Eleições 2016: Marília Notícia entrevista Juliano Ferreira
O Marília Notícia realizou nesta semana uma rodada de entrevistas com os candidatos a prefeito de Marília.
Neste link o entrevistado é Juliano Ferreira do Solidariedade. São respondidas perguntas que são de interesse dos eleitores, e que mostram um pouco das propostas de governo. Confira abaixo.
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Marília Notícia – Está todo mundo achando que o senhor está com o Camarinha e se lançou nessas eleições porque o Vinícius quer dividir votos. Queria que falasse sobre isso.
Juliano – Essa tática, candidatos de aluguel, tal fulano está ajudando o outro para poder tirar voto do terceiro, do segundo, para poder favorecer o primeiro. Isso não é de hoje. Em todas as campanhas se torna o mote de alguma pessoa fazer campanha dessa maneira. É mentira não tem verdade nenhuma. Tanto não é verdade que somos oposição à administração do Vinícius Camarinha, não achamos que ele mereça continuar no governo municipal porque não tem nada que me faça acreditar que ele seria um bom prefeito em uma reeleição. Costumo falar em nossos discursos que o que eu mais gostaria hoje era falar para a população: “olha, vamos reeleger o prefeito”. Quando uma população pede para reeleger um prefeito é porque ele foi um bom prefeito. Não temos essa situação aqui em Marília. Porque ele não foi um bom prefeito. Nós não temos a situação de pedir votos para o candidato do PSDB, pois não compactuamos dos planos apresentados por ele. E também o currículo dele e do vice dele não favorecem em nada a cidade de Marília. Então é mentira e eu nem me preocupo em ficar debatendo isso porque a população está vendo isso no dia-a-dia. Nas entrevistas para a TV aberta nós deixamos bem claro as denúncias que temos feito sobre os descasos da atual administração para a cidade, principalmente a periferia, que já faz uma leitura muito clara sobre isso. Se tivesse que ter um candidato de aluguel não era para bater de frente com ele, mas para dar apoio. E quando na verdade as próprias análises deles já perceberam que estamos tirando muitos votos do Vinícius Camarinha principalmente, porque é o candidato que teve mais votos na eleição passada e nós queremos ele fora da Prefeitura.
MN – Como resolver o problema do asfalto? De onde vai vir o dinheiro para isso?
J – Asfalto é um problema sério, tem dinheiro para se fazer um recapeamento, para asfaltar ruas que não estão asfaltadas, tem estrutura para isso, nós temos orçamento para isso, mas o grande problema do asfalto é quando o Daem abre o buraco para fazer conserto da rede e não tapa aquele buraco. Aí ele fica dependendo do trabalho da Codemar. Primeiramente, o Daem tem que ser respeitado e não vendido, administrado de forma correta, uma gestão eficiente com dinheiro em caixa e uma própria equipe tapa buraco. Abriu buraco, fez o reparo na rede, já tapa o buraco. Não fica esperando tempo ou agendamento da Codemar. Abriu já tampa, não deixa ele crescer, não fica esperando abrir novos buracos. A gente sabe que existe toda uma infiltração e isso vai ocasionando todos esses buracos. O orçamento de Marília é muito grande, nós temos muito dinheiro. Ele é apenas mal investido, ele é aplicado de forma errada, então dinheiro para asfaltar ruas que não estão asfaltadas tem, dinheiro para consertar o asfalto tem. O que está faltando é ajuste de administração e gestão.
MN – Sobre o Daem, qual sua opinião sobre a concessão?
J- O Daem é viável, o município tem que criar uma gestão eficiente para o Daem. O Daem passa por dificuldade momentânea, ele é mal administrado. Ele é administrado de forma incompetente onde as pessoas que estão na administração são pessoas que estão ali colocadas pelo prefeito e não tem a menor capacidade administrativa para estar ali. Estão como amiguinhos do rei. O Daem é um patrimônio, sozinho ele tem um orçamento muito grande para sanar as próprias dívidas, uma dívida milionária que o Daem tem, mas ele tem capacidade de se recuperar, gerar emprego e acabar com as terceirizações. Serviços terceirizados não são bons para o município, bom para o município é concurso público, plano de carreira para o servidor, valorização dos trabalhadores que estão ali dentro. Vender, conceder, doar, fazer qualquer desses tipos de coisas com o Daem não pode acontecer. Se eleito prefeito, nós vamos revogar isso. Um dos primeiros atos, assim que iniciar os trabalhos de lei em janeiro é um projeto de lei onde vamos revogar onde está vendendo, concedendo, entregando… A barganha que o prefeito fez aí é inadmissível.
