Em essência, o jazz é associado à liberdade musical e ao improviso, características que, segundo o saxofonista Charlie “Bird” Parker, permitem que a música “conte histórias”.
Essa visão também inspira artistas como Clint Eastwood, que afirmou que “o jazz é a única forma de arte em que quatro pessoas podem criar algo novo a partir de uma ideia”. Com essa filosofia, o trio Mahatma Groove levou o gênero às ruas de Marília por meio de apresentações abertas ao público.
Formado pelo guitarrista Renato Alves, pelo saxofonista Danilo Agostinho e pelo baixista Gustavo Nunes, o grupo busca mostrar que a complexidade harmônica do jazz pode ser acessível. Em entrevista ao Marília Notícia, os músicos explicaram que não ensaiam antes das apresentações.
A prática, segundo a banda, faz parte da estética do estilo: “o jazz é libertador, e a gente se esforça para que a música saia diferente a cada apresentação, porque ela nunca sai igual”, afirma.
A proposta guiou projetos como o Jazz À La Rua, que ampliou o alcance do gênero e diversificou o público, aproximando famílias, jovens e idosos da linguagem improvisada do jazz.
Marília Notícia — Como nasceu a Mahatma Groove e qual foi a trajetória até a formação atual? O Danilo, inclusive, possui uma ligação momentânea com a orquestração da Marisa Monte.
Mahatma Groove (Gustavo Nunes) — A banda surgiu de um reencontro meu e do Renato em São Paulo, onde eu fazia um curso de música na casa dele, em 2019. Voltamos para Marília no fim de 2020, por causa da pandemia, e continuamos estudando. Começamos a tocar eu, o Renato e outro amigo, e o Danilo chegou por meio de um saxofonista amigo do Renato.
O Danilo está tocando o primeiro clarinete na turnê da Marisa Monte, acompanhando o maestro responsável pelos arranjos orquestrais. Ele foi convidado durante o Festival de Prados, em Minas Gerais.
A banda se reunia semanalmente na casa do Renato para tocar e estudar. O primeiro show foi em setembro de 2021. Depois, como o Renato não é baterista, ele voltou para a guitarra e passamos a revezar a bateria com convidados, mantendo a formação básica. É comum no jazz abrir espaço para amigos músicos tocarem uma ou duas músicas, o que, no Brasil, chamamos de canja e, nos Estados Unidos, de jam session.
Marília Notícia — Como foi escolhido o nome Mahatma Groove?
Mahatma Groove (Renato Alves) — Eu tinha o nome desde a época em que morava em um bar em São Paulo com referências indianas, e precisava de um nome para um dia de groove. A banda chegou a ter o nome “Undergroove”, mas já existia. Então passamos para Mahatma Groove. É um nome legal, uma boa referência, e a gente gosta da paz.
Marília Notícia — Projetos como o Jazz À La Rua foram muito exitosos. Vocês acreditam que conseguiram popularizar e desmistificar o jazz em Marília?
Mahatma Groove (trio completo) — Tivemos essa resposta, sim. No “Jazz Centraliza”, por exemplo, em praças de bairros como Cavallari e Continental, muita gente disse que era a primeira vez que via esse tipo de música ao vivo na cidade.
Tocar na rua é diferente de tocar em bar. Quem está passando para, assiste e a troca é outra. Não é nada distante, é do dia a dia.
A força do Jazz À La Rua era a diversidade do público, das crianças ao pessoal mais velho. Sentimos que ajudamos a trazer o jazz para o cotidiano da cidade. Muitas pessoas nem sabiam que gostavam do estilo. Quando o jazz é bem tocado, mesmo sem conhecimento técnico, o público percebe e se encanta pela alta performance exigida.
Marília Notícia — Os registros apontam média alta de público para um show de jazz na rua. Como era lidar com a surpresa e a generosidade do público?
Mahatma Groove — Desde a primeira edição tivemos bastante gente. Estimamos entre 250 e 300 pessoas por evento, com fluxo rotativo alto. A arrecadação voluntária também surpreendia. O público era generoso.
Marília Notícia — Qual é a programação para 2026? O público pode esperar a volta do projeto itinerante?
Mahatma Groove — Estamos preparando algo para o próximo ano. Pensamos em voltar de forma itinerante, ainda com a proposta do Jazz À La Rua em local aberto. É o maior desafio, porque não queremos retornar sem estrutura adequada, como banheiro e espaço para o público se acomodar. Estamos articulando isso.
Nas próximas semanas, quem curte o Jazz À La Rua terá boas notícias. Temos também agendas para o fim do ano, como um evento no Carmelo 560, em dezembro, e apresentações regulares.
Marília Notícia — Como é o processo de escolha do repertório e o trabalho autoral?
Mahatma Groove — Escolhemos músicas que gostamos. O jazz é libertador. Em lugares fechado ou na rua, não somos reféns de nada e tocamos o que queremos. Em eventos particulares, buscamos algo mais tranquilo, como bossa nova.
Nos esforçamos para que a música saia diferente a cada apresentação. Tocamos a mesma música há dois anos, mas ela nunca sai igual.
No autoral, temos uma composição do Renato que será lançada em breve e a faixa “Sob o sol” no nosso EP Jazz a la Rua
Marília Notícia — Vocês também se apresentam em outras cidades. Como é essa experiência?
Mahatma Groove (Gustavo Nunes) — Já tocamos em Maringá, em uma praça, e em Londrina, normalmente com músicos convidados da cidade ou de Curitiba. Rodamos sempre pela região. O trabalho que fazemos em Marília pode ser levado a outros lugares. Eu e o Renato sempre viajamos para Curitiba; inclusive, estive lá este ano para me apresentar.
Marília Notícia — Onde o público pode acompanhar as novidades e como contratar a banda?
Mahatma Groove (Gustavo Nunes) — O público pode acompanhar pelo Instagram, que é nosso veículo oficial. A galera sempre procura pelas datas, e a rede ajudou muito na popularização do Jazz À La Rua.
Para contratar, basta entrar em contato pelo Instagram (@mahatmagroove) ou pelo meu WhatsApp: (14) 9 9768-5495. Temos repertório exclusivo para eventos, como casamentos e jantares. Gostamos de tocar baixinho também, pois é outra sensação.
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