Polícia

‘Fica em cima, procura onde está, o que está fazendo’, apela pai de jovem assassinado

Guilherme (na foto), segundo o pai, foi vítima da vulnerabilidade emocional e da violência (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)

A confirmação de que o corpo encontrado no Parque das Azaleias (zona sul) é de Guilherme de Souza Silva, de 26 anos, reforça um alerta e revela a dor de uma família que viu seu filho ser tragado pela violência e dependência.

O jovem foi encontrado amarrado e amordaçado no porão de um barraco abandonado, com sinais de violência.

O pai do jovem, Edvaldo Batista da Silva, residente no bairro Santa Clara, descreve Guilherme como “um menino bom”, “tímido”, com “mentalidade infantil e sem inimigos”.

Ele conta que o filho enfrentava dificuldades cognitivas e emocionais desde a infância, resultado de um diagnóstico precoce e falta de tratamento. “Era uma criança de 26 anos”, define.

Edvaldo relata que o rapaz fazia pequenos serviços eventuais, mas deixou de estudar e não tinha trabalho fixo. As drogas surgiram na sua vida, segundo o pai, por influência de falsos amigos. “Nenhum deles estava no enterro, só a família e algumas poucas pessoas que gostavam dele de verdade”, disse.

A família ficou incomodada com a divulgação de apuração preliminar que apontou que o rapaz estaria morando na favela do Parque das Azaleias há alguns meses. O pai diz que ele tinha um amigo lá naquela região (em quem a família tinha confiança) e que o jovem acabou indo ficar com essa pessoa por alguns dias, após um desentendimento familiar.

O rapaz nunca foi colocado para fora de casa, o que gerou críticas nos últimos anos, revela o pai. “As pessoas sempre querem dizer o que você tem que fazer. Quantas vezes eu fui criticado porque deixava ele em casa, não o expulsava, apesar da situação dele”, pontua.

Edvaldo acredita que Guilherme foi atraído para consumo de drogas e acabou sendo roubado. “Mataram para levar o dinheiro dele… O cara pegou o dinheiro e fez isso”, afirma. Ele reforça que o filho era ingênuo. “Ele não fazia dívida, não devia nada. Pelo contrário, acabava pagando para os outros.”

O pai fez um apelo emocionado e conselho a outros pais. “Fica em cima, procura onde está, o que está fazendo… Não importa a idade, eles precisam de atenção. Compensa você trabalhar tanto, fica tão ausente, mas não conseguir acompanhar seu filho?”, questiona.

DINHEIRO NA MÃO

Guilherme teria recebido cerca de R$ 800 por um serviço prestado na sexta-feira (6), tendo sacado, segundo o pai, R$ 300 pela manhã para consumo de drogas e guardado o restante para comprar um celular.

Ele foi visto pela última vez naquele dia, quando jantou com o pai e voltou para buscar o dinheiro. No sábado (7), não apareceu para o café nem almoçou, o que gerou preocupação, pois “não é de sumir assim”, segundo o relato de Edvaldo.

Por estas situações, a polícia acredita que ele tenha se envolvido com uma terceira pessoa, exceto o amigo que o levou para as imediações do Azaleias. Com esse suspeito (ou grupo), pode acabar tendo sido vítima de roubo e assassinato.

A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) segue em diligências para reunir provas e esclarecer autoria e motivação do crime. Laudos periciais estão sendo aguardados e desdobramentos podem ocorrer nos próximos dias.

Carlos Rodrigues

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