Mariliense relata momentos de tensão na Rússia
Um mês após a ofensiva armada da Rússia contra a Ucrânia ter tido início, o mariliense Vitor Kaizer de Souza, de 22 anos, finalmente conseguiu voltar para o Brasil.
O estudante, que estava em Moscou, chegou em São Paulo nesta quarta (23) e deve vir para Marília já nesta quinta-feira (24).
O jovem é graduando em letras e trabalha em uma empresa de games. Ele estava no país gelado desde o começo de novembro de 2021, por causa da noiva russa, que conheceu durante um intercâmbio. Esta foi a segunda vez que o mariliense esteve naquela nação.
Em entrevista ao Marília Notícia, quando ainda estava em Moscou, o estudante relatou os momentos de tensão vividos antes e durante a guerra.
Segundo o jovem, apesar dos rumores [antes do embate], o clima era de tranquilidade. “Havia rumor de uma guerra mais política. Estava muito tranquilo, todos trabalhando, felizes com o término do ciclo de pandemia. Os países começaram a abrir, o turismo tinha começado a aumentar. Antes do ataque estava tudo muito legal.”
No dia do primeiro ataque, no entanto, a população foi pega de surpresa e as consequências da guerra já começaram a ser sentidas no bolso quase que imediatamente.
“Todo mundo acordou normal. Eu fui no mercado e vi que os produtos estavam muito caros, nem sabia do ataque. Naquele dia, a moeda russa caiu 30%. Quando vi o preço dos itens, não entendi. O leite – que custava R$ 5 – estava R$ 13, já na conversão. Então, comecei a olhar as notícias”, disse na ocasião.
De acordo com o mariliense, o choque foi grande. “Todo mundo chorando. Foi bem triste. A Rússia e a Ucrânia são países irmãos. O povo é bem próximo um do outro. Muitos ucranianos moram aqui [na Rússia] e muitos russos moram lá.”
Ainda quando estava no país estrangeiro, o estudante afirmou que o clima estava tenso. Mais da metade da população seria contra a guerra.
Na ocasião, Souza vivia pavor. “Eu me sinto receoso por estar no meio de tudo isso e tão longe. Você nunca sabe como uma guerra dessas pode se emergir, quais são os próximos passos do ataque, aqui [na Rússia] ou lá. Pretendo sair urgente”, disse.
Ao MN, o mariliense contou que no início do mês muitos voos foram cancelados na Rússia e os preços das passagens estavam exorbitantes, o que dificultou sua saída do país.
“A principal dificuldade para conseguir o voo para o Brasil foi o valor. Depois que o conflito começou, o território aéreo da Rússia ficou bem fechado. As únicas companhias que ainda funcionam estão bem caras”, contou na ocasião.
Ao sair da Rússia de forma antecipada por causa da guerra, o estudante trouxe a noiva. “A gente já planejava voltar para Marília, mas não assim na correria, desse jeito. Isso tudo aconteceu e a gente teve que mudar os planos”.
Desde Souza tinha chegado à Rússia, em novembro, a moeda do país – rublo russo – teve queda de aproximadamente 45%.
Muitas empresas estrangeiras estão saindo da Rússia e as pessoas perdendo dinheiro. A situação econômica é grave. “Várias marcas americanas e europeias estão saindo. O dinheiro não está valendo mais nada.”
Mesmo com a experiência negativa que passou na Rússia, o mariliense espera poder voltar um dia.
“A Rússia é incrível, independente de tudo. Aqui é minha segunda da casa. Na primeira oportunidade, com certeza, vamos voltar. Agora vou focar na minha faculdade em Marília. Quando terminar, talvez eu retorne, principalmente depois que tudo isso se resolver”, finaliza.