Marília

Marília tem mais de 20 mil pessoas com dificuldades para se alimentar

Famílias aguardam para receber cestas básicas em Marília (Foto: Divulgação)

Ações que buscam doações de alimentos para famílias vulneráveis aumentaram, com a intensificação do trabalho de entidades e também iniciativas dos governos.

Em Marília, dados oficiais indicam que 20.154 pessoas estão vivendo na extrema pobreza ou na pobreza. Outras 14.454 contam com menos de R$ 550 por mês, o que não garante as necessidades de moradia, transporte a alimentação.

Os dados são da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social e podem estar subnotificados, já que a cada semana o número de famílias em dificuldade aumenta.

A pasta coleta informações pelo CadUnico (Cadastro Único da Assistência Social), onde já estão inscritas 46.181 pessoas (17.851 famílias), ou seja, 19% da população, a grande maioria em núcleos familiares pobres ou extremamente pobres.

Simone dos Passos, de 33 anos, uma das marilienses que recebem auxílio do Bolsa Família (Foto: Carlos Rodrigues/Marília Notícia)

A secretária titular da pasta no município, Wania Lombardi, lembra que das 17.851 famílias inscritas, só 6.448 recebem o Bolsa Família.

Para complicar ainda mais a situação, há a possibilidade do número de marilienses ‘empurrados’ para a miséria aumentar com o avanço da pandemia.

“Além das pessoas que vivem na miséria e abaixo da linha da pobreza, temos novas pessoas que estão entrando nessa situação. São trabalhadores que eram funcionários de buffets, de cabeleireiros, em festas, auxiliares de cozinha. Nesse abre e fecha, abre e fecha, muita gente perdeu o emprego”, disse Wania.

Os ‘novos pobres’ são pessoas que não estão acostumadas a pedir ajuda. Não fazem parte dos cadastros e que agora estão buscando tanto o Poder Público, quanto as entidades.

Amigos do Bar, organização voluntária (Foto: Divulgação)

TERCEIRO SETOR

A constatação da secretária é sentida em organizações como o ‘Amigos do Bar’, liderada pelo aposentado e voluntário Tadaumi Tashibana.

“Atendemos muitas pessoas, a maioria mulheres. Já tinham renda muito baixa e agora, com a pandemia, a situação está ainda pior. São histórias tristes, tantas dificuldades que acabamos indo além da doação de alimentos, ajudando também na questão dos direitos”, explica Tadau, como é conhecido.

Na zona Sul, a ONG ‘Alimento Sim, Fome Não’ também viu os pedidos de ajuda se multiplicarem nos últimos meses. “As pessoas chegam desesperadas, muitas delas sem ter o que colocar no fogão. Graças a Deus as doações estão chegando, mas a necessidade aumentou demais”, conta Amauri Gonzaga.

Com uma Kombi adesivada, os voluntários percorrem os bairros da zona Sul, tanto para entregar alimentos, quanto para arrecadar. O que chama a atenção, diz o líder comunitário, é a solidariedade de quem tem pouco.

“Pessoas que tem uma vida simples, mas que estão em uma condição melhor, ajudam. Isso é muito gratificante. Temos algumas doações grandes, mas no geral, é o povo ajudando o povo”, disse Gonzaga.

Secretária de Assistência Social, Wania Lombardi (de vermelho e máscara azul), em ação que distribui alimentos (Foto: Divulgação)

POLÍTICA PÚBLICA

A ação de entidades não substitui o Poder Público. A secretária de Assistência Social, que prestou contas em audiência pública, na manhã desta quinta-feira (29) na Câmara Municipal, disse que o atendimento está funcionando, inclusive com entrega de alimentos a pessoas que buscam de forma eventual em função da pandemia.

Desde o início da pandemia, em março do ano passado, a pasta entregou mais de 9 mil cestas básicas. Nesse primeiro semestre foram adquiridas 6.200 kits de alimentos e a meta é comprar mais 5 mil até julho.

A secretaria, que mantém projetos como as ‘Casas do Pequeno Cidadão’ e atendimentos nas unidades do Centro de Referência em Assistência Social (Cras), executou despesas de R$ 20 milhões em 2020. Desse total, R$ 4,1 milhões (21%) foram repasses federais.

Morador recebe cesta básica do poder público em Marília (Foto: Divulgação)

“Somente nos serviços de atendimento que temos no município, servimos 50 mil refeições por mês, sem contar o Bom Prato”, disse Wania.

Outra organização que também tem resultados expressivos a apresentar, em relação a segurança alimentar, é o Fundo Social de Solidariedade.

O grupo liderado pela primeira-dama, Selma Regina Alonso, arrecadou, apenas em uma ação, 2,4 toneladas de alimentos, em parceria com instituições e entidades do município, como o Corpo de Bombeiros, Tiro de Guerra e clubes de serviço.

No ano passado, em menos de três meses, foram arrecadadas e doadas mais de 10 mil cestas básicas, inclusive com a participação de grandes empresários.

Primeira-dama, Selma Regina Alonso, durante entrega de alimentos na zona Sul da cidade (Foto: Arquivo/Prefeitura de Marília)

VACINA

Marília aderiu à campanha proposta pelo Estado, para incentivar a doação durante a vacinação contra o coronavírus. Quem for receber a sua dose do imunizante, está sendo incentivado a levar um quilo de alimento não perecível.

A ação é comandada, na cidade, pela Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, com apoio do Fundo Social de Solidariedade.

DOE ALIMENTOS

A população pode continuar colaborando com a doação de alimentos. A sede do Fundo Social fica na rua 9 de Julho, 1.600, entre a rua 24 de Dezembro e a avenida Santo Antônio.

O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (14) 3417-6650.

Ação da ONG ‘Alimento Sim, Fome Não’, na zona Sul da cidade (Foto: Divulgação)

Carlos Rodrigues

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