Roteador Google Wifi com tecnologia Mesh chega ao Brasil
Para muita gente, o roteador de internet responsável pela conexão residencial é como um encanamento de água ou um fio de energia: a sua existência só é percebida quando tem alguma coisa errada. Assim, não é uma tarefa fácil convencer o consumidor a abrir a carteira para produtos nessa categoria. É um desafio que o Google decidiu enfrentar. Nesta quinta, 14, a gigante lança no Brasil o Google Wifi, seu roteador com tecnologia mesh lançado em 2016 nos EUA. O equipamento chegará custando R$ 1 mil (venda unitária) e R$ 2 mil (kit com três equipamentos).
Esse é o segundo (e último, segundo a empresa) lançamento de hardware do Google no País em 2021 – em abril, a companhia trouxe a caixa de som Nest Audio. Agora, o Google acumula quatro lançamentos por aqui, mas esse é o primeiro dedicado à conexão de internet. O foco antes era em consumo de conteúdo: além do Nest Audio, estão à venda por aqui a caixinha de som Nest Mini e o dispositivo para TVs Chromecast.
Com operadoras de internet oferecendo gratuitamente roteadores com conexão Wi-Fi em praticamente todos os tipos de planos, o consumidor nacional acostumou-se a não ter que pagar por equipamentos do tipo. Em casos de necessidade, é possível também encontrar roteadores e repetidores de sinal por valores abaixo de R$ 200. Então, como esperar que o brasileiro se empolgará com o Google Wifi?
“O Google Wifi traz um salto para os roteadores comparável ao que aconteceu na troca entre os celulares básicos pelos smartphones”, diz ao Estadão Vinicius Dib, diretor de dispositivos do Google para a América Latina. Além de apostar em conexões mais estáveis e área de cobertura maior nas residências (entenda a tecnologia Mesh abaixo), o executivo aponta para o design e para o app de serviços associado ao Google Wifi. Por meio do app do Google Home, é possível criar controles parentais e controles da rede para visitantes , direcionar a melhor conexão possível para eletrônicos específicos e realizar testes de conexão para saber se a operadora está entregando as velocidades contratadas.
Sob esse aspecto, o Google Wifi é visto como pedra fundamental da casa conectada, um futuro imaginado e planejado pela gigante há alguns anos, mas que ainda não se tornou realidade na maioria das residências brasileiras. Com o crescimento de eletrônicos conectados e espalhados por diversos cômodos, é necessário que a conexão de internet tenha qualidade. Sem isso, o futuro da casa não será “inteligente”. Segundo uma pesquisa do próprio Google com 1.500 brasileiros, sete em cada dez entrevistados já tiveram problemas em algum ponto ou cômodo da casa em que a internet não funciona ou apresenta instabilidade. Em média, eles têm de dois a cinco aparelhos conectados à rede sem fio de casa ao mesmo tempo.
Ao funcionar com tecnologia mesh, o Google Wifi promete chegar em mais pontos da casa – esse é o motivo pelo qual a empresa está comercializando o kit com três equipamentos. Cada ponto do Google Wifi consegue cobrir uma área de 110 m². Ou seja, o kit cobre 330 m². O ponto único cobre uma área mais do que suficiente na maioria das residências brasileiras – Dib aposta que o maior volume das vendas será da peça unitária. Porém, o kit deve ganhar espaço em casas maiores e até em pequenos negócios (não há limite para a área coberta pela tecnologia mesh).
Em relação ao preço e à percepção de valor de um roteador, o executivo conta que trabalhará junto das operadoras para “educar” o consumidor sobre as qualidades do seu aparelho. “As operadoras de internet são muito grandes, o que torna impossível que elas mantenham a melhor tecnologia disponível de roteadores para todos os clientes. Precisamos mostrar para as pessoas que vale a pena investir em um aparelho do tipo para que ele tenha a melhor experiência possível”, diz. Ele, porém, não dá detalhes de como essas parcerias com as operadoras irão acontecer.
O que é Wi-Fi mesh?
Wi-Fi mesh é uma tecnologia para aumentar o alcance de redes sem fio sem perda de qualidade no sinal. O objetivo é parecido com o dos repetidores de sinais, de eliminar “pontos cegos” na casa, mas as redes mesh garantem performance melhor. Isso acontece porque cada dispositivo se conecta ao outro formando uma grande malha – é como se o sinal de um único roteador chegasse mais longe. Os repetidores tem funcionamento mais atrasado: ele pega o sinal do roteador e cria uma nova rede.
Assim, a casa de quem usa repetidores tem várias redes Wi-Fi. Por exemplo, se o roteador está na sala e o repetidor está no quarto, o usuário verá duas redes diferentes – e a cada mudança de cômodo será necessário se conectar à rede correspondente. Já a tecnologia mesh disponibiliza uma única rede, composta por vários dispositivos (também chamados de nós), que detecta qual é o melhor ponto para que os eletrônicos da casa se conectem.
Embora smartphones sejam capazes de detectar e mudar de redes Wi-Fi automaticamente (como acontece quando há repetidores pela casa), essas mudanças causam instabilidade na conexão do usuário. Uma rede mesh contorna esse problema ao escolher automaticamente qual nó servirá melhor o usuário – e nunca exige mudança manual, pois a malha funciona como um único sinal.
Além disso, roteadores comuns costumam criar sinais diferentes para os tipos de frequência pelas quais opera – atualmente, a mais comum são as bandas de 2,4 GHz e 5 GHz. Essas duas frequências também costumam ser reproduzidas por repetidores, então é comum que o usuário acabe com quatro redes Wi-Fi diferentes em casa (e cabe a ele decidir qualé a melhor). Os equipamentos de rede mesh costumam também gerenciar automaticamente as melhores frequências no momento de uso – é o caso do Google Wifi, que opera nas duas bandas. Tudo isso reduz interferências no uso.
Por fim, repetidores deterioram a qualidade do sinal original, reduzindo a velocidade de uso. As redes mesh, por operarem no esquema de um “único corpo”, conseguem manter a capacidade máxima do sinal original.