MN – Como resolver o problema da falta de água e esgoto em Marília? Objetivamente, quanto tempo levará isso?
J – Resolver o problema da falta de água em Marília tem que começar lá no princípio. Não é nem prometendo que vai perfurar novos poços. Primeiramente é cuidar da rede que abastece. Nós temos lá do comecinho onde começa a distribuição, um reestruturação da rede. Está tudo sucateado. Falei na TV que se a gente fizesse um raio-x de Marília por baixo, nós íamos ver muitas coisas emendadas, muitas coisas quebradas. Então, para o gestor público não é interessante porque não está visível, né? Na hora de entregar água, não tem. Marília cresceu muito, é fato. Temos muitas dificuldades na hora da entrega dessa água. A água não está chegando ao mariliense porque ela está sendo desperdiçada no meio do caminho. Fui semana passada na Vila Barros e encontrei uma situação onde a mais de um ano a água que estava tratada, água paga, estava jorrando, parecia uma cachoeira. Bastou a gente denunciar que foram lá arrumar o problema. Então nós temos que achar onde estão esses pontos problemáticos que acabam dificultando a entrega da água, muitas vezes, e resolver. E aí sim ampliar. Aí sim vamos pensar em novos poços, em ampliar a rede de abastecimento. É possível, dá para fazer, mas tem que começar lá atrás. Vir resolvendo o problema desde o início e não ficar só remendando. Nós colocamos no plano de governo o plano da caixa d’água. Nem todas as residências de Marília tem caixa d’água, então quando falta água da rede, o mariliense não tem uma caixa em casa e fica sem água mesmo, porque ele não tem um reservatório, seja pequeno, seja grande. É um sonho sim ter todo mariliense com um reservatório de água em casa. Quanto custa uma caixa d’água? Quanto isso vai custar para o município? Não dá para saber ainda, de repente a gente tem uma parceria com uma empresa que vai fornecer a preços muito baixos, mas o importante é saber que vamos oferecer isso para a população e que isso custa muito mais barato do que cargos comissionados em excesso, prédios alugados desnecessariamente, viagens internacionais, então investir o dinheiro da forma correta e diminuir a falta de água em Marília.
MN – Barragem do Ribeirão dos Índios. Qual a posição do senhor? Vai tentar retomar a obra?
J – Tem que retomar. Uma obra importante, favorece muito aquela região da cidade. Temos que retomar sem esquecer todo o dinheiro que já foi empenhado ali. Para onde foi esse dinheiro? Por que até agora aquela obra está parada? Mas não vamos perder tempo só com processos judiciais, perde-se muito tempo com papelada sabendo disso e daquilo. Acho que tem que entregar na mão do Ministério Público, da Justiça e a Justiça resolve. Mas a Prefeitura tem que continuar caminhando. Então perde-se muito tempo com processo e a administração pública tem que caminhar. Tem que fazer funcionar. É viável, já foi provado através de projeto que é uma obra muito importante, só precisa fazer funcionar.
MN – Quais as propostas para os servidores municipais? Por que eles devem votar no senhor?
J – Servidor municipal é o principal parceiro do município. O município não pode de forma alguma tratar o servidor municipal como tem sido tratado nas últimas administrações. Temos uma sequência de administrações em que o servidor não é valorizado. Por que o servidor não é valorizado? Porque o dinheiro que era pra estar sendo repassado, que era para estar reajustado, repondo o salário do servidor, ele está sendo investido de forma errada. Aplica-se muito dinheiro em cargo comissionado, aplica-se muito dinheiro em prédios alugados desnecessariamente e o dinheiro não vai para o servidor. Mas tem aquela velha história que o prefeito gosta de falar: “Mas é a verba que já está destinada”. Prefeito bom é o prefeito que sabe administrar o dinheiro que tem. O servidor público não é só questão do pagamento que ele recebe por mês, mas é a valorização como um todo. Jamais pode se permitir que um servidor faça uma greve de 30 dias e na reta final o prefeito vire as costas. O prefeito tem que fazer capacitações, tem que dar condições, o plano de carreira tem que sair do papel, tem que investir mais, fazer concursos, concursos sérios. Parar de terceirizar. Marília tem terceirizado todos seus atendimentos para a população. Parar de terceirizar e investir no servidor. Recuperação salarial, reposição salarial. Tudo isso tem que ser analisado, levado a sério e conversado com o servidor, lógico que dentro do limite que o município pode fazer. Nós vamos continuar batendo nesta tecla: enquanto estiver tendo desperdício de dinheiro, enquanto o dinheiro for gasto de forma errada, enquanto houver favorecimento de amiguinhos, vai ter problema. Esse é o principal problema de má gestão, onde estão sendo favorecidas poucas pessoas e a grande massa que trabalha por Marília está sendo desfavorecida.
