Brasileiro de 22 anos está a um jogo da chave principal de Roland Garros
O nome Gustavo, em Roland Garros, desperta muitas lembranças, ainda mais quando se refere a um tenista brasileiro. Gustavo Heide, paulistano de 22 anos, está a um jogo de seguir os passos do xará famoso, Gustavo Kuerten, e entrar pela primeira vez na chave principal de um Grand Slam.
Em um jogo marcado por variações climáticas e uma longa interrupção devido à chuva, Heide, número 174 do ranking mundial, derrotou o chinês Bu Yunchaokete (7/5 e 6/3). Foi sua segunda vitória no qualifying, o torneio classificatório que dá direito a um lugar entre os 128 tenistas da chave principal.
Em sua primeira tentativa, Heide decidirá a vaga nesta quinta-feira (23) contra o italiano Matteo Gigante, nascido um mês antes do brasileiro e 37 posições à frente dele no ranking mundial. Assim como Heide, Gigante nunca conseguiu “furar” um qualifying de Grand Slam, mas tem um pouco mais de experiência: está na quinta tentativa.
Heide falou à reportagem na saída da quadra, enquanto atendia os meninos franceses que assediam todos os jogadores, conhecidos ou não, aos gritos de “monsieur, monsieur!”.
Ele disse que “não pensar” foi o segredo para jogar os pontos decisivos –a partida foi interrompida quando ele precisava de apenas dois games para vencer.
“A última coisa que eu fiz foi pensar muito. Se eu ficasse pensando, com certeza ia me atrapalhar um pouco ali para fechar o jogo. Então, tentei pensar o menos possível para conseguir jogar bem um game normal”, afirmou Heide.
Campeão das duplas nos Jogos Pan-Americanos de Santiago ao lado de Marcelo Demoliner, Heide disse ainda que precisou se adaptar às mudanças climáticas durante a partida contra Yunchaokete.
“Teve hora que ventou, teve hora que fez sol, teve hora que a gente jogou debaixo de chuva. Acho que faz parte. Tem que estar preparado para tudo e não deixar isso te atrapalhar.”
Ele afirmou que espera mais um jogo duro contra o italiano Gigante, mas demonstrou confiança e acredita que tem “grandes chances” de fazer mais um bom jogo e sair com a vitória.
“Cara, eu tô muito feliz de estar no meu primeiro Grand Slam, na primeira final de quali. Agora é aproveitar esse momento”, disse, acrescentando que seu objetivo em Paris é jogar o melhor possível.
“Claro que eu quero ganhar jogo, claro que eu quero furar [o qualifying], mas o importante era estar me sentindo bem dentro de quadra. Ainda mais que eu não fiz duas semanas tão boas aqui na Europa antes de Roland Garros.”
Heide falou também sobre o legado deixado pelo tricampeão Gustavo Kuerten. “O Guga com certeza é muito lembrado aqui, tem um grande nome, sem dúvidas. Então é também aproveitar isso né, o nome, e seguir firme.”
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POR ANDRÉ FONTENELLE