Delegado acusado de matar adolescente obtém ordem judicial contra mãe da vítima

O delegado da Polícia Civil Vinícius Martinez, réu por matar a adolescente Katrina Bormio Silva, de 16 anos, com um tiro na saída de uma festa de peão, conseguiu na Justiça uma ordem que obriga a mãe da vítima a remover publicações feitas em suas redes sociais.
A decisão judicial também determina que as plataformas Facebook e Instagram bloqueiem o conteúdo em um prazo de até 15 dias.
O pedido foi formalizado em Assis, onde o delegado reside atualmente. Na época do crime, Martinez era morador de Marília e respondia pela delegacia de Getulina, com recente passagem pela DIG de Lins, como substituto.
Afastado do cargo – à pedido, por licença saúde -, ele responde a um processo criminal por homicídio e também a um procedimento administrativo que pode levar à sua demissão da Polícia Civil.
SILÊNCIO NAS REDES
No seu pedido à Justiça, Vinícius Martinez alegou que as postagens da mãe da jovem prejudicam sua imagem, ressaltando que ainda não houve uma condenação no caso.

O juiz André Luiz Damasceno Castro Leite, da 3ª Vara Cível de Assis, concedeu a decisão favorável ao delegado, fundamentando sua decisão na presunção de inocência e na dignidade da pessoa humana.
A mãe da vítima foi acionada juntamente com as empresas Instagram Meta Platforms Ins. e Facebook Serviços On Line do Brasil Ltda. No início da queda de braço, teve pedido de sigilo no processo [contra a mãe e as empresas de tecnologia] por parte do delegado. Mas a Justiça negou.
INDIGNAÇÃO
A mãe da menor usou redes sociais para manifestar sua indignação, diante da decisão. Ela anunciou que tomará medidas legais para garantir seu direito de falar sobre a perda da filha e diz que nunca divulgou informações sigilosas do processo ou falsas.
Disse ainda que utiliza apenas dados públicos e que já foram noticiados.
CRIME
O delegado estava no evento quando teria ocorrido uma confusão entre um suspeito e policiais militares. Martinez sacou sua arma e disparou, mas nenhum tiro atingiu qualquer alvo relacionado a confusão ou serviu de advertência para detenção de suspeito.
Um dos disparos acabou atingido Katrina, que tinha 16 anos e estava deixando o local, em direção à dispersão, onde encontraria o pai para ir embora. A jovem morreu no local.
Katrina era filha única. A mãe trabalha na área da saúde. Em um vídeo nas redes sociais, a mulher relatou que tanto ela quanto seu marido enfrentam problemas de saúde após a tragédia e sofrem com a lentidão do processo.
Com a ação movida pelo delegado, ela pode ser obrigada a pagar multas e honorários advocatícios, caso as suas manifestações sejam julgadas ofensivas a Vinícius Martinez, ainda não sentenciado pela morte de Katrina.