Polícia

Vítima era pai de uma menina de dez anos e trabalhador no campo

Hamilton é natural de Itapura e vivia há seis meses em Garça; estava na festa com a namorada (Foto: Redes Sociais)

A perplexidade que tomou conta de Marília se refletiu em Itapura, um pequeno município de 5 mil habitantes próximo a Ilha Solteira, onde nasceu e cresceu Hamilton Olímpio Ribeiro Junior, de 29 anos. Ele foi morto a tiros na madrugada deste sábado (31) durante um show no Marília Rodeo Music.

Hamilton trabalhava na empresa Bracell, que entrega soluções em celulose. Há seis meses morava em Garça e tinha uma namorada da região, com quem estava na festa, acompanhado também de familiares dela.

Torcedor do Corinthians, o jovem nascido na barranca do Rio Paraná já era pai de uma menina de dez anos. Ele gostava de praticar esportes e era amante do futebol. “Não recusava uma partida com os amigos”, conta o primo Wesley Frances, ouvido pelo Marília Notícia.

Nas palavras do primo, o encarregado é descrito como um rapaz trabalhador e tranquilo, muito longe do típico valentão que procura encrenca em eventos. “Mas se alguém procurasse briga com ele, não corria. Ele era sério, exigia respeito”, conta o parente.

Wesley afirma que a família, em Itapura, ainda aguarda o corpo e não têm muitos detalhes dos acontecimentos, mas em conversa com a namorada de Hamilton, foi informada que ele e o policial militar Moroni Siqueira Rosa teriam se esbarrado e começado uma discussão.

“Esse policial, alcoolizado, bateu na cabeça dele. Começaram o desentendimento e o cara sacou a arma e atirou no abdômen do meu primo. Ele tentou correr, mas o sujeito disparou mais tiros”, conta Wesley.

O QUE JÁ SE SABE

Pouco mais de 30 minutos havia se passado que a cantora Lauana Prado estava no palco. Ao som da canção sertaneja “Não Aprendi Dizer Adeus”, tiros são ouvidos na multidão. A cantora abandona o palco. Pessoas tentam se proteger. Na área dos camarotes, bem perto do local onde estava a artista, o espaço que antes estaria supostamente faltando para os envolvidos – que se acotovelaram – agora sobra, com a fuga do público.

Hamilton levou seis tiros, incluindo partes do corpo altamente letais. Seguranças se aproximaram para conter e desarmar o PM à paisana Moroni Siqueira. Ele acabou sendo envolvido por uma multidão, que parte para cima, por vingança pelo ataque ao jovem.

Hamilton tem a morte confirmada. No saldo da noite desastrosa, mais duas pessoas feridas são identificadas: o jovem que teve um ferimento à bala no queixo, a poucos centímetros de uma fatalidade, e uma mulher lesionada na panturrilha, em meio à confusão.

Policiais Militares que estavam do lado de fora da festa são chamados e conduzem o colega de profissão ao Pronto Atendimento (PA) da zona sul, onde a Polícia Civil civil também é acionada para o flagrante.

Imagem mostra o soldado da PM de arma em punho (Imagem: Reprodução)

O delegado Bolivar dos Santos Júnior registrou o caso como homicídio doloso, quando há intenção de matar. Após o flagrante, a Polícia Civil representou pela prisão preventiva do soldado Moroni Siqueira: o juiz da audiência de custódia acolheu.

Quando estiver em condições de receber alta médica, ele deve ser encaminhado para o presídio militar Romão Gomes, em São Paulo.

Ao MN, o delegado responsável pela lavratura do flagrante disse que, ao menos inicialmente, não houve qualificadoras (motivo torpe, emboscada ou meio cruel). A situação porém pode ser revertida ao longo da apuração.

A defesa de Moroni afirmou haver evidências de legítima defesa, o que aparentemente vídeos que circulam nas redes sociais desmentem. Também diz que o jovem teria tentando tirar a arma do policial militar. O advogado antecipou que irá pedir a liberdade provisória do seu cliente.

Policial militar está preso, sob escolta, no Pronto Atendimento da zona sul (Foto: Marília Notícia)

Moroni estava na Polícia Militar desde 2014 e trabalhava em Bauru, mantendo residência em Marília, onde poderá vir a ser submetido a Júri Popular pelo crime.

Em uma nota preliminar à imprensa, o Comando da Polícia Militar limitou-se a narrar algumas informações da ocorrência, porém, por protocolos internos, a instituição deve instaurar um procedimento para acompanhar a apuração.

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Carlos Rodrigues

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