Hygor Haritov com a avó Cecília Hagiu Freitas (Foto: Arquivo Pessoal)
Crescer ouvindo histórias sobre quem viveu de perto uma guerra é impactante. Principalmente, se anos depois novo conflito bélico se torna realidade.
Em Marília, o fotógrafo Hygor Haritov – descendente de russos – contou ao Marília Notícia que nesta quinta-feira (24) tem relembrado as histórias que eram contadas pela avó, que fugiu para o Brasil durante a 2ª Guerra Mundial.
A Rússia atacou a Ucrânia na noite desta quarta-feira (23) com bombardeios depois do presidente Vladimir Putin ter autorizado uma operação militar nos enclaves separatistas do Leste do país. Já se fala em muitas mortes pelos ataques.
“Estou a manhã toda trabalhando e lembrando das histórias que ouvi dela [a avó] e das minhas tias, porque é só o começo. Coisa boa não vai dar”, diz Haritov ao MN.
O fotógrafo, que mora em Marília há 16 anos, lembra que a avó veio para o Brasil com apenas cinco anos de idade.
“Minha avó nasceu durante a 2ª Guerra Mundial, em Rostov, uma região bem próxima onde hoje é a Ucrânia. Na verdade, onde era a União Soviética, perto do Mar Negro. Antes de fugir, a família dela estava em Moscou. Fugiram pela Romênia, Europa, pegaram navio e vieram para o Brasil. Chegaram no porto de Santos. A minha avó chegou no Brasil com cinco anos, as irmãs dela vieram um pouco maiores, com 12, 15 anos”, conta Haritov.
Haritov Dimitrie e Anisia Hagiu, bisavós de Hygor, em Moscou em 1935 (Foto: Arquivo Pessoal)
Hygor explica que a geração dele já é a terceira – bisavós e avó russos -, mas que sabe que muitos familiares ficaram na Rússia, com quem não tem contato.
“[Outra] parte dos descendentes estão pela região da Ucrânia, Romênia e também Bulgária”, afirma. Os familiares do fotógrafo que vieram para o Brasil fizeram moradia em São Paulo.
Depois que a avó dele se casou – com um brasileiro, descendente de português -, a família se mudou para Itanhaém, no litoral.
Hoje a avó Cecília Hagiu Freitas está com 92 anos. O fotógrafo conta que nesta manhã recebeu uma ligação dela para falar sobre a guerra.
“Ela está acordada a madrugada toda vendo as notícias. Perguntou se eu estava acompanhando. Falou que vai começar tudo de novo, que é sempre assim, a intransigência do governo, que um país começa a comprar a briga do outro, que é exatamente o que aconteceu na época”, afirma.
Haritov Dimitrie e Anisia Hagiu, bisavós de Hygor, no Brasil em 1950 (Foto: Arquivo Pessoal)
“Ela fica pensando nos parentes que ficaram lá… No que estão vivendo… Que o mundo vai passar por tudo aquilo de novo. Até falou que não pensou que fosse viver para ver outra guerra naquela região. Ela relembra o sentimento”, completa.
Haritov diz que para ele ver acontecer uma guerra – nos moldes das histórias que cresceu ouvindo – é impactante.
“Ninguém aqui no Brasil faz ideia do que é uma guerra, só ouve falar, parece até lúdico para nós. Para mim, que na família tenho a avó fugida de uma guerra, é impactante, gera interesse”, finaliza o fotógrafo.
Cecília e os bisnetos Caueh Haritov e Larah Haritov, que também já ouviram as histórias sobre a guerra (Foto: Arquivo Pessoal)
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