A advogada Alessandra Guedes, atuante na área do Direito Previdenciário, assume a presidência da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) subseção Marília, e marca um momento histórico para a instituição. Após 64 anos desde a última mulher no cargo, Alessandra lidera uma classe de cerca de 2.700 advogados na cidade, sucedendo Pedro Paulo Arantes Gonçalves Galhardo, que deixou a função para assumir a Procuradoria-Geral do Município.
A trajetória de Alessandra na OAB começou em 2018, de forma voluntária, quando integrou a Comissão da Mulher Advogada. Em 2021, passou a compor a diretoria como secretária adjunta e, posteriormente, como vice-presidente — caminho que a levou naturalmente à presidência.
Ela destaca a responsabilidade de representar a advocacia local, especialmente por ser apenas a segunda mulher a presidir a OAB Marília, algo que, em sua visão, reflete o fortalecimento da presença feminina em espaços de poder e decisão.
Para a nova gestão, Alessandra reafirma o compromisso com a defesa das prerrogativas dos advogados e advogadas, além da missão institucional da OAB de proteger a Constituição, o Estado democrático e a justiça social.
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MN – Como surgiu seu interesse pelo Direito e quando decidiu se tornar advogada?
Alessandra Guedes – Desde criança tenho um senso de justiça muito forte. Quando terminei o ensino médio, não entrei logo na faculdade, mas no ano seguinte decidi cursar Direito. Fui a primeira da família a ingressar no ensino superior. Não tive inspiração externa, foi algo muito pessoal, uma escolha que percebi que se encaixava comigo.
MN – Você fez a faculdade em Marília?
Alessandra Guedes – Sim, sou de Marília e estudei na Univem.
MN – Como foi o início da carreira?
Alessandra Guedes – Foi um desafio, como acredito que seja para todos. Não tinha escritório próprio, comecei trabalhando em um escritório de advocacia e fui me desenvolvendo na profissão.
MN – Quais foram os passos até pensar em compor uma chapa na OAB?
Alessandra Guedes – Entrei na instituição em 2018, após uma chamada no jornal para integrar comissões. Escolhi a Comissão da Mulher Advogada. Depois, recebi o convite para integrar a chapa como secretária adjunta, sob a presidência do doutor Tércio Spigolon. A partir dali, segui na diretoria.
MN – Qual a responsabilidade de atuar em uma comissão e depois na diretoria?
Alessandra Guedes – Todo trabalho na OAB é voluntário, sem remuneração. Existe grande responsabilidade, pois representamos a maior instituição de classe do país. Em uma comissão, já carregamos o peso do nome da OAB; na diretoria, a responsabilidade é ainda maior, porque representamos toda a advocacia local.
MN – Como se sente ao assumir a presidência após 64 anos sem uma mulher no cargo?
Alessandra Guedes – Se eu já tinha um senso de responsabilidade, agora é ainda maior. É difícil dimensionar. Estar à frente da advocacia, ao lado da diretoria, é um desafio enorme, mas estamos confiantes em fazer o melhor.
MN – E por ser a segunda mulher a presidir a subseção?
Alessandra Guedes – É um impacto muito grande. Tivemos uma presidente na década de 1960, a doutora Lucy Carvalho, que foi pioneira e um marco histórico. Agora, seis décadas depois, esse retorno tem um aspecto muito positivo.
MN – Isso reflete o empoderamento das mulheres na sociedade?
Alessandra Guedes – Sim. Hoje as mulheres deixam de ser exceção nos espaços de poder. Elas estão construindo a história junto. Ainda somos minoria em cargos de presidência — atualmente seis mulheres comandam seccionais, 22% do total. Mas já representamos 82% nas vice-presidências. As mulheres estão ascendendo e liderando sob um olhar feminino.
MN – Quantos advogados atuam hoje em Marília?
Alessandra Guedes – Cerca de 2.700, entre inscrições efetivas e suplementares. É um número expressivo, que cresce a cada ano. Temos três faculdades de Direito na cidade, o que amplia ainda mais esse contingente.
MN – Foi surpreendida com a possibilidade de assumir a presidência?
Alessandra Guedes – Não. Já estava na diretoria e era natural que, em algum momento, viesse a assumir, claro, mediante eleições. Sempre trabalhamos de forma conjunta, então não foi uma surpresa.
MN – Algum caso na área previdenciária marcou sua trajetória?
Alessandra Guedes – Sim, principalmente os relacionados às mulheres. Conceder aposentadorias para trabalhadoras é muito gratificante. Cada benefício obtido e cada direito garantido é um marco para mim.
MN – Como a tecnologia pode contribuir para a advocacia e para a OAB?
Alessandra Guedes – Hoje não se trabalha sem tecnologia. A inteligência artificial, por exemplo, quando usada com moderação e responsabilidade, pode trazer muitos benefícios, inclusive otimizando o tempo dos advogados.
MN – A OAB participou da criação de obras coletivas. Quais foram?
Alessandra Guedes – Em 2019, lançamos O Poder da Mulher frente aos Desafios da Sociedade, voltado para questões femininas. Depois veio A Visão do Direito por Elas, escrito pelas integrantes da Comissão da Mulher Advogada, trazendo um olhar feminino sobre o Direito. Também participamos de Integrando Direito e Gestão, produzido pela Comissão de Integração Profissional, com advogados e advogadas.
MN – E como foi participar desses projetos?
Alessandra Guedes – Uma experiência única. Esses trabalhos proporcionam grande crescimento profissional, além de interação, debates e aprendizado com outros colegas.
MN – A advocacia em Marília ainda precisa de melhorias? O que pretende fazer?
Alessandra Guedes – Sempre há o que melhorar. A tecnologia exige adaptação, e precisamos oferecer suporte aos advogados, desde a jovem advocacia até a de vanguarda, passando pela mulher advogada. Queremos agregar, apoiar e fortalecer toda a classe.
MN – Qual recado deixa para os jovens que ingressam na faculdade de Direito?
Alessandra Guedes – Que tenham certeza da escolha de uma profissão vocacionada para a justiça. A OAB será sempre um alicerce para o início e a continuidade da carreira, garantindo apoio na defesa dos cidadãos.
MN – Gostaria de deixar alguma mensagem final?
Alessandra Guedes – Reforço meu compromisso com a advocacia: fortalecer a classe, defender as prerrogativas e cumprir nossa missão institucional de proteger a Constituição, o Estado democrático, os direitos humanos e a justiça social.
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