MN – O senhor falou de terceirização. O senhor pretende terceirizar algo? Onde avalia ser adequado fazer isso?
J – Sou contra a terceirização. Não estou sendo contra as empresas que fornecem trabalho para a Prefeitura, até porque muitas delas não estão recebendo. Se não tem condições de pagar o servidor público, por que tem condições de pagar uma empresa terceira? Então eu sou a favor de concurso público onde se valoriza o servidor público. O servidor público tem que ser tratado com dignidade, não pode ser tratado dessa maneira como está hoje não.
MN – E se o senhor assumir a administração pública e ver que não tem dinheiro mesmo cortando gastos? O senhor vai ter a coragem de cortar pessoal?
J – Cortar servidor não. Servidor tem dinheiro para pagar ele, só está sendo mal investido. Servidor seja da Prefeitura, do Daem, da Codemar, da Emdurb, não tem que cortar servidor, tem que valorizar servidor. Tem que ampliar. Está faltando servidores. Se tem dinheiro para terceirizar, se tem dinheiro par contratar empresas terceiras, seja no atendimento de uma escola, para fazer a refeição, seja na segurança, é o mesmo dinheiro, só que eu vou investir ele da forma correta, vou valorizar o servidor.
MN – Qual sua avaliação e as propostas para a saúde?
J – Saúde tem um ponto muito importante que são os PSFs, onde se trabalha com ESF, que é a Estratégia Saúde da Família. Quando o ESF funciona, ele desafoga a saúde. Quando você faz o ESF funcionar tranquilamente, quando a Estratégia Saúde da Família está funcionando de uma forma correta, você está prevenindo a saúde, está prevenindo de doenças graves, prevenindo para não contrair doenças, vocês desafoga todo o restante do problema. As Ames, que são os Ambulatórios Médicos de Especialidades, vão trabalhar com mais tranqüilidade, o PA e os hospitais de grande complexidade, que é o HC, a Santa Casa, Unimar. Então tem que investir mais no bairro, mais no PSF. Uma coisa muito importante, vamos voltar na tecla do funcionalismo: Os trabalhadores da saúde estão a dois anos mensalmente sofrendo atrasos no pagamento. O trabalhador que está lá no PSF trabalhando, ele tem que ficar brigando através do sindicato para receber o salário. Isso não pode acontecer. É a pessoa que acorda cedo, sai de casa vai trabalhar e aí ela chega no PSF para fazer o atendimento, vai atender uma pessoa com sérios problemas ali e você imagina, o trabalhador está coma cabeça lá em casa, que está com a prateleira vazia, que está com dificuldades financeiras. Ele acaba muitas vezes atendendo um pouquinho mal a população. Valorização do PSF, ampliação do PSF. Quanto mais PSF, mais prevenção, mais promoção da Saúde, e mais educação da Saúde. Nos hospitais de grandes complexidades tem que funcionar equipamento de primeira, equipe de primeira, valorização. Isso é possível através de convênios entre governo municipal, estadual e o Governo Federal. É possível, tem que fazer, o Governo do Estado tem que cumprir metas. Marília é uma cidade pólo que atende mais de 60 cidades da região. Tem que estar funcionando todos os equipamentos, equipe médica tem que funcionar corretamente, tem que trabalhar, essa história de médico que só vai lá para fazer horinha, que vai lá duas horinhas e recebe por 8h, por 12 horas, tem que acabar. Tem que ser melhor fiscalizado. O povo tem que ser respeitado porque é dinheiro nosso. Muitas vezes a gente paga para um médico trabalhar, ele trabalha horas a menos e vai atender em seu consultório particular. Tem que acabar com isso em Marília. Voltamos à velha história dos amiguinhos do rei sendo favorecidos.
