Brasil e Mundo

Reforma pode barrar quem ainda não é político

As propostas de reforma política em discussão no Congresso incluem um ponto que pode inviabilizar a candidatura, em 2018, de pessoas que ainda não pertencem a um partido. Segundo parlamentares ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, uma dos objetivos é barrar a entrada de “aventureiros”, como procuradores e juízes, às vésperas da eleição.

Se a alteração for aprovada, para ser candidato será necessária estar filiado a um partido um ano antes da eleição. Ou seja, quem quiser concorrer no ano que vem tem menos de duas semanas para entrar em uma sigla. Hoje, a lei exige que um candidato esteja filiado a um partido até seis meses antes do pleito. A data-limite para quem quer concorrer em 2018 é 7 de abril.

A mudança está presente em dois projetos: um tramita na Câmara e outro, no Senado. Ambos prontos para serem votados.

De acordo a deputada Renata Abreu (Podemos-SP), trata-se de uma maneira de impedir a candidatura de juízes e procuradores. “Essa exigência de estar filiado um ano antes da eleição é só para quem não é filiado. Quem pertence a um partido poderia trocar depois”, apontou.

Questionado pela reportagem, Vicente Cândido (PT-SP), relator do projeto na Câmara, confirmou que a medida mira “também” membros do Ministério Público e do Judiciário, mas defendeu a proposta como forma uniformizar o tratamento dado a cada cargo. “Queremos cortar privilégios. Não queremos permitir que o militar se filie no dia da convenção, que o procurador ou o juiz se filie três meses antes. Isonomia”, disse.

Segundo Cândido, a exigência de que candidatos estejam filiados um ano antes da eleição foi demanda do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), responsável por pautar a reforma na Casa. O senador, no entanto, nega ter conversado com Cândido sobre esse tema. “Essa conversa o nunca existiu”, disse.

Nos bastidores, parlamentares falam abertamente em barrar candidaturas de procuradores. Um dos principais articuladores da proposta, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, tem defendido “igualdade” entre todos os concorrentes. A reportagem não conseguiu contato com o senador para saber sobre a intenção de barrar candidaturas de juízes e procuradores.

O prazo para filiação já foi de um ano e passou a seis meses – como é hoje – em 2015, a partir de reforma saída da Câmara. No Senado, esse ponto foi mantido por Jucá, que era o relator.

Efeito colateral

Se aprovada, a regra vai inviabilizar a entrada de novos nomes na política, segundo Marcelo Issa, um dos fundadores do movimento Transparência Partidária. “Alterar para um ano não é problema, desde que a mudança não seja feita faltando um ano para a eleição”, argumentou. Ele defende uma regra de transição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Agência Estado

Recent Posts

Resultados do Enamed e do Revalida serão divulgados na próxima semana

Os resultados do Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed) 2025 e da 1ª…

8 horas ago

Saques na poupança superam depósitos em R$ 2,85 bilhões em novembro

As retiradas em contas de poupança ao longo de novembro de 2025 superaram em R$…

8 horas ago

Quase 20% da população de favelas vivem em vias onde não passam carros

Para 3,1 milhões de moradores de favelas brasileiras, a chegada de uma ambulância na porta…

8 horas ago

Defesa de ex-PM acusado de morte no rodeio de Marília recorre ao STJ

Moroni Siqueira Rosa, ex-PM acusado de homicídio (Reprodução: Redes Sociais) A defesa do ex-soldado da…

10 horas ago

Dupla armada invade casa, rende irmãos e foge com R$ 10 mil e relógio na zona norte

Dois homens armados invadiram uma casa na tarde desta quinta-feira (4), no bairro Maracá III,…

11 horas ago

Homem em situação de rua bate no rosto e rouba pedestre no Centro de Marília

Um homem de 26 anos foi preso em flagrante na tarde desta quinta-feira (4) após…

11 horas ago

This website uses cookies.