Categories: Brasil e Mundo

Mercado reprova tirar Auxílio Brasil do teto de gastos

Investidores do mercado financeiro reagiram mal à proposta em avaliação pela equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de retirar, de forma permanente, os desembolsos com transferência de renda do teto de gastos – a regra que limita o crescimento das despesas públicas à inflação. A medida é uma das opções na mesa para viabilizar um Auxílio Brasil (que deve voltar a se chamar Bolsa Família) de R$ 600 no ano que vem.

A preocupação se dá porque a alternativa vem ganhando força na equipe de transição – que antes priorizava apenas uma “licença” temporária para gastar além do teto, por meio da chamada PEC da Transição.

Para o mercado, essa saída pode deteriorar a trajetória da dívida pública. “Tirar os programas sociais do teto é a pior das possibilidades. Não que os programas sociais não sejam importantes. Mas, à medida que você tira uma classe de gastos de dentro do teto, ele passa a não ter referência para frente”, afirma Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos. “É uma alternativa que fragiliza muito a previsibilidade da política fiscal.”

A medida sempre foi um desejo do mundo político, sobretudo depois da pandemia de covid-19, quando a elevação das despesas do Auxílio Brasil comprimiu ainda mais o espaço orçamentário para outras políticas, pelas amarras do teto de gastos.

Excluir do teto os gastos de R$ 175 bilhões do programa abriria um espaço no Orçamento de 2023 para outras despesas, como o aumento do salário mínimo, em R$ 105 bilhões. A diferença se deve ao incremento do Bolsa Família com as promessas feitas por Lula na campanha, como a manutenção dos R$ 600 (R$ 52 bilhões) e R$ 150 para famílias com crianças de até seis anos (R$ 18 bilhões).

“Precisamos em algum momento ter um superávit primário de 2% a 2,5% do PIB.. Sem isso, não teremos uma dívida/PIB estável com uma pequena tendência de redução, que é o que o Brasil precisa. Pode-se, temporariamente, fugir desse número, mas não permanentemente”, diz o ex-diretor do Banco Central e sócio-fundador da Mauá Capital, Luiz Fernando Figueiredo, que defende uma “licença” na casa dos R$ 100 bilhões.

Integrantes da equipe de Lula avaliam, segundo apurou o Estadão, que a medida é a mais viável pois tem a vantagem da previsibilidade, embora vá mexer com o mercado de juros e de câmbio num primeiro momento. Segundo fontes, as despesas públicas aumentariam de 19% para 19,3% do PIB e deveriam ser acompanhadas por propostas de aumento de receitas – o que é difícil no início de governo, admitem.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Agência Estado

Recent Posts

Denunciados por atentado à bomba em Brasília podem se tornar réus

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta sexta-feira (12) para…

3 horas ago

Tempestades severas ameaçam MS, PR e SC com granizo e rajadas de vento

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) publicou, nesta sexta-feira (12), um alerta vermelho de tempestade…

3 horas ago

Buscas da Polícia Federal na Câmara têm como alvo ex-assessora de Lira

A ex-assessora do deputado Arthur Lira (PP-AL) Mariângela Fialek foi o alvo do cumprimento de mandados de busca e…

3 horas ago

Marília entra em alerta com previsão de chuva intensa no fim de semana

Marília deve voltar a registrar chuva intensa neste fim de semana, com possibilidade de novos…

3 horas ago

Muro de condomínio desaba e síndica denuncia obra em terreno vizinho

O desabamento parcial do muro de um condomínio na rua das Roseiras, no bairro Fragata,…

4 horas ago

Vinicius sanciona reparcelamento de R$ 168 milhões com Ipremm

Ipremm tem pendência milionária para receber da Prefeitura de Marília (Foto: Arquivo/Marília Notícia) O prefeito…

5 horas ago

This website uses cookies.