MN – Como zerar as filas para especialidades em Marília?
J – Os Ambulatórios Médicos de Especialidades trabalham com equipes reduzidas hoje, não estão conseguindo cumprir o papel que elas tem que cumprir porque não tem a equipe. Geralmente é um clínico geral que encaminha os pacientes, lá na AME você tem um especialista. Vamos falar do ortopedista. A pessoa, ela chegou no ortopedista porque ela primeiramente passou no PSF. A Estratégia Saúde da Família funcionou. Então quando ela é encaminhada para a AME, é porque ela já passou pela primeiro estágio. A Saúde hoje tem que trabalhar em quatro estágios. O primário, onde colocamos o PSF que é a Saúde da Família, vai para o secundário que é o caso da AME, que vai atender aquele caso especificamente, passamos para o terciário que é aquele do PA, hoje um parado e outro funcionando de forma precária e depois o quartenário que são os hospitais de alta complexidade. No caso das especialidades tem que contratar mais médicos, mais equipes de enfermagem, tem que fazer funcionar da forma correta, colocar mais equipamentos e cobrar o trabalho dos médicos. Então se eu estou contratando um ortopedista para trabalhar seis horas naquele período, ele vai ter que cumprir as horas lá dentro. Vai ter que justificar isso. Marília falta um pouco de fiscalização. Nós temos muitas reclamações de médicos que chegam atrasados, médicos que vão dormir, médicos que fazem o meio período, são contratados para fazer um período e fazem o meio período. Então acho que o prefeito tem que ser mais parrudo nesse sentido, não favorecer o médico porque é amigo, porque isso, porque aquilo. Se contratou, está pagando aquelas horas, que cumpra. Ele tem que entregar aquelas horas muito bem entregues também.
MN – Geração de empregos, o que o senhor irá fazer nesta área? Como segurar as empresas em Marília? Me dê detalhes sobre isso.
J – Atrair empregos é um negócio complicado. Eu imagino o grande empresário olhando para Marília. O grande empresário está em São Paulo, no Rio de Janeiro e olha para Marília o que ele vê? Ação da Polícia Federal, Operação Miragem. O prefeito em escândalo da Polícia Federal, o pai dele que é deputado investigado pela merenda. Como vou levar minha empresa para lá? O outro candidato com a empresa penhorada, com dívidas altíssimas. Isso afasta os grandes empresários, tira Marília do foco dos grandes empresários, Marília precisa ser bem vista, com o sobrenome limpo. Ela não pode pertencer somente a um grupo de pessoas que tem feito mal à cidade, Marília hoje precisa ser enxergada pelos grandes empresários como uma cidade bonita de um povo trabalhador. Uma cidade que tem logística, tecnologia, infraestrutura e que tem capacidade para atender as grandes empresas. Primeiramente, criar novos distritos industrias para grandes e médias empresas e sair à caça das empresas. Não somente colocar um outdoor na margem das rodovias para os empresários virem investir em Marília, mas provocar esse interesse indo até os grandes empresários, as grandes empresas e favorecendo eles. Por que não favorecer com incetivos fiscais, doação de terrenos, com estrutura, tecnologia logística, tudo o que é necessário para uma grande empresa vir para Marília e gerar emprego? Quando uma grande empresa se instala na cidade ela gera emprego para a população, ela consome a mão-de-obra das microempresas, as empresas familiares, os MEIs, mas primeiramente eu preciso de um cenário que favoreça as empresas. Desde que a cidade tenha um nome bom, um nome atraente que vai agregar à novas empresas, novas marcas, novos produtos, até mesmo essa estrutura para essa empresa se instalar. Fora isso, a cidade é capaz de produzir mão de obra capacitada e qualificada. Nós temos condições de capacitar os jovens que estão entrando no mercado de trabalho, capacitar melhor. Dá para melhorar, dá para ampliar, criar condições onde os jovens serão mais capacitados, as pessoas, os pais de família que estão desempregados hoje, recolocá-los no mercado de trabalho, mas para isso acontecer eu volta aquela tecla, Marília precisa estar com o sobrenome limpo.
