Marília

Inflação bate mais um recorde e castiga marilienses

Dona Erenice é exemplo em Marília de que a inflação vem castigando os brasileiros (Foto: Carlos Rodrigues/Marília Notícia)

Após dedicar grande parte da vida ao trabalho como cuidadora de idosos, a mariliense Erenice Batista dos Santos, de 65 anos, adoeceu e não consegue mais trabalhar. Ela tem aposentadoria por invalidez, que mal dá para pagar os medicamentos que necessita e não recebe no Sistema Único de Saúde (SUS).

A alta de 1,01% registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em fevereiro foi a variação mais acentuada para o mês desde 2015. Somente em Marília, dezenas de milhares de pessoas como dona Erenice vivem a angústia da inflação.

O dado oficial foi divulgado na última sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O percentual de aumentos para um único mês de fevereiro só perdeu para a véspera dos grandes protestos de 2015 – que culminaram com a queda do governo de Dilma Roussef (PT).

A alimentação no domicílio aumentou 1,65% em fevereiro. As famílias pagaram mais pela batata-inglesa (23,49%) e cenoura (55,41%), que contribuíram conjuntamente com cerca de 0,08 ponto porcentual para a inflação de fevereiro.

Na direção oposta, houve recuos nos preços do frango inteiro (-2,29%) e do frango em pedaços (-1,35%).

O próximo reajuste médio dos medicamentos começa a valer no início de abril – no próximo pagamento da dona Erenice. A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) deve aplicar entre 10% e 12%, considerando a inflação dos últimos 12 meses.

“Um dos remédios que eu uso custa R$ 700. Graças a Deus e a minha ex-patroa, não está faltando. Mas tem outros que tenho que comprar e vai juntando fica um absurdo de caro. Estou sem a  Nortriptilina. A alimentação está complicada. Tenho uma sobrinha que me ajuda, mas estou vivendo com o básico do básico”, relata a idosa, preocupada, mas grata pelo apoio que recebe.

O radialista e representante comercial na área de publicidade, José Pereira Pardim, de 53 anos, também teve que mudar vários hábitos. “Uma coisa que a gente teve que abrir mão foi do churrasquinho semanal. Agora é uma vez a cada dois meses. Também deixei de viajar com frequência para visitar parentes”, relata.

Pardim depende do carro para visitar clientes. Para economizar combustível ele cria rotas e agenda de horários que reduzam deslocamentos. “O preço do combustível está um absurdo. O pior é que não sabemos onde isso vai parar”, afirma.

Com menor renda, o trabalhador se desdobra em mais horas de labuta. Mas é preciso tomar cuidado para que os adicionais também não sejam devorados pela inflação.

Somente no mês de fevereiro, a alimentação fora do domicílio subiu 0,30%. O lanche – salgado com uma bebida – teve alta média de 0,85%, enquanto a refeição subiu 0,02%.

O gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE, Pedro Kislanov, explica que a alta nos alimentos teve influência de problemas climáticos que impactaram algumas lavouras.

“O excesso de chuva no Sudeste e a estiagem no Sul do País prejudicaram a colheita e a oferta nos mercados, afetando preços”, disse Kislanov.

Para o mês de março, outros fatores tendem a pesar, como o aumento no preço dos combustíveis e desarranjos em cadeias globais de suprimentos, como no caso do trigo (matéria-prima do pão francês), commoditie cuja Rússia e Ucrânia respondem por 30% da oferta global.

Carlos Rodrigues

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