Bloqueio ao TikTok nos EUA entra em novo impasse
A novela do bloqueio do aplicativo chinês TikTok nos Estados Unidos entrou em um novo impasse na noite desta quinta-feira, 12, depois que o Departamento de Justiça americano (DoJ, na sigla em inglês) disse que vai apelar de uma decisão da Justiça da Pensilvânia datada de 30 de outubro. Assinada pela juíza Wendy Beetlestone, a ordem não permitia que o governo impusesse restrições ao TikTok, que é de propriedade da chinesa Bytedance.
A declaração do DoJ muda o jogo e o recado vindo de Washington – na mesma semana, o Departamento de Comércio dos EUA afirmou que iria seguir a orientação da juíza da Pensilvânia, mesmo defendendo “vigorosamente suas próprias ações”. Procurado pela agência de notícias Reuters, o TikTok não comentou imediatamente o assunto.
É mais um capítulo de indefinição em uma novela que se arrasta desde o meio do ano, quando o governo de Donald Trump afirmou que o TikTok e seu compatriota WeChat ofereciam riscos à segurança nacional, uma vez que coletavam dados de 100 milhões de americanos e supostamente os repassavam ao governo chinês. O TikTok nega as acusações, que nunca foram baseadas em provas. É algo que a juíza da Filadélfia reconheceu: “as descrições de ameaças do governo são sempre explicadas em termos hipotéticos”.
Em agosto, porém, o governo americano assinou uma ordem executiva que forçava a Bytedance a entrar em acordo com uma companhia local caso quisesse continuar prestando serviços nos EUA. Desde então, a chinesa tem negociado com o Walmart e a Oracle para transferir seus ativos nos EUA a uma nova companhia, chamada de TikTok Global. Na última terça-feira, a empresa pediu uma extensão de 30 dias do prazo que tinha para conseguir fechar o acordo. No entanto, o DoJ pediu na última quarta-feira que a questão de segurança nacional fosse resolvida antes de concordar com qualquer negociação.
A conversa fica ainda mais confusa porque, em setembro, Trump havia dito que a venda ao Walmart e a Oracle tinha sua “bênção”. Vale lembrar ainda que a negociação beneficia o próprio presidente, ao menos de forma indireta: hoje, nos EUA, o Walmart é o principal rival da Amazon, que já sofreu inúmeras críticas do republicano. Já a Oracle foi fundada por Larry Ellison, um raro nome do Vale do Silício que é próximo ao presidente, derrotado nas urnas em sua campanha de reeleição recente.