MN – O senhor vem dizendo que irá diminuir a máquina pública. O que vai cortar?
J – Máquina pública tem que ser zerada quando o assunto for cargos comissionados, quando for pessoas favorecidas por um motivo ou por outro. Se zerar vai parar a cidade, mas que seja por um segundo, por 10 minutos. Limpar. Tira todo mundo. Zera a máquina e vamos começar a montar. O prefeito não precisa ter todas as informações sobre cultura, saneamento, não, não precisa saber, ele precisa ter noção. O prefeito tem que ter um time na mão. Eu tenho que saber que meu secretário da Saúde é o cara da saúde. Se ele é médico, enfermeiro, administrador, não me interessa. O que me interessa é que ele saiba lidar com a secretaria de Saúde e faça ela funcionar com o orçamento dela. O prefeito tem que ser considerado o melhor técnico de time, saber o time que ele tem na mão, ter as informações básicas de como está sendo gasto o dinheiro, os servidores, a situação de prédios. Primeiramente tem que saber que é a pessoa que está lá, se ela é capacitada ou se ela está lá só cumprindo horário. Vamos parar um pouquinho e vamos recomeçar, montar um time sério, competente, nada de amizade, coleguismo. Estamos fazendo uma campanha tão limpa que não precisamos oferecer nada para ninguém nos apoiar. “Olha, vou te oferecer o cargo de secretário de Educação e então você me apóia”, não teve nada disso. Nós estamos fazendo uma campanha onde primeiramente enxergamos os problemas de Marília e depois vamos juntamente resolver esses problemas. Primeiro passo é refazendo essa equipe de trabalho e reduzindo. Não precisa dessa quantidade de pessoas que estão penduradas na Prefeitura. Não precisa desse monte de gente que só faz o recurso público ir embora.
MN – Outro problema muito grave de Marília é o Ipremm. Uma bomba-relógio.
J – É uma bomba relógio, vai explodir a qualquer momento, mas não pode atrapalhar o bom funcionamento da Prefeitura. Tem que ser analisado, tem que ser avaliado tudo, o que aconteceu? Onde está o grande problema? A Justiça, Ministério Público, resolvem. O prefeito não pode ficar parado nisso, o pessoal que trabalha dentro do Ipremm não pode ficar parado nisso, nós temos que seguir caminhando. É perca de tempo ficar debatendo, aí se joga os problemas do Ipremm no campo político, vira discussão política. O prefeito tal que atrapalhou outro prefeito, que vai atrapalhar outro prefeito. Não resolve o problema. Tem um problema com o Ipremm? Tem que identificar e resolver. O administrador continua tocando no resto do dia-a-dia, continua funcionando. Não pode abandonar o problema, se explodir, tem que resolver. Não pode largar. Não pode deixar em branco, tem que resolver, mas tem que resolver funcionando.
MN – Quais os planos do senhor para os distritos?
J – Nos distritos nós precisamos de uma subprefeitura, um prédio, um local, onde a população dos distritos tenha acesso, possa ter um diálogo, possa fazer reclamações, sugestões, essa parte do dia-a-dia. E não pode ser uma coisa figurativa, tem que ter uma pessoa sentada em uma cadeira em uma mesa, dentro de um prédio que de preferência não seja terceirizado. A Prefeitura tem dinheiro para isso e que os distritos tenham um local, a subprefeitura, que vai atender a população. A partir disso, fica mais fácil identificar todos os problemas. Quando a gente pensa em distrito, a gente pensa em estrada rural. A estrada que liga o distrito tal, tal e tal está com problema, não é só isso. A população lá está carente em todos os sentidos. Saúde, educação saneamento básico, moradia e, por que não, emprego. Chamar a atenção de micro e médias empresas para os distritos. Para atender as populações que vivem nos distritos. Por que não criar pequenas incubadoras dentro dos distritos para favorecer a população que moram lá? Não precisa de tanto dinheiro. Nós estamos falando agora de vontade política e fazer as coisas acontecerem.
MN – Se o senhor for eleito prefeito, muito provavelmente não terá maioria na Câmara. Até por causa das coligações. Não tendo maioria, como irá lidar com a situação?
