Fernanda Mesquita Serva fala sobre luta no Dia da Mulher
“Os direitos humanos da mulher são um processo de luta. Não existe a possibilidade de parar de lutar”. A frase é da pró-reitora de Ação Comunitária da Universidade de Marília (Unimar), Fernanda Mesquita Serva em entrevista ao Marília Notícia sobre o Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta quarta-feira (8).
Com graduação e mestrado em Direito, Fernanda é doutoranda também em Educação e engajada em diversas ações sociais. Possui especializações, vasta publicação acadêmica e advoga. Uma profissional e gestora reconhecida. Sem dúvida, uma mulher empoderada – termo bastante em voga.
Ainda assim, Fernanda percebe o machismo e o preconceito cotidianamente, seja com piadas de mau gosto ou no que ela chama de “micromachismos” que são “tão presentes no nosso dia-a-dia”.
De acordo com Mesquita Serva, “em tese as mulheres conquistaram Direitos iguais, mas na prática não é o que acontece”.
A pró-reitora cita alguns dos “micromachismos” do dia-a-dia: “O trocador [de bebês] é sempre no banheiro feminino, nunca no masculino. No ambiente de trabalho, as mulheres são olhadas, assediadas. A mulher vai sozinha no ‘boteco’, pensam que ela está atrás de homem. Essas coisas são um câncer”.
Para Fernanda é preciso combater esse tipo de atitude, se posicionar sempre e não deixar “passar em branco”. Não naturalizar as atitudes machistas e criticar o comportamento que ainda impera também são partes desse processo de luta.
“As vezes alguém fala: ‘ah, meu marido me ajuda em casa’. Não tem que ajudar. Tem que dividir”.
Nos brinquedos das crianças essa naturalização aparece de forma gritante, aponta Fernanda. “A menina ganha a casinha de boneca, as louças e o menino ganha um super herói. Temos que passar a dar a louça para o menino também”.
Causa de um grande mal estar, de acordo com a entrevistada – e que também aparece no discurso de praticamente todas as ouvidas pelo MN para a série especial de matérias alusivas a data – é que em “determinado processo histórico, a mulher lutou por esse papel de sair da vida privada, ir para a vida pública, mas, em contrapartida, o homem não fez o movimento de vir para a vida privada, ou seja, dividir as responsabilidades domésticas”.
Fernanda enfatiza que não é preciso violência para vencer esses desafios, mas posicionamento. “Que o privilégio de ser mulher permita-nos construir um mundo melhor”, finaliza.