, que seria a mais transmissível e versão do vírus responsável pela mudança no perfil etário da doença no país, em comparação com a primeira onda.
Na região de Marília foi constatada ainda 9,09% da variante que foi identificada pela primeira vez no Reino Unido (B.1.177) e provocou bloqueio internacional à ilha, no final do ano passado.
Conforme explica o professor de fisiopatologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Marília, Vitor Engracia Valenti, as variantes de Manaus e do Reino Unido são as que mais preocupam os cientistas atualmente.
“Esse monitoramento é muito importante, a fim de identificar padrões nestas variantes que possam provocar efeitos na pandemia. Há muitos questionamentos, que ainda serão respondidos, sobre a transmissibilidade e os efeitos do vírus no organismo”, explicou.
Ele explica que ocorreu uma ‘corrida’ entre as variantes e a falta de controle da pandemia é o que pode causar mais mutações no vírus, que se adapta para sobreviver.
Outras regiões
Em Bauru (distante 103 quilômetros de Marília) foram identificadas seis variantes em circulação. Na cidade vizinha, 39,4% das amostras analisadas pelo Adolfo Lutz são da P.1 de Manaus. Outras 38,16% da P2 identificada no Rio de Janeiro.
A propagação do vírus pelo país faz surgir variantes em vários estados. Minas Gerais (B.1.1.143) já tem uma cientificamente relatada, que foi encontrada em 17,65% das amostras da região de Sorocaba.
Já existe inclusive uma diversidade do vírus que foi identificado pela primeira vez no Estado de São Paulo. A variante B.1.1.91 e apareceu em 3,03% dos exames de Marília e região.
O levantamento do Instituto Adolfo Lutz concluiu que a pandemia está mesmo diferente, o que ajuda a explicar a mudança no perfil das vítimas. Mais agressivo ou não, o coronavírus já não é mais o mesmo.
A variante brasileira original (B.1.1.91) só aparece em 3% das amostras analisadas de Marília e região. Para o pesquisador, o surgimento de variantes mais agressivas pode prejudicar os esforços de combate à doença.
“A principal preocupação é a redução da eficácia das vacinas. Isso tem sido estudado e até agora, os fabricantes tem informado que a produção de anticorpos não tem sido afetada pelas variantes conhecidas”, disse Valenti.
O estudo completo, com todas as regiões de São Paulo, pode ser acessado no site do Instituto Adolfo Lutz.