J – Essa história de ter maioria na Câmara, partido, coligações, elas têm que acabar. Partido político, conchavos, eles acontecem até no período da pré-candidatura. Acabou esse período, as pessoas têm que parar de analisar o candidato pelo partido que está representando, a coligação, tem que analisar a pessoa. Pega o currículo e analisa. Elegeu aquela pessoa, vamos ver as pessoas, não vamos ver o partido, a pessoa que colocou ela lá dentro. A pessoa quando estiver na cadeira dela, que exerça o papel dela como vereador, como prefeito, como vice-prefeito. Que se acabe esses grupos. É difícil, muito difícil, tem que ter situação, oposição, tem maioria, tem minoria, tem que trabalhar.
MN – Um dos maiores apoiadores da sua campanha é o deputado federal Paulinho da Força. Ele foi um dos únicos que votou a favor do Cunha, o símbolo máximo da corrupção e imoralidade política. Ele tem também o nome envolvido em diversas denúncias de corrupção. Como o senhor vê essa situação?
J – Se eu estivesse lá no lugar dele meu voto seria contra o Cunha. Meu voto seria para o Cunha sair dali condenado, preso e que todos os bens dele fossem leiloados e revertidos para a população. Então, a gente costuma falar que o Paulinho da Força é o presidente nacional do partido, nós respeitamos a figura dele como presidente, mas o voto que ele deu a favor do Cunha, ou até mesmo outros votos que ele tem dado em sua carreira política é coisa dele com a assessoria dele lá em cima. Se a gente pudesse opinar, estaria representando o que o povo de Marília pensa. O povo de Marília pensa que o Cunha é um corrupto, não merecia estar sentado lá onde estava, que roubou muito e que deve ser condenado por isso sim. Nós discordamos das ações do Paulinho nesse quesito. Ele deve ter tido os motivos dele, mas não teve nosso apoio para isso. Foi uma decisão que nos decepcionou. Nesse momento em que o partido vira legenda, passa a ser número para que a gente consiga no dia 2 ser votado. Fora isso, existem muitos outros pontos positivos na pessoa do Paulinho como amigo, como deputado enquanto representatividade, nos trabalhos já executados por ele. Nós temos aquela velha mania de potencializar a parte negativa, o que me prende ao Solidariedade, ao próprio Paulinho, à Força Sindical que é ligada a ele, é todos os trabalhos que já deram certo e são diversos. Mas infelizmente tem essas ações isoladas que não são apoiadas nem por mim nem por outros líderes do Solidariedade. Se fosse eu, não teria votado assim.
MN – Se o senhor ganhar, quando assumir vai fazer algum tipo de auditoria nas contas públicas? Como vai ser o primeiro momento?
J – Primeiro momento são problemas emergenciais de Marília. Auditorias, cavucar o terreno para ver se tem ossos enterrados é preciso, Marília precisa passar por isso, precisa passar por uma análise, saber o que aconteceu, onde foi parar tanto dinheiro, mas o grande medo é continuar perdendo tempo. Que se faça isso, mas de forma isolada. Que se tenha uma equipe, mas o prefeito tem que ir para a rua trabalhar. Nada de ficar no gabinete, ficar pesquisando o que o prefeito anterior ou antes fez ou deixou de fazer com o dinheiro público. Tem que achar por onde vazou esse dinheiro, mas que esse não seja o empecilho para se administrar a cidade.
MN – O que o senhor manteria do governo do Vinícius Camarinha?
J – Difícil. A cidade está abandonada como um todo. A população está insatisfeita, quem está satisfeito é porque teve algum privilégio. Mas a população como um todo… Se a gente partir para a área da Educação, não adianta falar que a cidade é amiga da criança porque é um título fantasioso. Uma cidade que fornece uniforme escolar em período político não é amiga da criança. Cidade onde os horários das escolas não são suficientes para os pais terem uma jornada de trabalhão completa, a cidade não está sendo amiga da criança.
MN – Mas o senhor manteria o que?
J – Difícil, tem que reanalisar todos os pontos. Todos os pontos da cidade têm deficiências e tudo precisa ser reanalisado. Governo novo, tudo novo. Tudo repensado, reprojetado. Muitos deles têm que começar do zero.
MN – Marília aparece bem posicionada no ranking da Folha de São Paulo como bem colocada na gestão dos recursos públicos..
J – Não acredito. A pessoa que fez essa pesquisa precisa passar um mês aqui em Marília para ver qual que é a situação da cidade. Notícia produzida, um ranking que não bate com a realidade da população. Pode até ser que, se comparado com outras cidades, Marília tenha uma situação diferente, mas não é por conta da administração não. Marília hoje se posiciona no ranking é porque a população tem garra, tem determinação, mas não é por causa da administração não. Pode ter certeza.
MN – Assistência social, qual avaliação e propostas?
J – É gravíssima a situação da Assistência Social da cidade. Ela funciona hoje de acordo com os interesses de cada ação do que é bom para o prefeito fazer ou não. Acho que ela tem que fazer sua função. Em Marília hoje encontramos diversas dificuldades, inclusive envolvendo escândalos com secretários fazendo atos agressivos, famílias abandonadas, visitamos recentemente uma rua da cidade onde não se entra ambulância, claro que é uma situação de Saúde e estrutura, mas a Assistência Social devia estar trabalhando ali. Encontramos pessoas em situações desumanas. Vivendo em situação pior do que porco em chiqueiro. Então a partir do momento em que a Assistência Social não funciona, nada funciona. Ela dá um norte para que o saneamento básico funcione, vá resolver o problema do esgoto, para que a Saúde funcione e saiba que ali estão precisando de alguma coisa. Se Assistência Social não funciona como não está funcionando, acontece de todos os outros departamentos ficarem cegos. Precisa ampliar a estrutura e da forma como está hoje, não funciona. Não por conta dos servidores, jamais a culpa é do servidor. O servidor é uma pessoa desvalorizada que está ali para servir, mas está sendo liderada.
MN – Lixo. O senhor tem intenção de construir aterro, usina de recicláveis? Como resolver esse problema?
J – Usina de reciclagem é um dos caminhos muito importantes por dois motivos. Um, estamos reciclando e, dois, estamos gerando emprego. Geração de emprego. Buscar caminhos. A situação do lixo em Marília é gravíssima, desde a parte da coleta, que precisa ampliar, melhorar a situação dos trabalhadores. A gente vê hoje trabalhadores pendurados no caminhão da coleta. Não tem a mínima condição de fazer uma boa coleta e fica lixo caindo dos caminhões e isso vai espalhando pela cidade. Por mais que seja um trabalho que rende pouco para as famílias, mas gera. A usina de recicláveis deve ser primordial para essa questão do lixo em Marília.
MN – Mas e o dinheiro para fazer tudo isso?
J – Parcerias. A cidade tem que ter parcerias. Governo estadual, federal, iniciativa privada. Porque não trabalhar com a iniciativa privada nesse sentido? A iniciativa privada quer o lixo reciclado. Então porque a longo prazo funcione, mas que comece desse modo? Depois que passou a reduzir o número de catadores nas ruas, passou a ter mais pessoas no farol pedindo moedas. É meio que um contrabalanço. Essas pessoas estão em algum lugar, não estão trabalhando, não estão ajudando na limpeza das ruas e estão pedindo moeda. E não são andarilhos, bêbados que a gente imagina. Tem pessoas ali, pai de família. Tem um senhor que até coloca a carteira de trabalho.
MN – Educação é a principal propaganda do atual governo. Eles têm títulos e premiações e dizem que a educação melhorou 100%. O que o senhor acha e o que faria?
