Prefeitura gastou R$ 60 mil com marmitas emergenciais
A Prefeitura de Marília gastou ao menos R$ 60 mil com dispensa de licitação entre março e maio deste ano com um único fornecedor, o Bar e Lanchonete Itapuãzinho, localizado na zona Norte de Marília.
Foram oito pagamentos de R$ 7,5 mil feitos pela Coordenadoria de Serviços de Limpeza Pública, Secretaria Municipal de Agricultura Pecuária e Abastecimento, Secretaria de Obras Públicas, Esporte e Lazer, Cultura, e Direção e Coordenação.
Nos dias 24 de março e 5 de maio, foram feitos dois pagamentos de R$ 7,5 mil para a empresa – ou seja, R$ 15 mil em cada uma dessas datas. Já nos dias 16 e 23 de março, além de 11 de maio, foram pagamentos unitários de R$ 7,5 mil.
Os dados constam no Portal da Transparência da Prefeitura e dizem respeito a “fornecimento de alimentação”, principalmente, para manutenções na infraestrutura urbana e rural, limpeza pública, além de realizações de eventos culturais e festividades.
Os recursos saíram dos programas “Fomento à Cultura”, “Marília Urbanizada”, “Marília Mais Ativa”, “Desenvolvimento Serviços Urbanos”, “Desenvolvimento Rural”.
A maior parte dos recursos saíram da secretaria de Esporte e Lazer e da secretaria de Obras Públicas – R$ 15 mil cada.
A reportagem conversou com funcionários do restaurante que explicaram a situação. Eles teriam sido procurados “de forma emergencial” pela administração junto com outras quatro empresas para fornecer marmitas para detentos do regime semiaberto que prestam serviços para a Prefeitura.
Apenas três empresas teriam informado ter condições de fornecer os produtos na quantidade necessária e a que pediu valor mais baixo teria sido escolhida. “Foram mais de 5 mil marmitas fornecidas”, disse um funcionário ouvido pelo Marília Notícia.
De acordo com ele, posteriormente foi aberta uma licitação onde outra empresa ganhou e passou a fornecer as marmitas para a administração municipal.
A reportagem apurou que em março, a cozinha piloto, que há mais de 20 anos era responsável por fazer essas marmitas, foi transformada em uma espécie de central de distribuição. “Era mais caro fazer aqui as marmitas do que encomendar pra fora”, disse um trabalhador do departamento ouvido pela reportagem.
Questionado pela reportagem, o secretário da Fazenda Levi Gomes afirmou que se tratou de um contrato emergencial, onde aos valores de R$ 7,5 mil eram parcelas “de uma mesma ata”. Ele também esclareceu que as marmitas também eram para vigilantes e outros trabalhadores.
“Como foi emergencial poderíamos comprar até um pouco mais de R$ 80 mil que não teria problema. Tanto é que acabou o contrato emergencial e abrimos outra licitação, que outra empresa ganhou”, disse.
O prefeito Daniel Alonso publicou uma nota e um vídeo explicando a situação. Confira abaixo na íntegra.
“Aqueles que distorcem as informações sobre o consumo da administração em um restaurante da cidade, sabem o que realmente isso significa. No entanto, para que ajudar se podem atrapalhar, não é mesmo?
Por isso, vamos esclarecer essa história de uma vez por todas. Volto a afirmar que as decisões administrativas estão no Portal da Transparência (o terceiro melhor do Brasil) e seguem os trâmites exigidos como em qualquer serviço público.
Nesse caso, por exemplo, fizemos uma grande economia deixando a cozinha piloto atuar apenas como centro de distribuição dos alimentos às escolas e transferimos a produção de marmitas para os reeducandos (que estão nos ajudando muito com a zeladoria da cidade).
Essas marmitas são oferecidas agora por um restaurante que apresentou o menor preço. Isso é gestão dos recursos, gestão do dinheiro público, respeito com o dinheiro dos marilienses”.