Encerrar um ciclo raramente acontece sem conflito interno.
Não por falta de coragem, mas pelo receio silencioso de que, ao seguir adiante, algo fundamental se perca no caminho.
Como se concluir uma etapa implicasse renunciar à própria identidade.
Maturidade emocional, contudo, não exige apagamento da história.
Exige discernimento.
Existem vínculos, projetos e papéis que cumprem uma função específica — e apenas essa função.
A permanência além do necessário costuma nascer da confusão entre fidelidade e estagnação.
Muitas pessoas permanecem onde já não cabem para evitar julgamentos, preservar coerência externa ou sustentar uma imagem construída ao longo do tempo.
Na prática clínica, esse impasse aparece com frequência:
o apego não reside no laço, mas na narrativa que o envolve.
Aquilo que foi vivido passa a representar quem se é.
Qualquer encerramento, então, deixa de ser decisão e passa a parecer ameaça.
A Terapia Cognitivo-Comportamental oferece clareza sobre esse processo.
Pensamentos automáticos como “perderei quem sou”, “desperdiçarei tudo” ou “serei incoerente” mantêm ciclos exauridos por medo, não por sentido.
Não se trata de amor ou compromisso, mas de insegurança diante do desconhecido.
Concluir, nesse contexto, não equivale a desistir.
Equivale a reconhecer limites.
Coerência não está em repetir escolhas antigas, e sim em ajustá-las à realidade atual.
Existe uma distinção essencial entre essência e apego.
Essência envolve valores, princípios, caráter e integridade.
Apego se manifesta como receio de mudança, busca por validação e dificuldade em tolerar transições.
Quando um ciclo se encerra, a essência permanece intacta.
O que se dissolve são apenas as formas que deixaram de sustentar quem se tornou ao longo do caminho.
Encerramentos saudáveis não acontecem com pressa nem com espetáculo.
Acontecem com elaboração.
Incluem luto pelo que foi significativo, reconhecimento do que falhou e responsabilidade pelas escolhas futuras.
Frustração faz parte do amadurecimento — e não diminui ninguém.
Aprender a sair sem anulação é um dos sinais mais consistentes de saúde emocional.
Encerrar ciclos com consciência é um gesto de respeito próprio.
Identidade não depende de permanência.
História não se apaga quando uma fase termina.
Crescimento implica deixar versões antigas onde pertencem: no passado, com dignidade.
A essência não se perde quando um ciclo se fecha.
Ela se preserva justamente quando existe coragem suficiente para seguir adiante sem traição interna.
***
Vanessa Lheti é psicóloga clínica (CRP 06/160363) e especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental e Prática Baseada em Evidências.
Os atendimentos psicológicos online podem ser agendados pelo WhatsApp (18) 99717-7571.
Mais informações podem ser obtidas no Instagram @psicovanessalheti ou pelo site.
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