J – Primeiramente investir mais e ampliar o corpo de professores, com isso a gente aumenta o período das crianças nas creches e nos primeiros anos de escola. A escola, a creche, tem que ter um período maior, onde o pai possa deixar a criança 7h30 da manhã e pegar às 17h. Para isso ampliamos a quantidade de professores. Gasta-se dinheiro com isso, mas nós estamos lá fechando o ladrão por onde sai esse dinheiro. A criança vai ter mais tempo, vai ter material, uniforme, alimentação. Hoje o professor passa muito tempo pulando de sala de aula para sala de aula. O professor chega no terceiro período dele e já está esgotado. Ele tem que ter um período de descanso, tem que passar por uma capacitação também no ensino. E nas questões de infraestrutura não adianta pintar a escola do lado de fora. Tem que ter infraestrutura dentro da sala de aula, em condições perfeitas para o aluno. Não adianta ter uma biblioteca especializada, tem que ter biblioteca em bairros, para sonhar com uma Marília lá no futuro em que as escolas tenham suas próprias bibliotecas. Não podemos pensar apenas em um Projeto Guri que fica na Paes Leme e pronto acabou é ali, com horário reduzido de funcionamento. Antigamente tinha até um lanchinho ali que era para estimular as crianças a participarem do Projeto. Porque não um Projeto Guri em todas as escolas? A princípio rotativo, a cada dia em uma escola. Eu conversava com uma professora outro dia e ela me dizia que precisamos implantar no município a educação financeira. As nossas crianças hoje já crescem com uma ideia errada de como se investir, gastar, aplicar o dinheiro. Nos preocupamos com a educação sexual, religiosa, em todos os sentidos. Vamos colocar uma educação financeira para a criança. Mostrar, esse dinheiro é aplicado aqui, esse dinheiro é aplicado ali, mostrar para todos os lados. A Educação em Marília hoje cumpre meta. E olhe lá em relação a infraestrutura que ela oferece. Mas em questão de formação, ela está passando o mesmo que outras cidades passam da obrigação do gestor público.
MN – Esporte: Qual a avaliação e o que pretende fazer?
J – Ontem eu estive visitando umas meninas que estão jogando futebol feminino de salão em Lácio, por conta própria. Do outro lado tinha uma rede de vôlei e as crianças brincando sem a participação do governo municipal. Estrutura precária, nem água para beber elas tinham, era preciso comprar no bar da esquina. Só tinha a quadra e ruim ainda. Então por que não pegar essas iniciativas e investir mais nelas? Não vai muito dinheiro. Então o esporte tem que ser valorizado desde esse momento até o grande momento, onde temos que ter times que representem a cidade. Por que não investir mais no MAC, no nosso basquete? Naquilo que vai levar nosso nome para fora? É claro, não deve ser prioridade no cenário onde temos o desemprego, problemas de Saúde, mas se tem uma Secretaria de Esporte, se tem recurso, que seja utilizado para isso. Muitas reclamações de escolas, times que precisam sair da cidade para participar de competição e a Prefeitura não tem nem ônibus para ceder. Quando cede algum dinheiro para lanche, não dá para nada.
MN – Cultura? Qual a avaliação e o que pretende fazer?
J – Cultura é importante. Temos verba para fomentar, tem uma secretaria funcionando, tem que fazer funcionar direito. Não adianta em um período eleitoral fazer uma reforma visual, na frente de um teatro e falar que é investimento em Cultura. Não adianta um evento anual, que paga somente aqueles shows que não vão interessar para a maioria da população. Não adianta um Projeto Guri que não funciona. O governo municipal tem que investir mais na cultura e quando a gente fala em investimento não é só dinheiro. Tem que investir incentivando o aluno que depois da aula dele, ele vá fazer uma aula de violão, vá participar de uma dança de capoeira. A Cultura depende muito de incentivo, de querer fazer, de mostrar que é importante na vida e formação da criança e jovens.
MN – Proteção animal. Qual sua avaliação e o que deve ser feito?
J – Castração tem que ser feita nos animais de rua. Controle e castração. O animal fica solto na rua, daqui a pouco está de cria, vai colocar mais animais na rua. Animais mortos nas ruas, tem que acabar com isso. Tem que dar um apoio maior para as ONGs que trabalham corretamente. E para os animais de rua tem que ser castrados de modo correto, sem maltratar.
MN – Tem em mente alguma grande obra? Qual será o maior feito da sua possível administração?
J – Por enquanto é fazer a roda girar. Marília está parada. Grande obra não e sim o projeto como em todo. A geração de emprego, esse vai ser um dos maiores feitos. O maior legado vai ser esse. Seremos lembrados por recuperar a auto-estima deles por meio da renda familiar, através de reposicionar o mariliense no mercado de trabalho. Que os pais de família possam alimentar suas famílias, possam ensinar seus filhos que é por meio do trabalho que conquistamos as coisas maravilhosas da vida. Tem que trabalhar muito. Só que para trabalhar muito é preciso de um emprego. E Marília não está tendo emprego. Sem desvalorizar os outros setores, que a geração de emprego seja nossa obsessão. Nossa busca diária.