Médica lembra o dia que ganhou frangos de presente
A vida como médico, especialmente na Atenção Primária, junto às comunidades afastadas dos núcleos urbanos, rende muitas histórias. Algumas delas estão no podcast Marília Notícia Entrevista, transmitido nesta quinta-feira (7), com relatos da superintendente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Marília (HC/Famema), Paloma Libânio Nunes.
Especialista em Medicina de Família e Comunidade, Paloma falou sobre o desafio de administrar o complexo de saúde durante a histórica crise sanitária, sobre as perspectivas para o pós-pandemia e contou muitas histórias. Entre elas, a do dia em que foi presenteada com três frangos.
“Eu trabalhava em uma comunidade rural, quando um paciente, que eu atendia a família toda, me procurou e disse: ‘doutora, preciso tanto te agradecer e nem sei como’. É uma sensação de gratidão muito genuína que a população tem”, contou a médica.
“Eu sempre passava com o mesmo carro para buscar meu marido no trabalho. O que eu ganhava dos pacientes, colocava no porta-malas. Era ele [marido] quem tirava. Naquele dia, quando ele abriu o carro, tinha três frangos piando. E o paciente não deu só os frangos, também deu o milho, porque disse que tinha que terminar de criar, antes de matar”, lembrou Paloma, que morava em um apartamento na época.
A superintendente ressaltou a importância do diálogo, sobre o compromisso que todo profissional de saúde deve ter – levado à sério no Hospital das Clínicas – de conversar com o paciente, explicar o que é possível ou não em relação ao atendimento.
“O que falta hoje em dia é conversa, diálogo. Muita gente me procura para pedir consulta, exame, internação fora da regulação [fila de espera, com classificação de risco]. Se explicarmos o porquê de tudo, as pessoas entendem, vão compreender que precisamos atender primeiro quem tem mais urgência. É preciso conversar mais”, afirmou.
Confira a íntegra da entrevista: