Ovo bate recorde de preço e preocupa comerciantes e consumidores

O preço dos ovos acompanhou o movimento de alta registrado em todo o país e disparou em Marília. Empresários do setor relatam dificuldades para manter o abastecimento e apontam fatores como custos elevados de produção, aumento da demanda e mudanças no mercado como responsáveis pela escalada dos preços.
Flávio Queiroz, comerciante do setor na cidade, afirma que nunca viu valores tão altos, nem mesmo durante a greve dos caminhoneiros ou a pandemia de Covid-19. “O calor excessivo reduziu a produção, os insumos das galinhas são cotados em dólar e o consumo aumentou com a volta às aulas. Além disso, a entrada da JBS no mercado do ovo coincidiu com essa explosão de preços”, explica.
Segundo o empresário, a caixa de ovos tipo extra com 360 unidades, que custava cerca de R$ 124 há 40 dias, hoje está em torno de R$ 210 – e ainda há previsão de novos aumentos com a chegada da Quaresma, período tradicionalmente marcado pelo aumento do consumo.

A alta em Marília reflete uma tendência nacional. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o preço do ovo atingiu níveis recordes no Brasil, impulsionado pela combinação de oferta reduzida e maior demanda por proteínas acessíveis. O cenário é agravado por custos elevados de ração e energia, além de impactos climáticos sobre a produção avícola.
Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que as exportações brasileiras de ovos cresceram em janeiro, registrando o melhor desempenho desde junho de 2023. No entanto, elas ainda representam menos de 1% da produção nacional, mantendo a maior parte do produto no mercado interno.
O aumento no preço do ovo tem pressionado o orçamento das famílias, especialmente em um momento de persistência da inflação de alimentos. Considerado uma das fontes de proteína animal mais acessíveis, o produto tem se tornado menos viável para parte da população.

Segundo Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, os custos da produção subiram significativamente nos últimos meses. “O milho, principal componente da ração, teve alta de mais de 30% no último semestre. Além disso, os preços de embalagens, como papelão e plástico, também aumentaram”, explica.
A expectativa é que os preços comecem a recuar somente após a Quaresma, com a normalização da oferta e possível queda nos custos de produção. No entanto, especialistas alertam que a volatilidade dos preços dos insumos e as condições climáticas seguirão influenciando o mercado nos próximos meses. Enquanto isso, produtores e indústrias buscam estratégias para equilibrar a oferta e a demanda, garantindo a acessibilidade do produto sem comprometer a viabilidade do setor.